Capítulo 12 – VicenzoO Império e o SegredoO prédio de vidro refletia a cidade. Lá dentro, no último andar, meu nome dominava as paredes do conselho, Santoro Group. Um conglomerado de investimentos e participações em setores que ditavam o rumo da economia. Bancos, hotéis de luxo, vinícolas antigas, construtoras que erguiam arranha-céus em Dubai.Era o legado da minha família. E o peso sobre meus ombros.— O mercado não vai esperar, Santoro — disse um dos diretores, batendo a pasta sobre a mesa de mogno. — Precisamos cortar gastos, vender ativos, reduzir riscos.Eu apenas o encarei, segurando o charuto que não acendi. Minhas mãos estavam firmes, mas por dentro, minha mente não estava ali.Estava com ela.Aurora.Os olhos que me queimaram na noite anterior. O corpo que se abriu para mim com uma mistura de medo e desejo, inocência e ousadia. Enquanto o conselho discutia bilhões em investimentos, eu lembrava do gosto doce da pele dela sob minha boca, da forma como tremeu quando a tomei n

Capítulo 14 – AuroraSombras na MaréA noite caiu, e a mansão estava silenciosa. Eu caminhava pelo quintal, tentando acalmar o turbilhão dentro de mim. Cada passo na areia fazia meus pensamentos se embaralharem ainda mais. Vicenzo não tinha aparecido no meu quarto, e meu coração ardia de frustração. A promessa que ele fizera parecia tão próxima e ao mesmo tempo tão impossível de alcançar.Sentei-me na areia, observando o mar escuro refletir a luz pálida da lua. O som das ondas batendo nas pedras era quase reconfortante, um ritmo que parecia sincronizar com minha respiração acelerada. Fechei os olhos por um instante, tentando afastar a ansiedade, mas foi então que um barulho me chamou atenção.Um movimento rápido na água. Algo se debatia nas ondas, e meu coração gelou. Não havia ninguém por perto, só o som da água e a escuridão ao redor. Sem pensar, levantei-me e corri em direção ao mar, sentindo o frio da brisa cortar meu rosto. Cada passo na areia molhada me deixava mais nervosa, mas

Capítulo 16 – Verdades na Madrugada VicenzoA porta se abriu e, por um instante, meu coração disparou. Eu não estava preparado para vê-lo ali.— Henrique? — minha voz soou mais grave do que eu esperava. — por sua causa nossa mãe tentou se matar, se lançando ao mar a noite. — esbravejei antes mesmo de raciocinar.Ele entrou sem cerimônia, ainda de terno, mas com o nó da gravata solto e os olhos carregados de fúria e exaustão. Trazia a energia de alguém que havia atravessado fronteiras sem pensar em nada além de chegar.— Onde ela está? — perguntou direto, ignorando qualquer saudação.— Descansando. O médico a medicou, vai ficar bem. — respondi, estudando cada detalhe do rosto dele.Meu irmão parecia mais velho do que realmente era, como se uma vida inteira tivesse despencado sobre os ombros naquela noite. Ele riu, um riso amargo. — Bem? Você acha que ela está bem, Vicenzo? Depois de mandar um áudio dizendo que eu acabei com a vida dela? — bateu no peito, respirando fundo. — Eu não ma

Capítulo 18 – O peso do olhar.AuroraCorri para o jardim com o coração disparado, como se pudesse escapar da tensão sufocante que pairava naquela mesa. A bandeja quase escorregou das minhas mãos, e só percebi que estava tremendo quando a coloquei sobre a pedra fria do banco de mármore.O ar da manhã era leve, o sol começava a aquecer a grama úmida e, ainda assim, eu sentia frio. Não era o vento. Era o olhar dele.Fechei os olhos e respirei fundo, tentando acalmar os pensamentos. Eu era apenas a funcionária daquela casa. Servia cafés, organizava toalhas, guardava segredos que não eram meus. Mas o olhar de Vicenzo atravessava qualquer barreira, como se dissesse que eu fazia parte de algo muito maior, algo que eu não estava pronta para encarar.— Está fugindo de mim, tesoro mio? — a voz dele veio por trás, rouca, carregada de algo que me fez estremecer mais do que o vento.Girei devagar. Ele estava ali, impecável como sempre, a gravata levemente solta, o rosto marcado pela raiva que ai

Capítulo 20 — VicenzoEla pediu para ficar sozinha. As palavras ainda me queimavam a pele como sal em ferida. Aurora pegou a bandeja vazia nas mãos, o rosto pálido e os olhos tristes. Olhou para mim por um instante que durou uma eternidade e disse, em voz baixa e contida.— Preciso ficar sozinha, Vicenzo. Vou para o quarto.Não tentei segurá-la. Não naquele momento. Havia muita coisa em volta. Minha mãe respirava pesada nos olhando da porta. Henrique nos olhava espantado logo atrás da minha mãe, funcionários nos espiavam achando que estavam escondidos. A casa inteira parecia uma panela de pressão prestes a explodir. Eu a vi entrar na ala de funcionários sem olhar para trás. A imagem dela recuando pelo corredor me doeu mais do que qualquer grito.Passei a manhã inteira no meu escritório fingindo presença em reuniões e decisões estratégicas, mas a verdade é que não fiz mais do que pensar nela. Quando o relógio marcou a hora do almoço, ela não estava servindo. — Cadê a Aurora, o que fez