Helena passou o dia inteiro com a sensação de estar em suspensão. Nada parecia exatamente errado, mas tudo parecia frágil demais. As horas avançaram lentas, marcadas por tarefas automáticas e pensamentos que insistiam em voltar ao mesmo ponto: o que acontece quando amar deixa de ser apenas íntimo e passa a ser visível? No fim da tarde, recebeu a mensagem de Laura: “Precisamos conversar. Hoje.” Helena não respondeu de imediato. Não por hesitação, mas porque sabia que aquela conversa encerraria um ciclo — de dúvida, de cuidado excessivo, de tentativas de caber onde nunca houve espaço suficiente. Quando chegou ao apartamento de Laura, a porta já estava aberta. Laura estava sentada no sofá, o corpo levemente inclinado para frente, as mãos entrelaçadas. O olhar era firme, mas carregava cansaço. — Eu pensei muito — Laura disse, assim que Helena entrou. Helena sentou-se ao lado dela, mantendo uma pequena distância, respeitando o momento. — Eu também. Laura respirou fundo, como quem o
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