Capítulo 95 — De mãos vazias
Narrador:
Aylin não conseguia ficar no quarto. O ar estava pesado, irrespirável. Cada canto daquele quarto cheirava a ele, tinha o gosto dele, e cada coisa ao seu redor a lembrava de que, por mais que Roman tivesse lhe prometido algo, no fundo ele continuava sendo o mesmo diabo de sempre.
Saiu em silêncio, com os pés descalços e o coração partido. Atravessou o corredor sem rumo, até que seus passos a levaram ao jardim. E lá estava. O banco. Aquele maldito banco onde tudo havia começado.
Onde, na noite do seu aniversário, ele a beijou pela primeira vez.
Onde, pela primeira vez, ele não tinha sido o mafioso temido, mas um homem destroçado, com um copo de vinho na mão e uma dor que ela não sabia nomear.
Sentou-se lentamente, como se a lembrança ainda estivesse no ar, como se aquela Aylin ingênua de outrora ainda estivesse ali, acreditando que poderia mudá-lo.
O mesmo banco que havia testemunhado o início de algo que, naquela época, ela nem se atrevia a nomear.