POV: HENRY
— Tio Henry... aquele bebê... — Theo se virou para mim, franzindo a testa, apertando os dedinhos uns contra os outros, os olhos grandes e marejados fixos nos meus — ele... ele não é a minha irmã... é? — Sua voz saiu baixa, embargada, carregada de confusão e um medo tão puro que, por um segundo, senti um incômodo estranho no peito.
Inspirei fundo, deslizei a mão pelos cabelos, apertando a nuca, tentando manter o mínimo de racionalidade. Droga. Como, exatamente, se explica para uma criança que sua irmã recém-nascida foi sequestrada? Que foi arrancada dos braços da própria mãe, e que, em um teatro cruel, forçaram o nascimento prematuro e, como se não bastasse, largaram outro bebê no hospital... como se fosse algo descartável?
Olhei para Theo. A respiração