Após perder a mãe de forma trágica quando criança, Felipe culpa o pai e o amor que ela sentia pelo mesmo, passando a abominar tal sentimento que para ele não passa de um desatino. Determinado a viver como um lobo solitário, jurou que jamais se envolveria, aprendendo arduamente que não é tão fácil rejeitar uma ordem dada pelo coração.
Leer másHoje acordei em um daqueles dias em que desejava não sair da cama, não que eu estivesse cansado ou precisasse dormir um pouco mais, mas essa data em especial me atormenta de tal forma que se eu pudesse deixar de existir ou simplesmente apagar, ao menos por hoje, o faria.
Há 23 anos atrás, nessa mesma data vivi o maior horror da minha vida, 8 de julho de 1998, tinha apenas 10 anos quando encontrei minha mãe sem vida, no apartamento onde nós morávamos, eu, ela e minha irmã que na época tinha pouco mais de dois meses de vida.
Durante anos culpei o meu pai pela sua morte e para mim o amor que ela sentia por ele foi a principal causa de seus desatinos, logo, passei a abominar tal sentimento e a ideia de amar e ser amado.
Jurei para mim mesmo que meu coração permaneceria trancado a sete chaves, porém não imaginava que poderia existir alguém capaz de desatar estas trancas com um simples sorriso.
Em dezembro, antes do natal, Cristiano e Jhenny fizeram uma festa para revelar o sexo do bebê, uma menina dessa vez, que recebeu o nome de Heloá. Meu primo estava deslumbrado, dizia estar aproveitando a segunda chance que a vida lhe deu e poder acompanhar a gravidez do segundo filho estava sendo importante para ele. Naquele mês também, Jhenny e Danielly finalizaram a graduação e apresentaram o TCC, eu sabia o quanto aquele momento era especial para ela, conhecia a imensidão do seu sonho de se formar em veterinária e fiz questão de prestigiá-la, afinal independente de qualquer coisa, Jhenny se tornou uma grande amiga que a vida me deu. Durante a festa de natal, Manuela e eu aproveitamos para distribuir os convites do nosso casamento e por pedido meu, optamos por realizar a cerimônia em Porto Alegre, o que visivelmente surpreendeu a todos.
Aos poucos fomos nos adaptando à nova rotina, conseguimos encaixar o sexo nos raros momentos de folga, eu estava feliz com a minha família, mas também havia esquecido de outro ponto importante, o nosso casamento. Me lembrei desse detalhe quando Cristiano ligou pedindo ajuda, pois em setembro completava mais um ano de casado com a Jhenny e como sofreu o acidente antes da cerimônia ele decidiu fazer um casamento surpresa, definitivamente eu tinha que fazer umas aulas com o meu primo. E assim o casamento surpresa aconteceu, Jhenny descobriu apenas no dia, após as meninas a levarem para passar o dia da noiva em um spar. Manuela e eu fomos padrinhos, meu primo estava extremamente emocionado e chorava feito bobo, então comecei a me imaginar ali, esperando a minha deusa, tenho certeza que comigo não seria diferente. Ver o Cris dançando com a Jhenny durante a festa, mesmo que lentamente devido às sequelas d
No dia seguinte, a mãe da Manuela chegou de viagem, fui buscá-la no aeroporto e ainda no carro dei um alerta ríspido. — A senhora vai estar na casa dela agora, não irei tolerar qualquer gracinha. — Talvez eu não tenha causado uma boa impressão, mas não tenho a intenção de perturbar a minha filha, pelo contrário, quero me redimir. – Iracema me encarou. — E faça-me o favor de me chamar de você! Sorri com deboche. — Você é vovó agora, senhora! — Uma vovó jovem e conservadíssima por sinal! – Ela sorriu presunçosamente, mexendo nos cabelos. Eu ria sozinho, notando a tremenda semelhança que existia entre mãe e filha. Após uma breve conversa nós chegamos, ajudei minha sogra c
Quando finalizaram todo o procedimento, a sedação da Manu foi reduzida e a extubaram, encaminhado-a para o quarto. Fiquei ao seu lado aguardando que acordasse, enquanto tentava responder as mensagens de todos, tranquilizando-os e liguei para a Jhenny. — Jhen… — Felipe, graças a Deus, eu estava à beira de um colapso nervoso! — Ela atendeu a ligação histérica. — Diz que correu tudo bem, como está a Manu? E os bebês??? — Manu está aqui meio grogue ainda e os bebês eu ainda não pude ir ver, mas deu tudo certo. Estou esperando a autorização para ir ver os dois! — Graças a Deus! Vou avisar a todos, ficamos apreensivos! Me mande notícias, tá bom? E manda um beijo pra Manu! — Obrigado, Jhen, pode deixar!
Consegui a autorização do hospital e as meninas foram no final de semana para arrumar o quartinho que havia sido liberado. Arrumaram Manuela e fizeram maquiagem, com a desculpa de que iriam tirar umas fotos, levando-na em seguida, ainda em cima da maca para o quarto decorado. Logo que entrou Manuela se emocionou, havia uma faixa nas cores rosa e azul com os nomes de Helena e Henrique. Um bolo feito de fraldas e decoração por toda parte. No canto da parede uma pilha de fraldas que todos da família haviam mandado, muitos não poderiam entrar para a festinha, mas em cada pacote havia uma mensagem de carinho para nós. Estavam presentes apenas Jhenny, Danielly, Rafael, Cristiano e Fernanda, não podíamos encher o quarto, mas um vídeo feito por eles mandava a mensagem de cada amigo e familiar. Manuela se emocionava a cada mensagem de carinho, eu estava extremam
Quando retornamos para o hospital, entramos no quarto juntos, segurei o choro, tentando criar forças e abracei a Manuela com carinho. — Você está melhor, meu amor? — Sim, já não sinto dor, só estou um pouco fraca… — Não se preocupe, Manu, eu sou a prova viva de que a fé pode mudar tudo! Você sabe que é como uma irmã pra mim, que tenho um amor imenso por você e consequentemente pelos seus filhos. — Cristiano se emocionou e tocou a barriga dela acariciando. — Nossa família já passou por muita coisa, já superamos de um tudo, esse vai ser só mais um desafio que vamos passar por cima juntos, certo? Manuela sorriu concordando. — Tenho sorte por ter vocês na minha vida, todos vocês! — Ela disse, e nós três a abraçam
Último capítulo