Valentina já tinha um corpo debilitado, sofrendo de desnutrição. Agora, ao desmaiar, Davi temia que algo mais sério pudesse estar acontecendo com ela. Ele sentia preocupação, gratidão e culpa, mas não mais aquele encanto inicial que sentiu anos atrás, quando ela o salvou. Apesar de saber que não podia se casar com ela, também não queria que algo ruim acontecesse com Valentina.Às vezes, ele se perguntava: se, na época da faculdade, ele não tivesse reconhecido Valentina e, em vez disso, tivesse encontrado Sophia diretamente na praia, será que teria confundido Sophia com a pessoa que o salvou em País M? Afinal, as duas eram tão parecidas.Davi balançou a cabeça, afastando esses pensamentos. Valentina foi quem o salvou em um momento de perigo; ele não podia confundir essa gratidão, transferindo ela para outra pessoa. Valentina já havia sofrido tanto na vida, e Davi sentia que lhe devia muito.Depois de levar Valentina para fora da sala de reuniões, ficou impossível continuar o encontro
Naquele momento, um paciente passou pelo corredor onde eles estavam. Davi abaixou o tom de voz e questionou: — Você não já tinha decidido se separar da Valentina e ficar com a Sophia? — Eu vou resolver isso. Não vou deixar que a Sophia saiba. — A voz de Davi soava fria. O jantar já estava pronto, e a essa hora Davi deveria estar em casa. Mas ele ainda não havia chegado. Com a experiência da última vez, Sophia não ficou esperando à toa. Imediatamente ligou para Davi e Bryan, mas os dois celulares estavam fora de alcance. "Será que aconteceu alguma coisa?" pensou ela. Deslizou o dedo pela tela e ligou para Gabriel, mas também não teve resposta. Guardando o celular, ela baixou o olhar, pensativa. Se Davi realmente tivesse sofrido algum acidente, ela não teria meios de mobilizar ajuda. Seria melhor comer o jantar primeiro. Depois de passar a tarde com Letícia, seu estômago já estava roncando de fome. Talvez fosse melhor sair para jantar com Letícia. Acabou de enviar uma me
Davi não se moveu para enxugar as lágrimas dela. Em vez disso, permaneceu parado ao lado da cama, frio e distante, mantendo uma certa distância. Com uma voz baixa e firme, ele falou: — Vou pedir para o Samuel organizar a cirurgia. Você só precisa descansar e ficar tranquila aqui. Valentina abaixou as pálpebras. Seus longos cílios cobriram parcialmente o olhar, mas, no fundo dos olhos, brilhou uma frieza tênue. Embora aquela criança fosse de André e ela já tivesse decidido que não a teria, ouvir de Davi que ele também não queria o bebê a fazia se sentir derrotada. Ainda assim, ela não estava disposta a desistir. Ela ainda não havia conquistado a posição e a riqueza que tanto almejava. Como poderia ceder tão facilmente? O bebê seria abortado, mas isso não aconteceria silenciosamente, sem que ninguém soubesse. Na superfície, no entanto, ela manteve a aparência de uma mulher obediente e vulnerável. — Farei tudo conforme Davi decidir. Davi, ao vê-la dessa maneira, sentiu u
Pela manhã, Davi foi trabalhar como de costume. Seu rosto sério, combinado com o cabelo bem arrumado, não deixava transparecer que ele havia bebido muito na noite anterior. A manhã seguiu ocupada como sempre. Depois de ajudá-lo a ajeitar a gravata e se despedir enquanto ele entrava no carro, Sophia pegou o celular para verificar as mensagens, que não paravam de vibrar. Como era de se esperar, Letícia tinha enviado várias mensagens. Ela reclamava da dificuldade da noite anterior: não só não conseguiu jantar com Sophia, como também não conseguiu marcar encontro com Samuel. De quebra, perguntou casualmente se Davi tinha voltado para casa na noite passada. Embora não gostasse do fato de Davi ter reaparecido com sua ex-namorada, decepcionando sua melhor amiga, Sophia não o odiava a ponto de desejar o seu mal. Segurando o celular, ela pensou: sim, ele voltou para casa, mas exatamente a que horas, ela não sabia. Se lembrava vagamente do leve cheiro de álcool que sentiu durante a mad
Nos últimos dias, o pai de Samuel havia transferido para ele a administração de dois hospitais, o que o deixara extremamente ocupado. O volume de trabalho aumentara significativamente, a ponto de ele mal ter tempo para se encontrar em segredo com Letícia. — Valentina vomitou. Achei que ela pudesse estar com algum problema de saúde, então vim dar uma olhada. — Disse Davi. Samuel, desinteressado, continuou analisando os relatórios que segurava. — Ah, é só enjoo matinal. Toda mulher grávida passa por isso, não é nada demais. Além disso, logo vai passar. Ela nem terá tempo de vomitar muito, já que fará o aborto para se livrar da criança. Aos 27 anos e solteiro, Samuel tinha o coração reservado exclusivamente para Letícia. Fora a possibilidade de Letícia engravidar, o que o deixaria preocupado, nenhuma outra mulher significava algo especial para ele. Claro, Sophia era uma exceção, já que era a melhor amiga de sua namorada. Além disso, ao longo dos anos, ele havia desenvolvido uma
Valentina se recordou e começou a contar lentamente: — A primeira vez que nos encontramos foi na alameda arborizada da universidade. Naquele dia, o clima estava tão ensolarado e agradável quanto hoje. Eu tinha acabado de sair da aula e estava voltando para o dormitório, quando você apareceu de repente, correndo, e me cumprimentou com um sorriso, perguntando se eu me lembrava de você. Você disse que eu te salvei na esquina do Bar da Noite, no País M. — Enquanto falava, Valentina de repente se lembrou de algo e riu. — Naquele dia, quando eu disse que tinha sido só um gesto casual e que você não precisava levar a sério, você ficou tão nervoso que chegou a suar. — Sim. — Davi também começou a se lembrar. Naquele dia, ele se aproximou dela com o coração cheio de emoção, mas não esperava que aquilo que ele guardava tão vividamente na memória fosse algo a que ela quase não havia dado importância. Ela continuava falando de forma fragmentada sobre as coisas que aconteceram na universida
Ela sorriu calorosamente. Era tão bom se sentir lembrada por alguém. Com uma voz suave, respondeu: — Está bem, eu não vou ficar triste. Vou fazer o que você diz. Depois de desligar o telefone, Sophia caminhava tranquilamente pelo jardim do condomínio Mansão. Dois seguranças a seguiam, como de costume. Ela se sentia um pouco irritada: — Vocês podem parar de me seguir? Dentro do condomínio ninguém vai me sequestrar. Os dois seguranças trocaram um olhar. — Desculpe, Srta. Sophia, é uma ordem do chefe. Este é o nosso trabalho. Pedimos sua compreensão. Ela suspirou profundamente, entrou no carro e saiu do condomínio. Desta vez, não deixou os seguranças dirigirem; foi ela mesma quem conduziu. Quando desligou o motor, o carro já estava estacionado no Hospital Luz do Atlântico. Sophia olhou para a entrada do hospital, lutando contra os próprios pensamentos. Depois de muito tempo, finalmente decidiu entrar. Um dos seguranças foi estacionar o carro, enquanto o outro a segui
Valentina tinha um brilho maligno nos olhos. Ela não acreditava que, depois de tudo que tinha dito, Sophia ainda não tivesse nenhuma reação. Afinal, ela viu a mensagem que enviou e veio até ali. Isso não significava que Sophia não era indiferente, certo? Valentina estava claramente provocando Sophia. Eles já estavam prestes a se casar, e Davi ainda não a deixava em paz. Ele até mentiu dizendo que estava viajando a trabalho. "O que ele acha que está fazendo?" Davi já a engravidou e ainda não esqueceu Sophia. Será que ele não tem medo de que a "deusa" que tanto ama fique com ciúmes? — É mesmo? Então, parabéns pelo casamento de vocês. Sophia se levantou, como se estivesse exausta, e começou a ir embora. Valentina teve um leve brilho nos olhos. Ela não ficou irritada? Não vai fazer nada contra mim? Se Sophia não fizesse algo contra ela, como o "espetáculo" continuaria? De repente, Valentina começou a sentir dor no baixo-ventre. Ela podia perceber um fluxo quente descend