POV Heitor Montenegro

Três dias.

Era esse o tempo que me separava de ver meu nome estampado nas manchetes ao lado do de Elena. “Herdeiro Montenegro oficializa união em cerimônia reservada”. As palavras já dançavam na minha mente como uma sentença.

Eu não queria.

Mas não havia escolha.

Célia tinha sido clara: a imagem da família não podia sangrar mais. O acidente, o boato sobre a gravidez, a exposição repentina de Elena… tudo ameaçava arrastar o nome Montenegro para a lama. E, se eu não agisse rápido, não seria só meu nome, seria o império do meu pai.

A casa estava em silêncio quando desci para o escritório. Era madrugada, mas o sono tinha se tornado um luxo. Peguei o copo de uísque que ainda descansava na mesa desde a noite anterior. O líquido queimou a garganta, mas não a angústia.

A imagem de Elena no hospital ainda me assombrava: a mão dela sobre a barriga, o sangue, o desespero. Ela perdeu o filho e, junto com ele, a única arma que tinha para me prender de vez. Só que, de alguma