POV:Lorenzo A noite anterior com Estela ainda estava gravada na minha pele. O cheiro dela, o gosto, os sons... como ela gritava meu nome como se fosse a única coisa que conhecia no mundo. Dormir ao lado dela foi como descansar dentro de um sonho perigoso e doce. Por um instante, o mundo lá fora deixou de existir. Ao vê-la tomar um pequeno susto quando vou que eu estava acordado me tirou um leve sorriso. Levantamos da cama e fomos para a cozinha, uma cena típica de um casal normal, o que me fez desejar ter aquilo todos os dias, ela estava lá,linda um perfeito furacão que chega sem avisar e bagunça tudo sem pedir permissão. Estava com os cabelos levemente bagunçados, vestia minha blusa, as bochechas levemente coradas e os lábios inchados, marcas de uma noite inesquecível. Queria que o mundo congelase ali, pela primeira vez estava sentindo algo e gostava. Meu celular apitou com idicio de uma nova mensagem, olhei a tela e vi que era Ricco, código vermelho. olhei pra Estela. -- P

POV: Estela Os dois dias de folga passaram como um sopro. Rápido demais. Bonito demais. Curto demais. Minha mãe, minha irmã, Catarina… a casa cheia de risadas, cheiros, vozes que eu não ouvia há tanto tempo. Aquelas paredes ganharam cor. Vida. Amor. E com minha mãe, como sempre, o assunto uma hora escapou pelos meus lábios, sem pedir permissão. Falei sobre ele. Sobre Lorenzo. — “Mãe, eu tô com medo. Eu sinto… sinto algo por ele. Mas é tudo tão rápido, tão intenso… parece que me atropelou.” Ela me olhou com aquele olhar que só mãe tem. Aquele que vê além das palavras. — “Às vezes, filha, não é a rapidez que assusta. É a profundidade. A gente se apaixona por quem faz nossa alma reconhecer algo que o corpo ainda tá tentando entender.” Guardei aquilo. No peito. Como se fosse um cobertor em noite de inverno. Em um desses dias, recebi a mensagem dele. “Você e sua família terão vigilância. Apenas por precaução. Você confia em mim?” Minhas mãos nem hesitaram. “Sim. Mas se cuid

O quarto estava silencioso, como se todos os sons tivessem sido absorvidos por aquele momento íntimo e sagrado. Lorenzo segurava Aurora com tanto cuidado, os olhos fixos nela, como se estivesse diante do tesouro mais raro do mundo. O brilho dourado da pequena corrente em sua mão refletia a luz do sol filtrada pelas cortinas claras. A corrente trazia o brasão dos Moretti — uma rosa entrelaçada a um punhal. Nossos olhares se cruzaram, e o impacto foi imediato. Era como ser puxada por uma força invisível, arrastada por um redemoinho onde lembranças, dor e desejo se misturavam sem clemência. Meus pulmões falharam por um instante, e por sorte, a voz suave de Beatrice me trouxe de volta à superfície. — Chegamos no momento exato. A benção da família é algo que só os Moretti entendem completamente. — Ela sorriu ao me olhar de lado. — E acho que agora você começa a compreender um pouco mais. Assenti com a cabeça, tentando disfarçar o caos que se espalhava dentro de mim. Depois da cerim

POV:Lorenzo Após Ricco sair da cirurgia, deixei o hospital com o coração em carne viva e o sangue em ebulição. Não houve descanso. Nem luto. Apenas fúria. O homem que tentou destruir a paz naquela festa não era um qualquer. O ataque foi coordenado. Preciso. O tipo de investida que vem de dentro. E no meu mundo, traição é a pior das moedas. Comecei por interrogatórios. Jules me entregou o bastardo que capturou no final da noite. Algemado, espancado, tremendo. — Quem mandou você? — perguntei, voz baixa, ameaçadora. Silêncio. — Eu posso ser misericordioso. Mas não hoje. O interrogatório durou horas. Sangue escorreu. Ossos foram partidos. Mas no fim, a língua do traidor se soltou. Um nome. Marcello D’Angelo. Um velho rival, dado como "reformado", tinha alianças novas. E sede de território. Ele achou que enfraquecer os Moretti quebraria nossas alianças. Um erro fatal. Passei os dias seguintes invadindo armazéns, cortando rotas, queimando estoques. Cada movimentação dele,

POV: Estela Três dias após a visita de Lorenzo A lembrança ainda era recente. No dia anterior, caminhei pelo corredor do hospital com o prontuário de Ricco em mãos, meus passos calmos, mas os pensamentos em turbilhão. Quando entrei no quarto, encontrei-o sentado, com o braço apoiado no encosto da cama, os olhos mais vivos, o tom levemente irônico já retornando. Laís, sua esposa, estava ao lado dele, segurando sua mão com um carinho que me fez sorrir. — Bom dia — falei, checando o monitor dos sinais vitais. — Dormiu bem? — Dormir aqui é quase uma missão de guerra, doutora. Mas comparado a levar um tiro na cabeça... até que é tranquilo — ele disse com um sorriso sarcástico. — Pelo menos o humor tá intacto — comentei, examinando o prontuário. Fiz os testes clínicos com atenção: coordenação, fala, reflexos, mais alguns exames rápidos. Tudo indicava que Ricco estava estável. — Vai ter uma bela cicatriz — murmurei, anotando algo. — Mulheres adoram cicatrizes, não é o que diz