POV Isadora Ferraz
Eu estava tentando retomar o fôlego, organizando os papéis na mesa, quando ouvi a campainha da recepção. Um bip curto, irritante. Mariana, a estagiária, bateu na porta, enfiou a cabeça, nervosa.
— Isa… tem uma visita… — A voz dela vacilou. — O senhor Heitor Montenegro.
Meu sangue gelou. O ar ficou pesado, como se alguém tivesse derramado chumbo no meu peito.
— Deixa entrar — falei, forçando um tom neutro. Mas por dentro? Eu já estava segurando a espada invisível.
A porta se abriu. Ele entrou. Heitor. De terno impecável, perfume caro, sorriso cínico no rosto. O olhar? Um abismo.
— Boa tarde, esposa — disse, fechando a porta atrás dele, como quem fecha uma armadilha. — Que surpresa me receber aqui... tão elegante.
— O que você quer? — Perguntei, sem levantar da cadeira. Segurei a caneta como se fosse um punhal.
Ele caminhou devagar pela sala, olhando os livros, as pastas, as fotos. Cada passo era um aviso mudo. Cada segundo, uma ameaça.
— Só vim ver como anda a minha