POV Heitor Montenegro
Andei pelo corredor, chutando um vaso vazio. As mensagens ainda vibravam no celular. Mas agora eu não lia. Só sentia o pulsar do sangue nas têmporas, quente, pulsante, como uma sirene dentro da cabeça.
Célia me seguiu, falando baixo, como se estivesse tentando domar um animal selvagem.
— Precisamos pensar. Com frieza.
Parei no pé da escada. Olhei pra ela. O rosto duro, os lábios tremendo, mas os olhos... os olhos ainda faziam cálculos.
— Ela acabou com a nossa imagem, mãe. — Minha voz saiu rouca, um sopro rasgado. — As ações, os contratos, o conselho… tudo virou pó em menos de 24 horas.
Célia ergueu o queixo.
— Então a gente vai criar outra imagem.
Fiquei em silêncio. O ar da sala parecia mais denso, pesado.
— Eu tenho um plano. — Ela continuou, aproximando-se. — Nós temos vídeos, prints, áudios… todos os pequenos surtos dela. Aqueles momentos em que ela chorava, gritava, quebrava coisas.
— Você gravou tudo? — perguntei, a voz embargada.
Ela abriu um sorriso fino