(Visão do Submundo) O cheiro metálico de sangue ainda impregnava as paredes do galpão abandonado, mesmo dias após o massacre. As lâmpadas penduradas por fios tortos balançavam, lançando sombras que se contorciam pelo chão como espectros do que havia acontecido ali. — Foi aqui... — disse um dos capangas, com a voz arrastada. — Quando chegamos, tava todo mundo morto. Menos ele. O homem de terno escuro parou diante do corpo estirado sobre a maca improvisada. O capanga se referia a ele como “sorte no azar”, mas o olhar do chefe dizia o contrário. A instalação era discreta. Um antigo laboratório químico reformado para fins escusos, longe dos olhos curiosos, até mesmo dentro da própria organização. Ali, só os escolhidos entravam. O homem estava entubado, o rosto quase irreconhecível — inchado, cortado, um olho coberto por gaze. O monitor cardíaco apitava devagar, marcando um ritmo fraco, mas persistente. Contra todas as probabilidades, ele estava vivo. O chefe do esquema, conhecido a
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