POV AURORA. O espelho refletia uma versão de mim que eu mal reconhecia. Olheiras fundas, o rosto pálido, os lábios partidos. A febre não cedia. Três dias se passaram desde o baile, desde o instante em que o mundo virou cinzas aos meus pés, e o fogo dentro de mim não apagava. Não era apenas tristeza. Era algo físico, vivo, ardendo em cada batida do meu coração. Eu tentava dormir, mas os sonhos vinham em pedaços — imagens de campos em chamas, vozes sussurrando nomes que eu não conhecia, sombras com olhos dourados me observando. Acordei suando, tremendo, com a sensação de que alguém estivesse ali, ao lado da cama. Mas o quarto sempre estava vazio. O ar da casa parecia diferente. Mais denso, mais frio. Até os relógios pareciam andar mais devagar. E o colar da minha mãe... aquele que usei no baile... às vezes pulsava contra o meu peito, como se reagisse a algo que eu não podia ver. Eu me sentia fraca, mas ao mesmo tempo, inquieta. Algo dentro de mim queria sair — como um gri
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