Sozinha, mas Nunca Mais SóQuando a família foi embora, deixando-a finalmente a sós, Elise pegou o celular. O coração pulsava com a necessidade de compartilhar aquela alegria com alguém especial. Ligou para Paul.Ele atendeu com um sorriso, ainda que cansado.— Mas que alma se salva, — brincou. — Está jogando para mim.Elise riu.— Quero te apresentar o meu lar. Agora eu tenho uma casa.— Você não está mais no flat?— Não. O Robert e a Mary Lou me deram essa casa de presente, naquele condomínio perto do resort. Hoje mesmo me mudei.Com a câmera ligada, ela foi mostrando cada cômodo.— Olha só, cozinha organizada, sala arrumada, cortinas novas... E aqui, a varanda. Já está toda telada. Meus pequenos não precisam mais ficar na creche. Vou deixar a televisão ligada e eles ficam em casa, seguros.Do outro lado da tela, Paul parecia absorver cada detalhe. Havia orgulho em seus olhos.— Você

O rompimentoMonique ficou imóvel, o rosto empalidecendo ao ver as fotos no envelope. Tentou fechar a pasta com pressa, mas Paul empurrou de volta para ela.— Isso aqui já dura anos, Monique. Você transformou o seu sócio e namorado em amante, apenas para tentar me usar como trampolim. — a voz dele era firme, sem espaço para réplicas. — Bastava dizer que seus pais estavam em dificuldades. Eu e Filipe teríamos ajudado. Eu teria investido na empresa deles sem problema algum. Seus pais são pessoas respeitáveis, dignas. Eu os conheço desde criança. Não acredito que eles saibam disso.Ela tentou articular algo, mas Paul ergueu a mão, cortando qualquer defesa.— Mas você… você me envergonhou. Você quis me usar. E não há nada pior para mim do que ser tratado como moeda de troca.Ele levantou-se da cadeira, a imponência dele enchendo o escritório. O silêncio era quase sufocante.— Não vai haver casamento. — disse, frio, definitivo. — Você

Entre Gatos e DestinosPaul entrou cedo na empresa naquela segunda-feira. Havia uma serenidade diferente em sua postura, como se os dias turbulentos tivessem finalmente encontrado um desfecho. Subiu até a sala do irmão, e Filipe, ainda sentado à mesa, ergueu os olhos quando o viu entrar.— Bom dia. — Paul quebrou o silêncio, colocando a pasta de couro sobre a mesa. — A Ashley deixou alguma coisa para a Elise?Filipe assentiu e empurrou um envelope em sua direção.— Sim, já pedi para deixarem no meu escritório. Achei melhor você mesmo entregar.Paul segurou o envelope, o olhar firme.— Perfeito. Vou aproveitar que vou a Silver Spring resolver alguns pontos no resort e já levo.Filipe arqueou uma sobrancelha.— Ainda decidido em expandir aquele resort?Paul se recostou na cadeira, a sombra de um sorriso no rosto.— Mais do que nunca. O prefeito Robert tem sido uma surpresa. Fechou várias propostas conosco, gerou emp

A mesa já não era mais apenas o lugar de um jantar. O bife acebolado esfriava devagar no prato, o purê permanecia intocado em uma das travessas, e o suco de laranja perdera o frescor inicial. O silêncio que pairava entre os dois não era incômodo, mas denso, carregado de algo maior.Paul largou os talheres de lado, passando a mão pelos cabelos, visivelmente nervoso.— Elise… — ele disse baixo, hesitante. — Eu vou te falar uma coisa que, na verdade, eu tinha decidido que não falaria agora. Ia deixar para outro momento. Mas… já que você me perguntou sobre o casamento, eu não posso mais guardar.Ela ergueu os olhos, surpresa com o tom dele.— Depois que você foi embora… — continuou, a voz falhando. — Você percebeu que eu te ligava sempre? Para saber como você estava, se estava bem… se precisava de algo?Elise assentiu, sem conseguir falar.— Eu não ligava só por preocupação. — ele confessou, o olhar preso nela. — Eu ligava porque eu

Paul despertou cedo, antes mesmo que os primeiros raios de sol entrassem pela cortina do quarto de hóspedes. Ficou por alguns instantes apenas deitado, escutando a respiração serena de Elise no quarto ao lado. Um sorriso lhe escapou: parecia um sonho, mas era real.Levantou-se em silêncio, tomou uma ducha rápida, fechou a porta com cuidado para não fazer barulho e seguiu direto para a cozinha.Ali, arregaçou as mangas e assumiu a rotina da casa como se fosse sua. Preparou o café da manhã com dedicação: café fresco, pães aquecidos, suco natural espremido na hora, frios arrumados em uma bandeja, ovos mexidos no ponto certo. Enquanto o aroma tomava conta do ambiente, ele abriu a varanda para alimentar os animais.Zeus correu até ele mancando com a prótese, abanando o rabinho. Hera se enroscou em suas pernas, pedindo carinho. Sebastian, o gatinho preto de Elise, miava exigente, e Mel espiava de longe, curiosa. Paul riu sozinho, servindo a ração de ca