Harper WardEu estava dormindo. Ou pelo menos tentando.A cama enorme parecia me engolir, não que eu pudesse reclamar, considerando que dormia no sofá duro da Aprill. Mas, droga, o silêncio era meio opressivo, e havia todos aqueles sons de sapos barulhentos como se anunciassem um apocalipse lá fora.Foi por isso que, quando ouvi o barulho na janela, meu coração disparou como se tivesse visto o próprio diabo.Os olhos se abriram arregalados, mas o resto do corpo permaneceu imóvel, congelado de medo. A cortina balançava com o vento, a janela aberta, e ali, de pé, uma maldita silhueta atravessando a escuridão.Ele era grande. Eu não teria chance alguma. Por um segundo, minha mente criou todos os piores cenários possíveis: um tarado, um ladrão, um psicopata serial que ia me sequestrar, me esquartejar e jogar os pedaços no lago. Eu já podia até ver as manchetes: “Babá encontrada em pedaços no rancho do governador”. Maravilhoso.— Tarado! — gritei, num tom que soou bem menos ameaçador do q

Chase HarrisonArmário.Nunca pensei que fosse me tornar esse tipo de adulto de merda, fazendo coisas estupidas e me escondendo dentro de um cubículo que cheirava a lavanda e madeira.Como se a situação já não fosse absurda o suficiente por si, minha maldita mente teve a audácia de sentir indignação.Que merda havia de errado comigo? Sempre fui um homem focado, comprometido com o trabalho, e agora, ou estava pensando em foder a desgraçada, ou em formas de me livrar dela e da maldita tentação.Grace falava do lado de fora. E eu sabia que aquilo ia dar merda.— Por que você está com isso? — A voz dela soou irritada.Meu estômago travou. Isso o quê?Ouvi Harper gaguejar. — Isso…?— Esse é o relógio. — Ouvir os passos se aproximando só me deixaram mais tenso, como se o ambiente já não fosse minúsculo o suficiente.Porra.Instintivamente, passei a mão no pulso. Vazio. O relógio tinha caído quando eu me joguei para dentro desse buraco. Mal havia tido tempo de vestir as calcas, mas eu dever

Chase HarrisonHarper evitou me olhar o café da manhã inteiro. Não ergueu os olhos do prato, não comentou nada sobre a viagem, não sorriu nem para os comentários irritados da Grace. Fingiu que eu não existia, porra.E se tinha algo que eu odiava mais do que ser desafiado, era ser ignorado.Agora estávamos no rancho. O sol queimava alto, e eu estava montado no meu cavalo com os dois pirralhos Harrison ao meu lado. Harper, por sua vez, observava à distância, os braços cruzados, como se fosse turista de zoológico.Ela, me odiando, e eu odiando a maldita roupa colada que colocou essa manhã. Os mamilos estavam marcados, e a porra do piercing podia ser notado se você tivesse um par de olhos.Eu a olhei de cima a baixo, e tudo em mim gritou para tirá-la dali, jogá-la na porra da sela e obrigá-la a cavalgar até perder o fôlego. Mas, claro, não tive essa chance.— Senhor Harrison, um pouco mais para a esquerda, por favor — um dos fotógrafos chamou, e eu virei o cavalo, paciência no limite.Enq

Harper WardSentir as mãos dele em mim, me fez entender que eu podia jurar que Chase não voltaria a me tocar, por que eu sempre estaria mentindo. Mas, foi quando ele subiu no cavalo que senti minha respiração parar por um tempo. A primeira coisa que percebi foi o calor. O corpo dele pressionado nas minhas costas, como se fosse impossível existir espaço entre nós. A segunda foi a respiração. Forte. Quente. Constante contra o meu ouvido, e a maneira como segurava as rédeas, e as veias salvam de suas mãos grandes. Era atraente, ao menos para mim. E, atormentada, tentei focar no caminho, esquecendo até mesmo a dor no tornozelo.Não falamos nada. Nem uma palavra. O silêncio era mais barulhento que qualquer discussão, e o som dos cascos do cavalo contra a trilha ecoava dentro da minha cabeça, aterrorizando e intimidando ideias de que eu deveria descer. Eu não sabia se ele estava tão afetado quanto eu, mas podia jurar que sim. O cavalo avançava devagar, como se ele não tivesse nenhuma press

Chase HarrisonGrace não parava de andar de um lado para o outro, o rosto vermelho, os olhos cheios d’água. Eu já tinha visto líderes mundiais perderem o controle em mesas de negociação, homens armados enlouquecidos gritando no meio de um campo de batalha político, mas nada — absolutamente nada — se comparava à minha filha adolescente surtando no meio da sala.— Pai, me diz logo! — A voz dela quebrou, quase um soluço engasgado. — O que aconteceu com a Harper? Você não pode esconder isso de mim!Cerrei os dentes, tentando manter a calma. Eu conhecia Grace, sabia que se eu falasse a verdade de forma crua ela explodiria ainda mais, mas se eu mentisse… bom, ela me odiaria pelo resto da vida. Suspirei e decidi pelo meio-termo.Não diria a uma pré-adolescente que tinha um caso com a pessoa favorita dela, porra. — Ela sofreu um pequeno acidente.Foi o suficiente para o mundo da minha filha desmoronar. Grace arregalou os olhos, as mãos tremendo, e se jogou no sofá como se tivesse perdido tod