-POV: Lioran-O mapa estava aberto sobre a mesa, as coordenadas marcadas com precisão. A luz do escritório tremia com o vento que soprava pelas janelas entreabertas. Nymerra estava em pé ao meu lado, os braços cruzados, o olhar atento. Serys, do outro lado da mesa, com a expressão cada vez mais fechada.— Você não pode ir sozinho — disse ele, firme.— Não vou — respondi, sem hesitar. — Nymerra vai comigo.Serys franziu o cenho.— E eu também, certo?Olhei para ele. Aquele olhar que precede uma notícia que sei que ele vai odiar. Ele percebeu antes mesmo de eu abrir a boca.— Sem chance — disse, já se sobressaltando. — Você não vai sozinho com Nymerra e me deixar aqui em Umbra sem saber o que está acontecendo!Suspirei.— Serys, você precisa ficar. Alguém tem que manter tudo em ordem enquanto eu estiver fora. Umbra não pode ficar sem liderança. Você sabe disso.— Eu sei que você está prestes a se meter numa missão suicida — retrucou, os olhos ardendo. — E quer que eu fique aqui, sentado

-POV: Lioran-Nymerra deixou o carro estacionado a uma distância segura, os olhos varrendo o entorno com precisão. Descemos em silêncio, os sentidos em alerta, cada passo medido. O ar ali era mais denso, como se a floresta respirasse diferente. As coordenadas nos levaram até uma clareira esquecida, onde a floresta parecia se fechar em silêncio, como se guardasse um segredo antigo. Ali, entre raízes retorcidas e pedras cobertas de musgo, havia uma casa de pedra, discreta, envelhecida, como se o tempo tivesse passado por ela sem parar, mas sem deixá-la cair.A casa parecia abandonada. Mas havia algo estranho.A porta rangeu ao abrir, revelando um interior simples, mas estranho. O cheiro era de pedra úmida e madeira antiga, mas não havia poeira acumulada, nem teias de aranha. Era como se alguém tivesse limpado tudo… e saído há pouco.No canto da sala, um alçapão de ferro embutido no chão de pedra. Nymerra o encontrou com facilidade, como se já soubesse que estaria ali. Abrimos com cuidad

-POV: Artemísia-A viagem foi silenciosa. Duas horas de estrada, mas parecia que o tempo se arrastava em cada curva. Oliver guiava com precisão, os olhos atentos, como se cada quilômetro fosse uma lembrança viva. Serys ao meu lado, em silêncio, mas inquieto. E eu… Eu só pensava em Lioran. Em como estava cada vez mais perto de encontrá-lo. De colocar um fim nessa história toda.Quando nos aproximamos do ponto indicado, deixamos o carro escondido entre as árvores. Chamava atenção demais e precisávamos tomar cuidado agora. A partir dali, seguiríamos a pé. Furtivos. Invisíveis.Andamos floresta adentro por cerca de quase meia hora.A floresta se fechava ao nosso redor, mas então… Ela se abriu.Um campo amplo, vazio, se estendia diante de nós. Nada ali. Nenhuma construção. Nenhum sinal.Oliver parou.— É aqui. — disse, com convicção.Serys franziu o cenho, olhando ao redor.— Não tem nada. É só um campo vazio.Me aproximei do limiar que separava a floresta do campo. O ar parecia… difere

-POV: Artemísia-A cela era a mesma onde encontrei Nymerra. Mas agora… era minha. E diferente dela, eu não tinha aliados por perto. Não tinha minha bolsa de componentes. Não tinha nada.Só o ódio.Ódio por ter sido capturada. Ódio por Daimon. Por Sylvia — ou Circe, seja lá qual nome ela quiser usar. Ódio por todos aqueles ocultistas de merda.Tentei extravasar. Garras contra as grades. Chutes. Rugidos.Mas elas estavam encantadas. E sem meus componentes, eu não podia fazer nada.Nada.— Maldição! — gritei, socando o metal frio.Foi então que ouvi.Uma risada.Feminina. Debochada. Cruel.— Que espetáculo patético. — disse a voz, surgindo entre as sombras da prisão.Circe.Ela se aproximou com passos lentos, os olhos negros como abismos fixos em mim. A escuridão parecia se curvar ao redor dela, como se a própria sombra a obedecesse.Parou diante da cela.Sorriu.Eu cuspi.O cuspe evaporou no ar antes de tocá-la, com um simples gesto da mão.Uma demonstração breve. Assustadora. De poder.

-POV: Artemísia-O mapa me levou até o lugar marcado. Mas não havia passagem. Nenhuma entrada. A sala só podia ser acessada por dentro da fortaleza.Pensei em contornar. Seguir pelo cômodo mais próximo e tentar chegar lá por dentro.Mas a voz de Freya ressoou na minha mente, firme como sempre:“É arriscado demais, Artê.”— Não temos outra opção — respondi, já irritada com a situação.“Temos, sim.”— Qual?“A magia que Ylva te mostrou. A de atravessar sólidos.”Fiquei em silêncio. Claro que entendi o que ela quis dizer. Mas era absurdo.— Eu não aprendi aquilo direito. Se falhar… posso ficar presa. Ou ser partida ao meio.“Você tem os componentes. Você lembra dos passos. Confia em mim. É mais seguro do que andar pelos corredores internos.”Hesitei. Mas não havia tempo. Não havia escolha.Abri a bolsa. Comecei a misturar os componentes. Peguei uma lasca da pedra da parede e misturei com os reagentes — isso limitaria a magia àquela parede específica.No final, a substância se formou. Aci