EronEu cansei.Cansado de sininho. Cansado de mesa. Cansado de ver macho respirando perto da minha garota.O cheiro de sangue da Selena ainda tá no ar. Rubi fez o que precisava. Mas isso aqui já passou do limite.O ancião tenta me acalmar:“Senhor Peyton, tenha calma, são só as regras do evento…”Eu dou um passo à frente, voz baixa, mas que todo mundo ouve:“Calma? Vocês inventaram essa palhaçada pra me forçar a marcar alguém. Pois bem. Aqui estamos.”Olho direto pro Dreyt Davison, que tá do outro lado do salão, sorrindo de canto como se ainda tivesse chance. Eu sustento o olhar até ele baixar a cabeça.Depois volto pro ancião.“Eu e meu irmão fizemos nossa escolha. Libby Reynolds e Rubi Reynolds não estão disponíveis. Qualquer filho da puta que achar que pode tocar nelas vai ter passagem só de ida pro inferno. Sem escalas.”O ancião arregala os olhos.“Você não pode ameaçar os participantes…”Eu sorrio, sem humor.“Posso. Claro que posso. Sou o próximo Alfa Supremo. Meu pai manda nes

RiukO sinal ecoa.Eu já não sou mais homem. Sou lobo, puro instinto, puro fogo.O cheiro dela está em todo lugar, lavanda, medo, desejo, vida. Corro.A floresta é um borrão verde. Pulo troncos, rasgo folhas, o chão treme sob minhas patas.Mas então sinto. Três cheiros masculinos. Perto demais dela.Minha visão fica vermelha.Chego na clareira pequena e os vejo: três lobos cinzentos cercando a minha Rubi. Ela está de pé, pelo eriçado, rosnando, mas cercada.Um deles avança.Eu chego como trovão.Pulo em cima do primeiro, dentes na nuca, quebro o pescoço antes que ele toque o chão. O segundo tenta fugir. Eu agarro a pata traseira, puxo, rasgo tendão. Ele uiva. Eu silencio com uma mordida na garganta.O terceiro tenta atacar pelas costas. Rubi salta, crava os dentes no ombro dele, me dá a abertura. Eu termino o serviço.Três corpos no chão. Nenhum respira.Ela me olha, ofegante, olhos dourados arregalados. O medo some no segundo que me reconhece."A gente não devia matar..." ela fala, c

RubiRiuk me abraça por trás, braços apertados na minha cintura, queixo no meu ombro. Eron se encosta na parede, Libby colada nele.Eu não consigo parar de olhar pras marcas nos nossos pescoços. Elas ainda ardem. E, pela primeira vez desde a clareira, o medo vem.“Será que tem como remediar isso?” murmuro. “As mortes e os que ficaram com sequelas pra sempre… a gente devia ter pensado melhor nas consequências.”Riuk me aperta mais forte.“Estamos exatamente onde deveríamos estar,” ele diz, voz firme contra minha nuca.Eron concorda, sem tirar os olhos da Libby.“Não somos fracos. Sabíamos o que estava em jogo. Eu faria tudo de novo. Mil vezes. Não se preocupem com isso agora. Nós sabíamos o que estávamos fazendo.&rdq

RubiAcordo com o sol já alto batendo na janela do quarto de hóspedes. Deve ser quase três da tarde. A cabeça pesa, o corpo inteiro dói como se eu tivesse corrido a caçada de novo. Olho para o lado e não tem ninguém. Libby deve ter ido comer algo, enquanto eu nem percebi que dormi.O celular vibra sem parar na cabeceira. Eu nem lembro de ter colocado no silencioso. Nome na tela: Laura. 27 chamadas perdidas.Merda.Atendo já sentando na cama.“Rubi, graças à Deus!” A voz da Laura tá quebrada, quase chorando. “Eu não sei o que tá acontecendo, mas o terreno… ele tá se mexeu de novo. De ontem à noite pra hoje mudou mais quarenta e dois centímetros em três pontos diferentes. É como se alguém tivesse colocado máquina pesada lá embaixo e estivesse cavando de propósito! O cliente tá dizendo que a gente tá sabotando a obra, ameaçando romper contrato, processo, tudo. Ele quer falar com você e com o Riuk pessoalmente. Hoje. Senão ele cancela os 40 milhões e ainda vai jogar na imprensa que a Cons

RubiO jato aterrissa em Sidney quando o sol já tá se pondo. Eu, Libby e meu pai descemos em silêncio. A cidade que antes era meu lar agora parece estranha. Falta um pedaço. Falta ele.Kevin, o chefe de segurança de Riuk, tá na pista, o carro pronto para nos levar direto para a empresa.“Bem vindos, senhoritas Reynolds. E senhor Reynolds.” Ele aperta a mão do meu pai com respeito. Todo mundo sabe quem ele foi antes de virar Alfa do Sul: CEO da Construtora Jones-Reynolds, a empresa que a Libby comanda hoje.Entramos no carro direto pra sede da RP.No caminho, Libby e eu já estamos debruçadas no notebook. Meu pai senta na frente, mas vira pra trás de vez em quando.“Vocês vão ter que fazer melhor do que isso,” ele diz, sério. “O cliente não vai aceitar uma justificativa rasa, e não podemos falar abertamente o que está acontecendo. Vocês precisam ter uma base de dados sólida, para que ele se acalme.”Libby aperta meus dedos.“Então é isso que vamos fazer.”Chegamos na empresa. Funcionári