༺ Domenico Beltron ༻A sensação de impotência pesa no ar da sala. Ninguém traz notícia, nenhuma chamada ilumina o celular. Fico plantado no meio do ambiente como um poste num dia de tempestade.Não há lógica que dê consolo; só aquele vazio cortante que acerta o peito. Olho para o Luca que passa a mão pelos cabelos como se quisesse arrancar a preocupação, sua voz áspera:— Será que essa desgraçada já deu pelo menos comida aos nossos filhos? Como estarão as crianças?A pergunta arde. Respondo sem pensar demasiado:— Ninguém faz ideia. Só sei que precisamos encontrá-los, e rápido.Enzo permanece sentado, mãos aprisionadas no copo, observando sem combustível para palavras. Pietro tenta conter o fogo no olhar do Luca, mas o nervosismo salta por entre as frases.— Eu não confio naquela mulher — diz Pietro. — Serena sempre foi ardilosa.Luca explode, voz grossa como ferro:— Se ela fizer qualquer merda com o meu filho, prometo que acabo com ela. Juro por tudo que somos. Vou arrancar cada oss

༺ Luca Beltron ༻Sento-me na cadeira do escritório improvisado com o telefone do meu amigo de segurança na linha e uma sensação de frio correndo pela espinha. Lá fora o relógio da mansão marca as horas com uma precisão cruel; para nós, cada minuto vale ouro.O cara do outro lado da ligação respira fundo e diz que está raspando servidores, verificando ping, triangulando sinais, linguagem técnica que me soa a magia agora, porque se aparecer um ponto no mapa, a gente encontra a minha família.— Consegue fixar as coordenadas? — pergunto, minha voz curta, sem paciência para rodeios.— Tenho uma leitura fraca, mas está se estabilizando — responde ele. — O rastreador soltou há pouco, pingando numa zona rural a sudoeste. Envio o link. Mas atenção: sinal fraco e pode ser um repetidor falso.Olho para o monitor; o mapa abre e as manchas vermelhas tremem como sangue fresco. Mando o link em seguida para o grupo de irmãos com um trêmulo “é aqui”. Pietro sufoca um “deus” e escuto o barulho de passo

༺ Pietro Beltron ༻Dirigia rapidamente, o acelerador colado ao tapete, avançando em direção ao local onde, possivelmente, Amara estaria. A cada quilômetro percorrido, a preocupação crescia, formando um nó apertado em meu peito.A imagem dela e dos bebês sob o domínio do desgraçado do Samir e da Serena me assombrava. O que aquela dupla asquerosa poderia estar fazendo com minha mulher e meus sobrinhos?Enzo, sentado ao meu lado, sacudiu a cabeça, seus olhos fixos na estrada que voava sob as rodas.— Eu não consigo acreditar que nosso tio teve a coragem de fazer isso de novo — ele comentou, a voz tensa e quase inaudível.Apertei o volante com tanta força que meus nós dos dedos ficaram brancos. O couro gemia sob minha pressão.— Ah, ele teve! — respondi, com pura indignação. — Ele sempre foi um invejoso! Sempre nutriu inveja do nosso pai e, por extensão, passou a nutrir inveja de nós!Enzo suspirou fundo, massageando as têmporas.— É inacreditável… Olhe só, ele poderia ter construído o pr

༺ Enzo Beltron ༻Observava a polícia agir, meus nervos à flor da pele. Estava ao lado de Pietro, tentando manter uma compostura que eu não sentia. A vontade de correr para a casa, de arrombar a porta e trazer Amara de volta era quase insuportável.Mas precisávamos esperar. A segurança de minha mulher e seus filhos dependia da cabeça fria do Delegado Marino.Nesse momento de tensão, meu telefone vibrou.Eu me afastei um pouco de Pietro para atender. Era um dos meus funcionários do hospital.— Doutor, chegamos com a ambulância, conforme o solicitado — a voz dele soou baixa do outro lado da linha. — Estamos posicionados um pouco mais atrás, caso haja necessidade ou ocorra alguma fatalidade.Uma onda de alívio e angústia me atingiu. Era bom ter o suporte médico, mas a ideia de precisar dele me aterrorizava.— Agradeço imensamente, fique por perto — respondi, mantendo a voz firme. — Se precisarmos, ligo para você entrar com a ambulância.Encerei a ligação e voltei para junto de Pietro. O D

༺ Domenico Beltron ༻Continuo andando pelo corredor, procurando de porta em porta. Desse maldito casarão enorme, mas não desistiria. Tinha certeza de que Amara e os bebês estavam aqui; o localizador no celular indicava isso com precisão.Invadimos outro quarto, mas estava vazio. Luca, ao meu lado, respirava fundo, frustrado.— Não é possível! — comentou com a voz carregada de impaciência. — A localização está dando neste corredor! Por que não a encontramos? Será que descobriram o localizador ou acabou falhando?Estou nervoso e sentia o suor escorrer pela testa.— Não sei! No entanto, a única coisa que tenho certeza é que não saio daqui sem ela! Vamos continuar procurando!De repente, um tiroteio começou. Vi homens armados atirando na nossa direção. Nossos seguranças atrás revidaram ao lado de dois policiais que nos acompanhavam.— Vamos tomar cuidado! — alertou Luca. — Isso pode ser uma armadilha para nos distrair! Com certeza aquele maldito do Samir está tentando tirá-la daqui!— Pod