— Eu não posso, vó... — Érika falou e de imediato, a lembrança de Alex tomou seu pensamento. — Você não pode ou tem medo de tentar? — Lilly diminuiu os olhos e não esperou que a neta respondesse. — Sabe... —iniciou, recostando-se melhor na cadeira e voltando a costura das rodinhas de tecido que ela chamava de “foxico”; isso porque uma à uma, as rodinhas eram unidas, tomando formas do que mais tarde seria uma belíssima colcha de cama. — Quando eu era jovem, e digo uma menina mesmo. Lá em meus 17 anos. — frizou — Eu cometi um erro. — Ela pausou e tomou outro gole da cerveja sem glúten e se álcool. — E tudo começou com esse erro. — O que houve, vó? —Érika recosto na pilastra que sustentava o teto e enquanto a chuva caía, bebia café e ouvia Lilly atentamente. — Sua bisa Maria sempre foi muito correta. Na verdade, foi a mulher mais forte que conheci. — Lilly se referiu a própria mãe e bisavó de Érika. — Deu duro trabalhando nas terras dos outros para criar a mim e ao meu irmão Zelito.

Naquela manhã, ele não teve tempo de fazer o desjejum e Suzan, a senhora que trabalhava em seu apartamento não conseguiu chegar no horário por conta da chuva na noite anterior. O trânsito parecia mais calmo e apesar da noite mal dormida, ele não teve contratempos para chegar no prédio da IMAT. Ao chegar, encontrou o primeiro compromisso do dia a sua espera; Jonathan Silverstone já estava na recepção a sua espera, e sem Ícaro. Alex não se intimidou. Tranquilamente se aproximou e estendeu a mão. — Bom dia, Jonathan. — Bom dia, garoto. — apertou a mão de Alex com firmeza. — Vamos entrar. — Alex indicou a porta e sinalizou para que a secretaria levasse algo para degustação. Diferente de Ícaro, Jonathan era sisudo e inflexível. Alex teria que mostrar que como a parceria com uma grande empresa de Kentucky realmente poderia ser um bom investimento. A questão é que ele não era necessariamente o investimento, mas a presença de Jonathan é o amplo conhecimento que ele poderia

Alex simplesmente sentiu que poderia ir a qualquer lugar com ela naquele momento... E a seguiu. Érika estava muito calma e até serena; ele acreditou que fosse por conta da endorfina e dopaminas pós treino. Ela parecia exausta e satisfeita. Pensar nisso o fez suspirar e pensar que gostaria de vê-la daquela forma em outras circunstâncias... Ele reprimiu aquele pensamento e buscou o controle. Não se repreendeu porque já estava cansado de fazer isso. Não podia mais negar o fato de que aquela mulher estava com um triplex inteiro alugado em sua mente. — O sensei Rapha pediu para que eu fizesse seu cadastro de aluno. — ela disse sem olhá-lo diretamente e pareceu estar evitando mesmo. — Isso... — ele respondeu um tanto incomodado porque ela não o olhava. — Qual o seu nome? — Érika limpou a garganta e finalmente voltou a olhar para ele. Alex sorriu... Ou ela estava se fazendo ou não era de Phoenix ou do Arizona. Todo o estado e boa parte do país sabia quem era ele. E porquê estava puto

A terça-feira começou a todo vapor. Fabiano chegou com o capiroto no couro e parecia estar disposto a brigar com qualquer um que aparecesse em sua frente. Esse era um dos motivos que fazia Érika manter-se o mais distante possível, dele. A oscilação de humor era uma marca constante do patrão, e todas as vezes que ele se indispunha com alguém, ou mesmo em casa com a esposa, isso se refletia no trabalho. A academia estava super movimentada. Houve muitas vendas pela manhã na loja e as aulas de cross foram um misto de indignações, desafios, cansaço e discussões entre Fabiano e alguns alunos. Érika agradeceu o fato de tanto os alunos de artes marciais, como clientes chegarem a todo instante. Isso infelizmente a impediu de treinar Crossfit, mas o lado bom era que não teria de aturar os gritos de Fabiano. Ele chegou ditando várias ordens e delegando várias atividades para ela. Percebendo que o patrão estava em busca de uma boa discussão para desabafar, ela simplesmente arrumava tra

Era o final da tarde de uma sexta-feira movimentada e Érika fechou a academia agradecendo a Deus por não ter que ficar até mais tarde, mesmo com tanto movimento. Dentro do ônibus, enquanto voltava para casa ela se permitiu fechar os olhos, mas o pouco que cochilou foi o suficiente para sonhar com olhos claros, sorriso alinhado, pele morena, tatuada com um corpo tentador, medindo 1,92... Quando desertou com uma freada brusca. O Motorista evitou um buraco na estrada, e isso acordou-a daquele sonho onde o quimono azul era a única barreira que a impedia de ver o corpo escultural de Alexandro Bahamonde debaixo do chuveiro junto a ela... — É muita loucura, viu! — sacudiu-se mentalmente e limpou a saliva que escorreu durante o cochilo. — Meu Deus... — suspirou rindo internamente de si mesma. Sabia que estava estranhando a ausência dele nos últimos três dias. Ele não apareceu para os treinos e Ícaro também não esteve presente, exceto naquela sexta, mas sem Alex. Claro que ela estav