Capítulo 22 Akira Muniz Saí por volta das cinco da manhã, ainda com o céu escuro, rumo à capital. Meu objetivo era claro: buscar meu avô e meu pai, e garantir que alguém de confiança trouxesse o padre e o juiz de paz para o casamento. Tudo precisava acontecer em absoluto sigilo — qualquer deslize poderia colocar tudo a perder. Dirigi por horas, com os pensamentos acelerados e o coração inquieto. A estrada estava silenciosa, envolta por uma névoa leve que parecia guardar meus segredos. Quando finalmente cheguei à cidade, o dia começava a nascer. As pessoas saíam de suas casas para caminhar, comprar pão fresco, abrir suas lojas. A rotina seguia tranquila, alheia ao turbilhão que se aproximava. Eu, porém, não tinha tempo para calmarias. Cada minuto contava. O casamento precisava acontecer antes que Marcos Souza descobrisse — antes que a maldição se manifestasse de novo. Assim que cheguei à mansão do meu pai, fui recebido com entusiasmo pelo meu avô. Ele veio até mim com os olhos br

Capítulo 24 Fênix Souza Eu estava temerosa ao aceitar dançar com Akira. E se eu pisasse no pé dele o tempo todo? Só de pensar, meu coração disparava. Mas, para minha surpresa, aprendi rápido. Ele conduzia com firmeza, e isso me deixava segura. A cada passo, sentia como se o mundo ao nosso redor desaparecesse, restando apenas o compasso da música e o calor da mão dele segurando a minha. Fiquei admirada com a quantidade de pessoas que vieram ao casamento. Eu, que vivia praticamente isolada no templo, jamais imaginei ver tanta gente reunida em uma celebração que também era minha. Crianças corriam pelo jardim, rindo alto, mulheres com vestidos simples se encantavam com os arranjos de flores e homens trocavam histórias animadas ao redor das mesas. Ver tantos rostos sorrindo me deixou profundamente emocionada. Perguntei à esposa do senhor Klaus quem eram. Ela me contou que eram pessoas humildes de um pequeno vilarejo perto do chalé de Akira. Vieram ajudar na arrumação, no preparo da fes

Capítulo 26 Fênix Souza Saímos do quarto de mãos dadas e seguimos para a cozinha. No corredor, já dava para ouvir as risadas do avô de Akira, altas e contagiantes. Fiquei corada ao entrar na cozinha ainda de mãos dadas com ele. A mesa estava repleta de alimentos: sopa fumegante, carne de javali assada, peixe dourado no forno, arroz soltinho, salada fresca e suco de laranja recém-preparado. Minha mãe e dona Rosa, esposa do senhor Klaus, haviam preparado tudo com carinho. — Filha! Que bom que chegou. Sente-se com seu marido, aqui — disse minha mãe, indicando o lugar com um sorriso orgulhoso. — Obrigada, mamãe — respondi, ainda com vergonha. — Obrigado, senhora Amélia — disse Akira, puxando a cadeira para que eu me sentasse. Depois, sentou-se ao meu lado. — Ai, que felicidade! Como está a lua de mel, meu neto? Está tratando bem minha neta? — perguntou o avô de Akira, num tom brincalhão. Fiquei vermelha igual a um tomate e levei as mãos ao rosto, tentando esconder o constrangim

Capítulo 28Fênix SouzaAcordei por volta das cinco da manhã. O céu ainda estava escuro, um véu de estrelas insistia em permanecer antes da chegada tímida do sol, e o templo estava envolto em um silêncio profundo. Havia apenas o som suave do vento batendo nas folhas da mata ao redor e o respirar tranquilo de Akira, deitado ao meu lado.Virei o rosto para observá-lo. Dormia profundamente, o rosto sereno, quase angelical, como se os sonhos o embalassem com cuidado. Por alguns segundos, fiquei apenas admirando aquele homem que, de forma inesperada, havia se tornado meu porto seguro. Um calor suave percorreu meu peito — uma mistura de gratidão e amor.Levantei devagar, cuidando para não fazer barulho. Não queria que ele acordasse e viesse atrás de mim; eu precisava daquele momento só meu, em silêncio, antes que o dia trouxesse consigo desafios.Caminhei até o banheiro. Tirei minha roupa de dormir e, com um gesto suave da mão, invoquei minhas chamas. A água se aqueceu instantaneamente, cai

Capítulo 30 — Retirada Sombria Marco Souza chegou ao veículo com o rosto fechado, os passos pesados e o ego ferido. Um dos capangas abriu a porta rapidamente, sem dizer uma palavra. Marco entrou, bateu a porta com força e deu a partida no carro, o motor rugindo como se refletisse sua raiva contida. Os dois homens atrás trocaram olhares discretos, mas permaneceram em silêncio. Pela expressão de poucos amigos do chefe, sabiam que qualquer palavra poderia ser um gatilho. A estrada parecia mais longa na volta. E o templo do fogo, agora distante no retrovisor, havia deixado uma marca que ele não conseguiria apagar tão cedo. Fênix Souza Após aquele senhor sair daqui, fui direto ao banheiro. Meu corpo tremia, não de medo, mas de raiva. Meus poderes estavam descontrolados, como se o fogo dentro de mim tivesse perdido o rumo. Abri o chuveiro e, com um gesto, fiz a água ficar fria. Precisava esfriar por dentro e por fora. A água escorria pelos meus ombros e, aos pou