O dia começou com aquele sol absurdo da Grécia que parecia querer entrar pela janela e acordar a gente à força. Eu abri os olhos e, por um momento, esqueci onde tava. Lençóis brancos, cheiro de sal, o som do mar batendo lá embaixo... aí lembrei: lua de mel em Santorini. E o homem deitado do meu lado, com o braço jogado em cima de mim, dormindo como se não tivesse um império pra administrar.Virei o rosto e fiquei só olhando. Ethan parecia mais leve ali, sem terno, sem relógio caro, sem a expressão séria de CEO. Só ele, respirando fundo, com o cabelo bagunçado e a barba por fazer.— Você tá me encarando, senhora Alencar? — ele murmurou, com os olhos ainda fechados.Revirei os olhos. — Eu tava pensando se ainda dá tempo de trocar o marido.— Sem devoluções, amor — ele respondeu rindo, puxando meu queixo pra um beijo lento.Depois do café da manhã, que parecia coisa de filme (frutas cortadinhas, iogurte com mel, suco de romã e tudo que eu não sei pronunciar), ele apareceu com um sorriso

DianaAcordei antes do sol nascer. O quarto ainda estava meio escuro, com aquele tom azul que a madrugada deixa antes de desistir. O ar-condicionado deixava o ambiente frio, mas o corpo quente de Ethan do meu lado era o suficiente pra eu não querer me mover.Ele dormia de lado, com o braço jogado por cima da minha cintura, como se o corpo dele soubesse que eu era dele mesmo sem estar acordado. O peito subia devagar, e o cabelo bagunçado deixava ele com um ar quase… humano.Fiquei ali por um tempo, só observando. Cada linha do rosto dele, o maxilar firme, a respiração calma. E de repente, o mundo inteiro pareceu quieto demais.Eu quis bagunçar isso.Aproximei meu rosto devagar, roçando a ponta do meu nariz no pescoço dele. O cheiro da pele dele misturado ao perfume do hotel — era o tipo de coisa que vicia. Ele se mexeu um pouco, e um sorrisinho preguiçoso apareceu no canto da boca.— Já acordada? — murmurou, com a voz rouca, ainda meio entre o sono e a vigília.— Não consegui dormir. —

DianaO quarto estava silencioso demais.O tipo de silêncio que machuca o ouvido, sabe? O que parece te engolir inteira.Eu estava sentada na beira da cama, com o coração ainda acelerado e as mãos tremendo, mesmo depois de tudo já ter passado. Ethan estava perto da janela, de costas pra mim, falando alguma coisa no telefone. O tom de voz dele era baixo, mas firme — o jeito que ele ficava quando estava resolvendo algo sério.Eu não ouvia direito.Na verdade, nem queria.Minha cabeça parecia girar em um looping sem fim, entre o rosto da Meredite, o barulho dos saltos dela, e o perfume. Aquele maldito perfume.Fechei os olhos e tudo voltou — o hospital, a luz fria, a sensação de vazio.O choro veio antes mesmo de eu perceber.Primeiro leve, um soluço contido. Depois desabou.— Diana? — a voz dele veio suave, preocupada. Ele largou o celular na hora e veio até mim. — Ei, ei... o que foi, amor?Balancei a cabeça, mas as lágrimas não paravam. — Eu... eu quero ir embora daqui, Ethan.Ele se

EthanAcordei com o som do mar batendo lá fora. Aquele som suave, constante, que mais parecia um lembrete de que a vida podia, sim, ser simples por alguns instantes. A luz entrava pelas cortinas brancas do quarto e iluminava o rosto da Diana, adormecida ao meu lado. Ela parecia calma outra vez, depois de tudo o que aconteceu nos últimos dias — o susto, o ataque de pânico, a correria pra mudar de hotel.Apenas fiquei ali, olhando pra ela. O cabelo bagunçado caía pelo travesseiro, o rosto tranquilo, os lábios entreabertos. Era quase impossível acreditar que a mulher que agora dormia serena, minutos atrás tinha estado à beira de um colapso. A força dela me deixava sem ar.Toquei de leve o rosto dela com a ponta dos dedos.— Bom dia, amor.— murmurei, baixo.Ela se mexeu, soltou um resmungo preguiçoso e abriu os olhos.— Já tá acordado? — a voz dela saiu rouca, sonolenta.—Faz tempo — falei sorrindo. — Tava aqui pensando que a gente devia aproveitar o dia. O sol tá perfeito lá fora. E a ge

DianaO sol batia forte, refletindo nas águas azuis de Santorini, e eu tentava me convencer de que estava tudo bem. Que era só uma leve indisposição. Ethan parecia tranquilo, até demais, enquanto ajeitava a gola da camisa branca e sorria pra mim.— Tem certeza que quer ir? — ele perguntou, me olhando de lado, com aquele olhar que misturava cuidado e teimosia.— Sim — respondi, respirando fundo. — Já estou melhor. Só foi algo que comi.Ele não acreditou de cara, eu percebi. Mas também não quis discutir. Me deu a mão, e fomos andando devagar até o píer, onde a lancha já estava pronta. O cheiro de maresia, misturado com o perfume amadeirado dele, me deixava meio tonta — ou talvez fosse só a lembrança do enjoo.O funcionário do hotel, aquele que havia nos convidado pro passeio, acenou e começou a falar com Ethan em inglês. Eu não entendi tudo, mas percebi que ele explicava sobre o trajeto, as paradas, e que o casal que iria junto com a gente ainda não tinha chegado. Ethan respondeu, rindo