༺ Amara Wild ༻Quando vi da janela, o carro preto desapareceu pelo portão da mansão. Continuei imóvel diante da janela, observando o vazio que ele deixava atrás.O ronco do motor ainda ecoava nos meus ouvidos como se fosse um lembrete cruel de que o passado não estava tão enterrado quanto imaginei.Aquele homem tinha ido embora da minha vida há tanto tempo, deixando rastros de dor e abandono, e agora surgia outra vez, usando um terno elegante e dirigindo um automóvel de luxo.Quem ele pensa que era para aparecer na minha vida depois de tanto tempo? Mas ele que fosse para o inferno se quisesse. Eu não vou esquecer tudo o que passei sozinha enquanto tive que cuidar da minha mãe doente.Minha boca secou. Não conseguia acreditar que essa figura, que sempre associei à miséria e ao descaso, pudesse desfilar com tanto ar de grandeza.A primeira ideia que me ocorre é amarga: devia estar alugando carro, roupa e até a postura, fingindo um poder que jamais teve. Provavelmente já sonhava em empur

༺ Pietro Beltron ༻O portão da mansão finalmente surgiu diante dos meus olhos. Depois de uma manhã corrida na agência, sonhava apenas com a tranquilidade da casa e, claro, com um momento ao lado de Amara.Meu corpo pedia descanso, mas o coração sempre acelerava quando pensava nela. Passar esses momentos com ela tinha se tornado um vício sem fim. A maneira como a Amara cativou cada um dos dois sempre me deixa bobo.Ainda dentro do carro, notei a movimentação incomum: um homem parado diante do portão falando com o porteiro, insistindo em passar. Abri o vidro e ouvi sua voz carregada de desespero:— Por favor, diga que estou aqui. Preciso falar com ela! Eu sou o pai dela!O porteiro, paciente como sempre, manteve a postura:— Desculpe, senhor, mas não tenho autorização para permitir a sua entrada. A senhorita já disse que você não é bem-vindo...O sujeito gesticulava, nervoso:— Então ligue para ela! Diga que estou aqui! Eu não saio sem falar com a minha filha!Suspirei fundo. Aquele tea

༺ Amara Wild ༻Senti o corpo de Domenico colado ao meu, a pele quente raspando na minha, e a mão grande deslizando pelas minhas costas com firmeza, mas com cuidado.A respiração dele estava pesada, misturando desejo e urgência, e meu coração disparou como se fosse explodir no peito.— Você está sentindo isso também, princesa? — Ele sussurrou perto do meu ouvido, a voz rouca me arrepiando.— Sim… — murmurou, sentindo um calor se espalhar do peito até a barriga. — Mas… você tem que ir devagar…— Devagar? — Ele riu baixo, mordendo meu ombro. — Eu não consigo quando você está assim, toda provocante, só minha, sentindo você crescer por causa dos nossos filhos.Minha mão afundou nos cabelos dele, puxando levemente, e ele gemeu, mordendo meus lábios com mais intensidade. Esse homem era impossível, dominador, e eu queria que continuasse.Ele se inclinou, deixando minha barriga entre nós dois, e respirou fundo contra minha pele.— Olha essa curva… não posso resistir — disse, passando os dedos

༺ Amara Wild ༻Enquanto permanecia deitada ao lado de Domenico, ainda enrolada no lençol, minha mente girava em torno de tudo o que ele havia me revelado sobre meu pai. Rico? Bilionário? Isso parecia um delírio.Minha mãe sempre sustentou a versão de que ele era um fracassado, um homem sem honra, disposto a qualquer golpe barato. Recordo-me das lágrimas dela, das noites em claro, do rancor que a consumia.Pensar que pudesse ter escondido a verdade de mim me feria ainda mais do que qualquer mentira descarada.Não, minha mãe jamais faria isso. Era mais fácil acreditar que aquele homem usara inteligência e malícia para enganar meio mundo, roubando alguém e transformando esse roubo em uma indústria farmacêutica de fachada.A ideia de que fosse um empresário de sucesso não se encaixava no retrato amargo que carrego desde criança. Enquanto eu mergulhava nessas lembranças, Domenico permanecia ao meu lado.Seus dedos deslizando suavemente pelos meus cabelos, como se quisesse arrancar cada nó

༺ Amara Wild ༻Atravessei a sala revirando os olhos, incrédula com o que tinha acabado de presenciar. A briga lá em cima tinha sido patética.Quatro homens feitos, musculosos, lindos, inteligentes brigando como adolescentes por causa de sexo. Se eu não estivesse tão irritada, teria caído na gargalhada só de assistir ao espetáculo.Respirei fundo, tentando acalmar os pensamentos, quando uma presença chamou minha atenção.O patriarca, Azart, surgiu na entrada da sala, com aquele porte impecável, os cabelos grisalhos penteados para trás e um sorriso que me pareceu, no mínimo, curioso.— Oi, Amara, está tudo bem? — perguntou, a voz grave, carregada da elegância natural que só ele possuía.Fiquei um pouco desconfiada. Por que a pergunta tão direta? Ajeitei o vestido azul florido e respondi com cautela:— Sim… está. Por quê?Ele deu alguns passos na minha direção. A postura ereta, as mãos cruzadas nas costas, o olhar azul penetrante que lembrava os filhos. Havia nele uma autoridade calma, m