Vanessa Bragança A dor me drenava as forças. Larguei o corpo no chão, de barriga para cima, com Gabriel sobre mim. Ele me segurava como um animal; eu mal conseguia respirar. Vi o brilho de uma arma na mão do motorista e achei que tudo acabaria ali. Então ouvi um rugido — profundo, animal. Gritos ecoaram pelo galpão. A fera investiu contra o motorista; o ataque foi fulminante. Gabriel urrava enquanto algo o atingia. Num movimento brutal, parte do pescoço dele foi arrancada: a cabeça tombou de lado e o sangue jorrou num ângulo que me encheu de horror. Era um lobo. A besta, de pelagem densa, parecia pronta para me atacar também. Tentei me levantar, instintivamente. O lobo avançou e, aos poucos, começou a desmanchar-se: os pelos sumiram, a postura mudou e, no lugar daquela criatura, surgiu um homem. Meu cérebro tentou entender, mas as imagens vinham rápidas demais. Ele estava de pé, agora humano, mas com uma presença e um olhar assustadores. As mãos, sujas de sangue, tremiam. Ainda
Leer más