DianaAcordei no meio da madrugada com o coração batendo tão forte que parecia que ia rasgar meu peito. Me sentei na cama de repente, o quarto escuro, o som das ondas ao longe pela janela entreaberta, e uma fúria subindo pela minha garganta como se eu estivesse engolindo fogo.Meredite.Só de pensar nela, meus dentes rangeram. Aquela mulher… ela não tinha limites. Ela não tinha alma. Arrancar o Ethan da empresa dele, me demitir, nos humilhar... e agora eu aqui, com um bebê crescendo dentro de mim, tentando manter a calma quando o que eu queria mesmo era vê-la pagar. Por tudo.Levantei da cama, descalça mesmo, andando de um lado pro outro, como uma leoa presa em gaiola.Eu precisava fazer alguma coisa.Não era justo. A gente só queria viver. Só queria amar um ao outro. E ela? Ela queria destruir tudo.Eu abri a janela e deixei o vento bater no meu rosto. Minhas mãos estavam tremendo. Era raiva, pura e bruta.— Diana...? — ouvi a voz do Ethan, ainda sonolenta, lá de trás.Eu fechei os o

DianaEu não sabia que silêncio podia doer tanto. Dois dias atrás, eu estava rindo, sonhando com tudo que vinha pela frente. Agora, estava deitada nessa cama branca, com um monitor apitando devagar, lembrando que meu corpo não é tão forte quanto eu pensava.O médico disse “gravidez de risco” como quem entrega uma sentença. Duas palavras que grudaram na minha cabeça e não saem nem quando fecho os olhos.Meu bebê… nosso bebê… tão pequeno, tão indefeso, dependendo totalmente de mim. E eu falhei. Pelo menos é assim que sinto.Virei o rosto e encontrei Ethan sentado na poltrona, os olhos vermelhos, cabelo bagunçado. Ele não dormiu nada. Eu sei. Ele não desgrudou de mim desde aquela manhã.— O que foi? — ele perguntou quando percebeu que eu estava acordada.— Nada… &mda

EthanAcordei com um daqueles raros sentimentos que só vêm quando a vida parece estar… certa. A luz entrava pelas cortinas, suave, dourada. E eu senti o cheiro antes de ouvir qualquer coisa: café fresco, panquecas… e o som dela cantarolando baixinho.Levantei devagar, ainda com aquele sorriso idiota preso no rosto. Peguei a camiseta jogada na poltrona e vesti antes de ir até a cozinha.E lá estava ela.De costas pra mim, cabelo preso num coque bagunçado, camiseta larga, pés descalços no chão frio. A mulher que fez meu mundo desmoronar e, ao mesmo tempo, me fez querer reconstruí-lo.— Bom dia, meu amor. — Minha voz saiu baixa, carregada de carinho.Diana se virou, e o sorriso dela foi o tipo de coisa que poderia curar qualquer ferida.— Bom dia, você. — Ela apoiou a espátula na frigideira e veio até mim para me dar um beijo suave. — Como você dormiu?— Como um rei. — Sorri contra os lábios dela. — E você?— Ótima. — Ela deu um risinho, voltando para as panquecas. — Agora senta. Já está

DianaPeguei o celular com as mãos trêmulas e fiquei olhando para a tela por alguns segundos. Meu coração estava acelerado como se eu fosse cometer um crime. Não era nada disso… era só uma ligação para a minha mãe. Mas parecia tão difícil falar agora, como se as palavras fossem me trair. Respirei fundo, encostei as costas no sofá e disquei o número que eu conhecia de cor desde criança.Quando ouvi a voz dela do outro lado, doce e firme como sempre, não consegui segurar o nó na garganta.— Oi, mãe…— Diana? Filha, que bom ouvir sua voz! Está tudo bem?Sorri sozinha. Como é que mãe sempre sabe quando não está tudo cem por cento?— Tá… mais ou menos. Quer dizer, tá tudo bem comigo e com… com o bebê.O silêncio do outro lado durou só um segundo, mas pareceu uma eternidade antes que ela soltasse um grito tão alto que eu afastei o celular da orelha.— O QUÊ? Meu Deus, Diana! Você está grávida?!E foi ali, com ela gritando do outro lado da linha, que eu percebi que sim. Eu estava mesmo. E po

EthanO silêncio do apartamento parecia me engolir vivo. Diana estava dormindo no quarto, exausta depois de mais um dia tentando me convencer de que “dinheiro não importa”. Mas eu sabia que importava. Não porque ela ligasse para luxo, mas porque agora tínhamos um bebê a caminho, e um bebê custa segurança, custa estabilidade. E Meredite estava tirando isso de nós.Peguei uma garrafa de uísque, enchi o copo, mas nem cheguei a beber. Em vez disso, abri meu notebook e olhei para os documentos que o advogado enviou. Avaliações de imóveis, carros, investimentos. Tudo listado como possível venda. Era como ver minha vida inteira num leilão.“Se eu fizer isso, ela vence”, pensei. E ainda assim, meus dedos clicavam, confirmando a venda da minha cobertura em São Paulo. Depois, a segunda casa de praia. O iate, os dois carros de luxo. Eu estava desmontando meu império, peça por peça, só para pagar por uma mentira.Mas eu não tinha escolha. Ou tinha?Na manhã seguinte, acordei antes de Diana. Tomei