ClaraTheo saiu da cozinha com duas taças de vinho, me entregou uma e se sentou ao meu lado no sofá. Eu forcei um sorriso, tentando parecer presente, tentando fingir que meu estômago não estava se contorcendo com o que eu tinha visto na noite anterior.No entanto, a cena não saiu da minha cabeça um só momento. Viviane. A mãe dele. Nos braços de Afonso.— Você está estranha — Theo disse, com os olhos fixos em mim. — E desde que chegou aqui, parece que tá... sei lá, desconectada. Aconteceu alguma coisa?Eu dei um gole pequeno no vinho. Sentia o gosto metálico, amargo. Não era o vinho. Era o momento. A mentira que eu engolia em silêncio.— Não é nada, de verdade. — Dei de ombros, como se meu coração não estivesse prestes a implodir. — Só estou preocupada com a Teresa. Ela não me atende há três dias, e você conhece ela... É estranho essa falta de notícias.Theo franziu o cenho, desconfiado. Aparentemente, ele já me conhecia o bastante para saber quando eu estava escondendo algo. Mas també

ClaraMinhas pernas mal me sustentavam enquanto eu empurrava a porta do banheiro da empresa. A porcelana fria do lavatório me pareceu um apoio mais confiável do que qualquer outra coisa no mundo naquele momento.Theo havia me olhado como se eu fosse uma mentira. Como se tudo o que vivemos fosse apenas parte de uma farsa montada por mim.Ele acreditou.Aquelas fotos. Aquelas palavras afiadas. O ódio nos olhos dele.Eu me apoiei na pia, tentando me recompor. Abri a torneira e deixei a água escorrer entre os dedos trêmulos antes de levar as mãos ao rosto. Os olhos ardiam. A garganta doía de tanto conter o choro que já me envenena por dentro. Mas eu não podia desabar ali. Não na empresa. Não diante de ninguém.Eu estava tentando respirar, apenas respirar, quando ouvi a porta se abrir.Sabia que não era qualquer funcionária. O som dos saltos firmes, a respiração pausada, como quem saboreia a vitória, me alertou antes mesmo da voz.— Eu avisei que isso aconteceria.Viviane Ferraz.Virei de