Capítulo 12 Fênix Souza Após me despedir do senhor Klaus, caminhei de volta para o templo acompanhada de Toby e Mimi, meus fiéis lobos, e dos lenhadores. A cada passo, minha mente ainda ecoava com a lembrança do aparelho mágico que o senhor Klaus havia usado para se comunicar com o senhor Akira. Aquilo parecia tão distante do meu mundo de rituais e livros antigos, mas ao mesmo tempo fascinante. Assim que cheguei ao templo, já era hora do almoço. Fui rapidamente ao meu quarto, tomei um banho ligeiro para espantar o cansaço da manhã e segui para a cozinha. Preparei as vasilhas com cuidado, dispondo feijão, arroz, macarrão, salada de tomates frescos e legumes refogados. Por fim, coloquei uma generosa fatia de carne de javali cozida em molho espesso e aromático. O cheiro se espalhou pelo ambiente, quente e convidativo, trazendo-me uma sensação de lar. Separei dois pedaços da carne suculenta para Toby e Mimi. Bastou um assobio curto e logo eles vieram correndo, abanando os rabos, os ol

Capítulo 14 Fênix Souza Eu estava apreensiva com a reação do senhor Akira ao saber que foi a minha bisavó quem lançou a maldição hereditária na família dele, mas eu não gosto de mentir e nem de esconder a verdade, então resolvi contar logo. Afinal, eu não sabia que minha bisavó era a bruxa responsável. Meus avós e meus pais nunca me contaram sobre ela e sobre o seu passado, talvez para me poupar. Mas eles sempre disseram que ela era uma bruxa muito poderosa e que tinha o poder de lançar e retirar maldições. Não entendo como ela não conseguiu retirar a maldição que lançou no bisavô do Akira. Talvez seja porque a lançou em um momento de dor, ódio e ressentimento. Talvez seja isso mesmo... o poder da maldição depende do sentimento que a alimenta. E se foi lançada com ódio, talvez nem a própria bruxa que a criou conseguiu desfazer. A dor dela virou raiz, cresceu, se espalhou por gerações. Fechei o diário com cuidado e olhei para os cadernos sobre a mesa: o vermelho, o dourado, o verd

Capítulo 16 Fênix Souza Eu estava muito confusa com o que o senhor Akira disse sobre um tal carro — uma carruagem de aço sem cavalos. Como não entendi nada mesmo, deixei que ele tomasse o café da manhã em paz. Fui preparar o feijão: coloquei na panela com os temperos em conserva, sal e uns pedaços de carne de javali. Pus no fogo. Depois, preparei o arroz e fui tomar meu próprio café da manhã. Servi-me de um pão recém-assado, uma caneca de café e uma salada de frutas. O senhor Akira foi até o chalé buscar as flores de cerejeira-coração. Seu avô e seu pai ficaram no templo. — Senhorita Fênix! Aqui estão as flores que me pediu. Essas servem? Se não, posso trazer mais — disse o senhor Akira, surgindo de repente. — Ah, que flores lindas! Vou colocá-las na conservante. Ainda preciso estudar os outros ingredientes — disse, sorrindo. — Está bem, a conversa está boa, mas temos que ir. Vamos, pai e vovô! Tenho que trabalhar hoje — disse ele, olhando para os dois senhores, que o encar

Capítulo 18Akira MunizSaí do escritório e caminhei até a sala de recepção, onde o tal homem aguardava. Assim que o vi, algo dentro de mim se agitou de forma violenta. Ele era um senhor grisalho, de porte imponente, olhos verdes intensos e uma energia espiritual tão forte que minha fera interior imediatamente se remexeu, rosnando em silêncio dentro de mim. Sua presença não era apenas física, era como se carregasse consigo uma tempestade.Ele parecia irritado — muito irritado. O ar ao redor dele parecia vibrar, pesado, denso, quase sufocante. Ainda assim, como profissional e homem de negócios, mantive a postura fria.— Boa tarde. Minha secretária disse que o senhor deseja falar comigo — disse com indiferença, embora por dentro cada músculo meu estivesse pronto para reagir.— Muito bem! — a voz dele ecoou pela recepção como um trovão. — Sou um homem ocupado. Marcos Souza, CEO de uma empresa farmacêutica. E estou aqui para falar com o homem que desonrou minha filha! — seus olhos faiscav

Capítulo 20 Fênix Souza — Aqui estão os elixires — disse, entregando os três frascos a Akira. — Tomem pela manhã, à tarde e à noite. Depois da próxima lua, saberemos se a dor começa a desaparecer. Até lá, sigo tentando descobrir como quebrar a maldição hereditária. Akira segurou os frascos com cuidado, mas seus olhos estavam inquietos. A ansiedade o consumia. — Certo... mas me diga: qual é o seu plano para atrapalhar os planos do seu pai? Respirei fundo. A verdade precisava ser dita com firmeza. — O que aquele velho quer é forçar você a se casar com aquela bastarda, Dalila Souza. Assim, ele une a empresa dela com a sua e toma controle de tudo. É um jogo sujo, mas eu conheço bem as regras dele. Akira franziu a testa, pensativo. — Você tem toda razão. Nunca vi essa garota na vida. E agora tudo começa a fazer sentido... — Então, aqui está meu plano — continuei, com o olhar firme. — Ele não tem mais autoridade sobre mim. Se ele aparecer aqui, eu solto os cachorros. Literalmente.