Âmbar.Tudo o que eu imaginei durante meses era o momento em que as portas se abririam e eu caminharia em direção ao altar, com o coração acelerado pela expectativa e pelas juras que faríamos diante de todos. O vestido que escolhi com tanto carinho, os detalhes da decoração, a música escolhida especialmente para nossa entrada... tudo tinha sido planejado para esse instante. Hoje era o dia do meu casamento com Christopher. Ou, pelo menos, deveria ser.Saí do Spar no horário certo, acompanhada de Yana, que estava tão animada quanto eu. Estávamos no carro, rindo de coisas bobas, quando tudo parou — como se o tempo tivesse se curvado diante de algo que não deveria acontecer. Um carro nos fechou com violência e, em questão de segundos, o motorista que nos conduzia caiu morto ao volante. Um tiro certeiro, frio e cruel. Kevin saiu do veículo dele com a arma ainda em punho e uma expressão que eu nunca tinha visto antes. Não era mais o homem que um dia conheci; era outra coisa. Um predador.Ya

Âmbar.Meses depois.Fecho os olhos e as lembranças dos últimos anos me inundam como um turbilhão de emoções. Há dois meses, fui sequestrada e quase morta pelo primo insano do meu marido. Kevin me encontrou na saída do Spar, onde eu me preparava com Yana, minha amiga e uma das madrinhas do meu casamento. Ele me levou para meu clube, com a intenção clara de me matar. Foram horas de terror. A cada segundo, eu sentia que meu fim estava próximo.Enquanto ele me mantinha sob seu poder, chorei. Chorei por tudo o que deixaria para trás, por quem eu amava e pela culpa de não ter vivido mais ao lado de Christopher. Kevin era um homem perturbado, e seus atos só confirmaram sua insanidade.Em vários momentos, temi o pior. O medo de ser violentada era constante, mas, graças a Deus, isso não aconteceu. Mesmo assim, ele me deixou vulnerável, despida, e o toque de suas mãos imundas ainda ecoa em minha memória como a pior sensação que já experimentei.Quando Christopher chegou para me resgatar com Br

YanaAnos antes...Terminei de pentear o cabelo e o prendi em um coque alto.— Minha franja já está bem grande — resmunguei tocando o cabelo que estava quase sobre meus olhos.Eu não gostava dela de fato, pois me deixava com cara de menina e não combinava comigo, mas era necessário para a pessoa que eu sou hoje. Estar o mais diferente possível do meu antes era essencial para a minha proteção.Passei a mão pelas minhas roupas e soltei um suspiro. Às vezes ter que fingir ser quem não era era difícil. Eu queria poder usar roupas mais descoladas, me sentir bonita dentro das roupas como as outras mulheres; contudo, isso iria trazer olhares indesejados para o meu corpo e isso acabaria desencadeando traumas que luto há anos para superar.Após conferir estar bem apresentável, apesar da roupa que não me valorizava em nada, eu peguei minha bolsa e saí do meu quarto. Ao chegar na sala, fui presenteada com o cheirinho maravilhoso de café e bacon.Andei até a cozinha e encontrei minha tia no fogão

Yana — Vejo que passou na entrevista. — A voz do homem lindo do elevador me fez parar minha dancinha da vitória.Ele me olhava com uma expressão engraçada em seu belo rosto. Senti minha bochecha esquentar em vergonha.— Ah ! Oi! — sorri sem graça ao me virar para olhá-lo. — Sim, passei. Começo a trabalhar na próxima semana — respondi mais animada que o normal.— Que bom. — Ele sorriu. Sua voz estava animada também. — Eu sabia que você ficaria com a vaga. Está indo embora?— Sim, tenho que ir ao mercado comprar umas coisas.— Até mais, então. Nós nos vemos na próxima semana. — Ele se despediu e foi embora.Andei até o elevador comercial e apertei o botão do térreo.Entrei na caixa metálica quando as portas se abriram e peguei meu celular para ligar para meu tio e dizer que consegui a vaga.— Oi, princesa, conseguiu a vaga? — perguntou assim que atendeu.— Sim, finalmente consegui um emprego, tio.— Meus parabéns, meu amor. Fico feliz por você. Verá como sua vida será melhor agora, mai

YanaQuatro anos depois...Ouvi o despertador gritando em meus ouvidos e pulei da cama. — Merda! — xinguei ao perceber que estava atrasada.Odiava perder a hora porque tinha que fazer tudo correndo.Isso sempre acontecia quando eu tinha pesadelos e essa noite não fora diferente.Fui até o closet e peguei a roupa que vestiria hoje, um vestido longo com um suéter por cima e um sapato fechado.Corri para o banheiro e tomei um banho apressado. Enrolei-me na toalha ao finalizar o banho e saí do banheiro. Passei hidratante, vesti a peça íntima e a roupa que escolhi para usar hoje. Calcei os pés e fiz um rabo de cavalo alto e ajeitei a franja para não ficar caindo nos meus olhos. Peguei minha bolsa, por sorte já tinha tudo o que iria precisar dentro dela, e saí do quarto.— Perdeu a hora outra vez? — questionou meu tio, me vendo entrar feito um furacão na cozinha.— Sim — respondi, sentando-me para tomar café.Meu tio serviu meu café e o agradeci.— O senhor vai trabalhar hoje?— Sim, mas