«Jonathan só me ignora…» Lhe disse a Daniel essa manhã, a chorar.«São só ciúmes, Deanna» Tentava a consolar.Mas não o conseguia. Ao princípio o pequeno saltamontes havia tomado a notícia da chegada dos seus irmãos novos com muito entusiasmo e alegria, mas à medida que se foram fazendo mais visíveis por debaixo da roupa de Deanna, lhe cresceu um sentimento de apreensão.Essa mágica relação que sempre haviam tido de pronto se esfriou e por muito que ela o tentava, parecia que o menino se afastava mais. A rotina na que o enrolava quando se ia para a cama, começou a ser menos frequente. Jonathan simplesmente desaparecia pelas escadas e quando Deanna o ia buscar ao seu quarto, já estava dormido. Ou fingia o estar.A estabilidade emocional era frágil para ela; podia passar de um estado eufórico e feliz a um pesaroso em questão de horas. E qualquer pequena coisa a detonava. Daniel a entendia, já o havia visto suceder nas gravidezes dos seus três filhos e tratava o melhor possível de a cont

Mas ela estava determinada a resolver o que seja que ao seu pequeno cavalheiro estava a lhe afligir. Se acercou e se sentou ao seu lado. O menino a olhava e Deanna não podia saber se era com surpresa ou tristeza.«Terás duas irmãs, saltamontes… Sabes? Como Emma; poderão brincar juntos no pátio e se divertir a escutar música»Mas o menino não lhe respondia, só assentia com a cabeça como se nada. Daniel também se acercou, sabia que à sua esposa lhe doía a indiferença de Jonathan.«Que te parece, filho? Ambas os bebés são saudáveis, vais te converter em irmão maior»«Sim, papá» Lhe respondeu.«Não te põe feliz?»Olhou a barriga de Deanna e logo os seus olhos.«Sim» Lhe disse.Mas a sua voz era apagada, como se fosse uma resposta automática. E Deanna não o suportou mais.«Diz-me o que te sucede, por favor…» lhe rogou – «Fala comigo, Jonathan, sempre o fazes. Se algo te molesta podemos o arranjar…»Ele negou com a cabeça e deu um salto para adiante, a se baixar do sofá. Passou junto ao seu

O quarto que durante tanto tempo ocupou Emma voltou a cumprir a sua função original: dois berços haviam substituído a pequena cama da menina. O entusiasmo de Daniel se havia incrementado com a notícia de que duas "Deannas" vinham a caminho e, de vez em quando, passava para olhar desde a porta o quarto decorado com bonecos, ursos e tecidos suaves e transparentes.Se detinha a pensar, a olhar, a sonhar e a imaginar. Porque os homens também sonham, anelam e se iludem. Recordava a primeira gravidez de Emily, quando esperavam a Ethan; ambos eram jovens e estavam cheios de medos e dúvidas. Mas o tempo acomodou as coisas e conheceu pela primeira vez a satisfação e o orgulho de ser pai.O seu primeiro filho havia sido um menino tranquilo e curioso que olhava o seu pai com assombro, quem o esperava pelas tardes para brincar com a bola no parque ou para que o levasse aos seus jogos de futebol aos sábados pela manhã. Mas, ao igual que passou com Charles e Susan, Naomi mudou todas as suas estrutu

Mas para Deanna e Jonathan as coisas não eram tão fáceis. Susan tentou falar com ele sobre o que lhe sucedia, mas ele seguia a dizer que nada estava mal. Até Camila tentou o subornar com uma tarde no parque de diversões, com algodão doce e balões; sem êxito.E Daniel já não podia ver os olhos tristes da sua esposa. Assim que foi por ele ao colégio e tiveram uma conversação entre homens. Se estacionou a um lado da rua e apagou o motor.«Filho, temos que falar» Lhe disse a o olhar pelo espelho – «Vem, senta-te aqui»Jonathan cruzou para a parte da frente, junto ao seu pai e o olhou expectante.«Jonathan, quisera que pudesses me falar e me contar qual é o problema que te tem zangado com Deanna… É pelas tuas irmãs?»«Não»«Então o podes me dizer? Sabes? Deanna está muito triste, crê que já não a queres»«Sim quero a Deanna, muito» Respondeu o pequeno.«Fez algo para que te afastes dela?»«Não, papừJá vejo… Que sucede?»O pequeno pensou por um momento, tinha muitas coisas para dizer, ma

«Espero que ela esteja bem. A cara de Leonard dizia tudo...»Deanna estava a fazer a sua rotina noturna diante do espelho da casa de banho antes de ir dormir; com a porta aberta, Daniel podia ouvi-la enquanto estava sentado na cama, terminando de revisar os últimos relatórios do dia.«A Susan vai acompanhá-lo, não fará nenhuma estupidez, não te preocupes» — lhe respondeu.Daniel ainda não lhe havia dito nada sobre a conversa que ele e Jonathan haviam tido naquela tarde ao voltarem do colégio; queria dar tempo ao seu filho para que encontrasse por si mesmo a maneira de falar com Deanna, mas também para que fosse uma surpresa para ela.Algo caiu — um pote de creme —, e Daniel pôde ouvi-la praguejar; então levantou-se e entrou na casa de banho. E ali estava ela, com um robe que mal lhe cobria as coxas, um pouco aberto, deixando entrever o decote; o cabelo preso, apoiada com ambas as mãos sobre o lavatório. Pôde vê-la pelo espelho.«Fiz uma confusão» — lhe disse.O pote de creme havia caí