༺ Amara Wild ༻De repente, desperto lentamente, ainda com o corpo pesado do esforço recente. Meus olhos se abrem e encontro a cena mais doce: Domenico e Luca encantados diante dos bebês.A expressão deles transborda ternura, quase um êxtase silencioso. Nesse instante, tenho certeza de que fiz a escolha certa. Vejo nos gestos, nos olhares, o quanto já se renderam ao amor incondicional pelos filhos.Meu coração se aquece. Deus foi generoso comigo, não poderia ter me dado pais melhores para as minhas crianças. Quero acreditar que daqui em diante só haverá alegria, mesmo com as sombras daqueles bilhetes permaneçam.O som da voz de Enzo quebra o silêncio suave do quarto.— Você acordou finalmente. Como está se sentindo? — pergunta, com aquele jeito firme, porém preocupado.Respondo com a voz fraca, quase um sussurro.— Estou bem… e eles, como estão?Ele coloca as mãos no bolso e me encara com tranquilidade.— Não se preocupe, estão ótimos. Eles são muito saudáveis.Assim que Domenico e Luc

༺ Amara Wild ༻03 meses depois…O jardim parecia respirar felicidade essa tarde. O sol se derramava suave pelas flores, refletindo nas fitas que enfeitavam os balões coloridos espalhados em cada canto.Uma grande mesa fora montada bem no centro, coberta por tecidos brancos rendados e enfeitada com arranjos de girassóis.O bolo, alto e trabalhado em glacê azul e rosa, era quase uma obra de arte, cercado de docinhos que brilhavam feito pequenas joias.Dona Zenaide caminhava animada com os bisnetos nos braços, como se tivesse recuperado dez anos de juventude só por poder segurar os pequenos.Quando me aproximei, escutei sua voz vibrante me chamando:— Amara, venha logo! Está na hora da foto com os bebês!Aquele tom autoritário misturado com ternura não dava espaço para recusa. Senti minhas pernas se moverem quase por instinto, e de repente estávamos todos posicionados ao redor dela.Domenico ajeitou Zoe no colo, enquanto Luca embalava Asafe com cuidado. Pietro e Enzo completavam a cena,

༺ Luca Beltron ༻Meu mundo gira em câmera lenta quando a vejo ajoelhada no gramado, a respiração cortada, as mãos agarradas na barra da minha calça que segura com força.Tento pensar num plano, qualquer movimento útil, mas a cabeça me pesa. O pior é ouvir o choro dela, não o da dor, mas o de quem perde o chão. Aperto-a contra o peito, sentindo o corpo pequenino tremer debaixo do vestido.— Eles levaram o Asafe… — sai como um sussurro rasgado. — E a Zoe…Aquelas palavras destroçam qualquer freio que me resta. A raiva sobe quente, pronta para estourar. Olho para as babás, as duas já pálidas, olhos voltados para qualquer canto sem coragem de encarar minha fúria.— Saíam da minha frente — urro, a voz cortando o vento. — Vocês tinham uma função e falharam! — As mulheres recuam, tropeçando, quase correndo. — Não quero ver seus rostos perto de mim hoje!Vovó Zenaide aparece como uma matriarca em fúria, mão nos cabelos, voz trêmula:— Como essa desgraçada entrou aqui? — pergunta, e a indignaç

༺ Domenico Beltron ༻Ando de um lado para o outro sem saber o que fazer, mais uma vez presenciei Enzo medicar Amara para tentar mantê-la calma.Ela não estava conseguindo lidar com o sumiço das crianças, e eu tentava ser o pilar forte, mas até eu estava preocupado com o que Serena podia fazer com a minha filha e com o filho do Luca.Já havia acionado vários contatos, até mesmo cheguei a pedir ajuda oferecendo bastante dinheiro a um bandido mafioso por qualquer pista dos bebês.A vontade que eu tinha era de amassar a cara da Serena várias vezes contra a parede.Observei o Luca levar o copo de uísque com tudo na boca e então arremessar, chamando a atenção de Pietro e do meu pai.Luca, com raiva, comenta:— Se eu pego essa vagabunda, eu ia quebrar todos os ossos do corpo dela. Eu não sou violento com mulher, mas essa cadela, a Serena… se a pego, ela ia desejar morrer.Pietro tenta acalmar a situação:— Para com isso, Luca. Todos estão nervosos.Luca, então, olha para ele, furioso:— Me a

༺ Amara wild ༻Quando despertei o ar do quarto parece pesado só há sobra um silêncio que corta. Ando de um lado para o outro como se o movimento pudesse arrancar uma pista do ar.Há vozes lá fora, passos, coisas a acontecer, e eu só tenho uma pergunta que repete no peito: onde estão os meus filhos? A louca que os tomou tem de estar em algum lugar; resta descobrir onde.A bandeja que o Pietro deixou ainda repousa sobre a mesinha. Frutas brilhantes, iogurte, um copo de suco. Não encosto. O estômago recusa. Comer me parece traição ao instinto que puxa para um único objetivo: trazê-los de volta.Sento-me na beirada da cama, apoio o rosto nas mãos e as lágrimas descem, quentes e sem freio. O quarto gira entre sofrimento e ansiedade; cada minuto que passa pesa como chumbo.Meu celular vibra na mesa com um som seco. Olho para a tela sem coragem, a notificação acesa. Uma mensagem, anônima, curta, fria. Abro. O texto me acerta como um tapa:“ Se você quer ver os seus filhos de novo, siga as mi