A tensão na mansão parecia crescer a cada dia. Marcelo, agora oficialmente contratado por Cecília como seu motorista e assistente particular, circulava com liberdade por todos os cantos da casa. A nova função lhe dava proximidade não apenas com a rotina da família, mas principalmente com Laura — algo que ele claramente usava a seu favor.
Marcelo se aproximava de Laura de forma sutil, quase imperceptível, mas cheia de intenções. Ele percebia sua fragilidade, via nos olhos dela a exaustão, o desejo de ir embora, de fugir daquela realidade opressora. E era ali que ele encontrava sua brecha.
— Você está perdendo tempo aqui, Laura — comentou ele um dia, enquanto dirigia o carro com ela e as crianças voltando da escola. — Esse lugar... não é mais pra você. Eu vejo como você se sente sufocada.
Laura olhava pela janela, em silêncio, tentando ignorar o desconforto que as palavras dele causavam. Por mais que soubesse que Marcelo não era confiável, havia algo em sua fala que tocava num ponto sen