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Plano em Movimento -

Vanessa olhou para o relógio com impaciência. Passava das nove da noite, e sua amiga, Gabriela, finalmente havia chegado. Assim que a porta se fechou, Vanessa a conduziu para o escritório, certificando-se de que ninguém mais estava por perto.

— E então, você pensou em algo? — Vanessa perguntou, cruzando os braços.

Gabriela ajeitou a bolsa no ombro, sentando-se na poltrona como se estivesse completamente à vontade.

— Pensei, sim. Lucas é um pai preocupado, certo? Se algo acontecesse com uma das crianças, algo que parecesse grave, ele seria obrigado a aceitar que elas precisam de mais segurança.

— Continue... — Vanessa disse, inclinando-se para frente, os olhos brilhando com expectativa.

— Você precisa criar uma situação onde pareça que a Laura foi irresponsável. Alguma coisa que coloque as crianças em risco, mas que não cause danos reais. Algo que faça Lucas perceber que ele não pode confiar totalmente nela.

Vanessa franziu a testa, refletindo sobre as palavras da amiga.

— Um acidente, então. Mas algo sutil, que pareça natural.

— Exatamente. E você precisa se certificar de que Laura esteja por perto, mas distraída.

— Isso é perfeito. — Vanessa sorriu de maneira diabólica, já arquitetando os próximos passos.

O que Vanessa não sabia era que Laura havia tirado o dia de folga. Naquela manhã, Lucas insistiu que ela descansasse e passasse um tempo com sua mãe.

— Você faz muito por nós. Tire um dia para você, Laura. — Lucas disse, com um sorriso caloroso.

Laura relutou por um momento, mas concordou, grata pela gentileza.

Quando Vanessa desceu para o café, pronta para colocar seu plano em prática, ficou furiosa ao descobrir que Laura não estava.

— Ela tirou o dia de folga? — Vanessa perguntou a uma das empregadas, disfarçando sua irritação.

— Sim, o senhor Lucas insistiu.

Vanessa teve que conter a vontade de gritar. O plano seria inútil sem Laura para culpar.

Determinada a não desistir, Vanessa decidiu seguir adiante mesmo sem a presença de Laura. Durante a manhã, ela convenceu Theo e Shophia a brincar no jardim próximo à piscina, onde o chão estava molhado e escorregadio devido à manutenção do jardineiro.

— Vocês querem brincar com os barquinhos de papel? — Vanessa perguntou, sua voz doce como mel.

— Sim! — os dois gritaram em uníssono, correndo até o local.

Vanessa ficou observando de longe, esperando o momento certo.

Mas, para seu azar, Lucas apareceu no jardim antes que algo pudesse acontecer. Ele estava com um telefone na mão, mas parou assim que viu as crianças perto da piscina.

— O que vocês estão fazendo aí? — Lucas perguntou, franzindo o cenho.

— Vanessa nos deu barquinhos para brincar! — Theo respondeu inocentemente.

Lucas olhou para Vanessa, que estava parada, tentando esconder o desconforto.

— Vocês sabem que não podem brincar perto da piscina sem supervisão. — Ele caminhou até os filhos, pegando Shophia pela mão. — Vamos para o parquinho.

Vanessa mordeu o lábio, frustrada, mas manteve a compostura.

Mais tarde, naquela noite, Vanessa chamou Gabriela novamente, reclamando que o plano havia falhado.

— Lucas apareceu do nada! E Laura nem estava lá para ser culpada.

Gabriela suspirou, balançando a cabeça.

— Você precisa pensar em algo mais elaborado. Algo que não dependa tanto de timing.

Vanessa concordou, mas sua paciência estava se esgotando.

— Não importa o que aconteça, eu vou mandar aquelas crianças para o internato. E vou acabar com Laura de uma vez por todas.

Enquanto Vanessa tramava, Lucas estava no quarto das crianças, conversando com Shophia e Theo

— Papai, a Vanessa disse que era seguro brincar perto da piscina. Por que não era? — Shophia perguntou, curiosa.

Lucas ficou em silêncio por um momento, processando o que acabara de ouvir.

— Ela disse isso?

— Disse, sim! Ela nos deu os barquinhos.

Algo no tom de Lucas mudou. Ele beijou a testa das crianças, mas ao sair do quarto, seu olhar estava sombrio.

Vanessa, do outro lado da mansão, nem desconfiava que Lucas começava a perceber as sombras por trás de suas ações.

Enquanto isso Laura entrou pela porta da casa com o coração leve. Não importava o quanto sua vida tivesse mudado desde que começara a trabalhar na mansão de Lucas, estar de volta ao lar era como um bálsamo. Ela colocou a bolsa sobre o sofá e imediatamente avistou seu irmão, Davi, com as mãos sujas de sabão, lavando louças na cozinha.

— Davi, o que você está fazendo? — ela perguntou, já rindo.

Ele olhou por cima do ombro, mostrando um sorriso cansado.

— O de sempre. Mamãe dormiu um pouco depois do café, e eu achei que seria bom adiantar algumas coisas antes de ir pra escola.

Laura largou tudo e foi até ele, tirando o pano de prato de suas mãos.

— Vá descansar. Hoje é minha vez.

— Laura, eu dou conta! — Davi protestou, mas ela já o empurrava em direção ao sofá.

— Você dá conta, sim, mas precisa de uma pausa. Sente-se, leia algo, ou durma. Eu cuido de tudo.

Ele levantou as mãos em rendição e riu.

— Tudo bem, você venceu.

Laura começou pelo básico: lavou as louças, varreu o chão e organizou as roupas que estavam acumuladas no canto da sala. Cada detalhe da casa trazia lembranças de sua infância. O sofá gasto, a cortina um pouco desbotada... Tudo tinha uma história.

Enquanto dobrava as roupas limpas, escutou um som suave vindo do quarto de sua mãe. Ela foi até lá e encontrou Dona Lídia sentada na cama, parecendo mais frágil do que nunca.

— Você está acordada, mamãe? — Laura perguntou, suavizando o tom de voz.

Lídia sorriu, mas era um sorriso cansado.

— Estou, filha. Eu ouvi sua voz. Sempre fico mais tranquila quando você está aqui.

Laura sentou-se ao lado dela, segurando suas mãos finas e frias.

— Como você está se sentindo hoje?

— Um pouco melhor. Davi tem cuidado bem de mim, mas ele trabalha tanto... Não quero ser um peso para vocês.

— Não diga isso, mamãe. Nós estamos aqui porque queremos, porque amamos você.

Lídia suspirou, olhando para o teto.

— Às vezes, fico preocupada com o futuro. Com você e o Davi.

Laura apertou suas mãos com firmeza.

— Nós estamos bem, mamãe. Vamos superar qualquer dificuldade juntos.

Depois de ajudar a mãe a se acomodar na poltrona da sala, Laura continuou com as tarefas da casa. Ela limpou o banheiro, reorganizou os armários e ainda preparou uma sopa nutritiva para o jantar.

Enquanto cortava legumes na cozinha, Davi apareceu novamente.

— Laura, sério, você não precisava fazer tudo isso.

— E deixar você com todo o trabalho? De jeito nenhum. — Ela olhou para ele, sorrindo. — Hoje é meu dia de folga. Quero aproveitar para cuidar da nossa mãe e te dar um pouco de descanso.

Davi cruzou os braços, encostando-se na porta.

— Sabe, às vezes fico preocupado com você. Lá na mansão, com o Lucas, as crianças...

Laura parou por um instante, o sorriso desaparecendo lentamente.

— Por que diz isso?

— Não sei. Você sempre fala com carinho das crianças, mas nunca parece confortável quando menciona o Lucas ou a Vanessa.

Ela hesitou, escolhendo bem as palavras.

— É complicado, Davi. Eles são uma família cheia de questões, mas as crianças são adoráveis. E eu estou lá porque precisamos e eu tenho uma dívida com seu Lucas, graças a ele mamãe está tendo todo tratamento que precisa. É isso que importa.

Ele não parecia convencido, mas não insistiu.

Quando o dia já estava quase acabando, Laura finalmente se permitiu sentar ao lado da mãe e do irmão. A sopa estava quente e deliciosa, e o pequeno jantar em família aqueceu seu coração.

— Estava uma delícia, Laura. — Lídia disse, segurando a mão da filha.

— Eu concordo. Faz tempo que não comemos algo tão bom. — Davi acrescentou, piscando para a irmã.

Eles riram juntos, como nos velhos tempos, e por um momento, Laura se sentiu completa.

Enquanto recolhia os pratos e se preparava para lavar a louça do jantar, o telefone de Laura tocou. Ela franziu a testa ao ver o número. Era da mansão.

— Alô?

— Laura, sou eu, Lucas. — A voz dele soava tensa. — Você está bem?

— Estou, sim. O que aconteceu?

— Não sei ao certo, mas Vanessa está... diferente. Disse algo sobre precisar resolver um problema urgente, e eu não gostei do tom dela.

Laura sentiu um calafrio na espinha.

— Lucas, o que você acha que ela está planejando?

— Não sei, mas queria que você soubesse. Fique alerta, Laura.

O coração dela acelerou. Algo estava prestes a acontecer, e pela primeira vez, Laura sentiu que sua presença naquela casa não era apenas um emprego. Era um campo de batalha.

 

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