Zayn entrou em sua sala de reuniões privada, onde Kareem e Lasmih já o aguardavam. Ambos estavam em trajes civis, mas a tensão em seus olhares dizia tudo: os eventos das últimas vinte e quatro horas exigiam ação imediata.Sobre a mesa, estavam os mapas das rotas de abastecimento, relatórios de inteligência, anotações manuais feitas por Kareem com tinta preta — e no centro, o bilhete ameaçador deixado na vila.Zayn sentou-se em silêncio, os olhos passando pelo símbolo em cera gravado no envelope.— Yahya? — perguntou ele, direto.Kareem negou com um leve movimento de cabeça.— Ainda sem confirmação. Mas o modo de operar... lembra Malik. Essa assinatura em cera é antiga. Usada nas comunicações internas da milícia dele, quando ainda atuava no setor de mineração rebelde.— A ousadia dele está crescendo. — disse Lasmih, a voz baixa, firme. — E agora ele tocou naquilo que você jurou proteger.Zayn cruzou os braços, os músculos do pescoço tensos.— Ele tocou em mim.O silêncio caiu como uma

O som das portas automáticas abrindo no 47º andar soou familiar aos ouvidos de Isabela. Ela passou pela recepção interna da ala executiva e seguiu com passos firmes até sua sala — a segunda porta à direita, separada da de Zayn apenas por uma parede de vidro espesso com persianas translúcidas embutidas. Do lado de fora, tudo parecia moderno e discreto. Mas ali dentro... ela sabia que estava onde poucos tinham acesso.Colocou sua bolsa na poltrona lateral e ligou o terminal principal. A luz azulada da tela iluminou seu rosto com suavidade. Ela já sabia o que fazer antes mesmo de o sistema terminar de carregar. Estava no ritmo daquele lugar. Era como se tivesse nascido para aquilo.Logo os primeiros documentos do dia foram abertos. Relatórios financeiros, e-mails internos com alterações em contratos e um arquivo novo, marcado com prioridade por Kareem. Era sobre a empresa de exportação agrícola AltanCorp, que havia entrado discretamente em negociação com a Al-Rashid Enterprises — e conti

O carro deslizou pelos portões do palácio sob a luz da lua. Zayn olhava pela janela, os dedos tamborilando suavemente no couro do assento. O reflexo da noite dançava no vidro, mas era Isabela que dominava seus pensamentos.Ela, sentada ao lado dele, mantinha os olhos à frente, mas seu corpo inteiro sabia que a noite ainda não havia terminado.Ao chegar, o segurança abriu a porta do carro e Zayn desceu primeiro. Depois, estendeu a mão para ela com naturalidade.— Amalî... Quero que desça até o quarto de jogos, fique com esse vestido. Descalça. Cabelos soltos.Espere por mim ajoelhada, cabeça baixa, mãos sobre as coxas. Estarei lá em poucos minutos.Ele disse e se virou para ela, o olhar sombrio e possessivo estava lá.Ela apenas assentiu, engolindo em seco. Um arrepio percorreu sua espinha. Zayn subiu as escadas sem olhar para trás.O quarto de jogos do palácio era amplo, Isabela entrou com passos lentos. O vestido azul, ela andou até ao lado da cama, soltou os cabelos, tirou o sapa

A luz suave do deserto atravessava os vitrais do quarto real, colorindo os lençóis em tons de âmbar, rubi e safira. Isabela se remexeu preguiçosamente sobre os travesseiros, o corpo ainda dolorido, mas o coração em paz. Cada terminação nervosa parecia lembrar da noite anterior, como se sua pele ainda estivesse envolta no comando e no zelo de Zayn.Zayn já estava acordado, sentado na poltrona próxima à janela, usando um robe escuro e lendo relatórios em seu tablet. Seus olhos, porém, se voltaram imediatamente para ela quando ouviu seu primeiro suspiro mais longo.— Bom dia, Amalî — murmurou ele, com aquele tom de voz que a fazia arrepiar dos calcanhares ao couro cabeludo.Ela virou de lado, fazendo uma careta.— Não sei se foi bom... minha bunda já pediu asilo político.Zayn riu, deixando o tablet de lado.— Exagerada. Eu cuidei de você como um artesão cuida de sua obra-prima.— Obra-prima danificada, talvez — ela respondeu, tentando sentar e fazendo outra careta ao encostar.—Se quise

O silêncio no corredor do 49º andar era denso como névoa. Os saltos de Isabela tocavam o piso de mármore com firmeza — embora cada passo fosse uma luta entre elegância e dor. Mas ela não permitiria que isso fosse visível.Não ali. Não agora.Ao alcançar o elevador privativo, manteve a postura ereta, os olhos fixos na luz digital que indicava o andar inferior. O mundo de Al-Qadar girava sob seus pés, mas a única coisa que ecoava em sua mente era o olhar de Karim: frio, polido… e perigosamente tranquilo.Ao chegar ao 47º, a porta se abriu para o corredor de vidro que separava sua sala da de Zayn.Ele estava lá.Zayn havia terminado a reunião com os representantes europeus e agora conversava com Kareem. Ao ver Isabela surgir no corredor, seus olhos escureceram por um segundo — não de fúria, mas de um tipo de concentração que só ele dominava. Como se lesse o ambiente com o faro de um predador.Isabela não se deteve. Abriu a porta de sua sala, caminhou até a escrivaninha e só então soltou