TODOS os capítulos e episódios de O Caipira a EscritoraDan_Venan - Página 3 - BueNovela

Início / Romance / O Caipira / Capítulo 21 - Capítulo 30

Todos os capítulos do O Caipira: Capítulo 21 - Capítulo 30

62 chapters

Ciúmes no restaurante

Charlotte ajustou o brinco de pérola pela terceira vez e passou mais uma camada de gloss, mesmo sem espelho. Usava um vestido branco justo, salto alto e uma clutch brilhosa. Tudo isso para jantar fora. Ou pelo menos o que ela achava que era jantar fora.— Tá pronta? — Bento apareceu na varanda, sorrindo, com a carroça estacionada atrás dele.— É sério isso? — ela sussurrou entre os dentes, mantendo o sorriso forçado. — Cadê o carro?— Uai, essa carroça aqui nunca falha. Suba aí, megera.A contra gosto, Charlotte não teve outra alternativa que não obedecer! Subiu na carroça, bufando feito búfalo raivoso, enquanto Bento todo feliz e orgulhoso acha que está abafando. ***Chegaram ao restaurante mais próximo, que ficava a quinze minutos de carroça da fazenda. Um lugar simples, com mesas de madeira, ventilador de teto e cheiro forte de alho e linguiça. Charlotte desceu da carroça tentando

Almoço com gosto de barraco

A mesa da varanda esta posta com tudo que tem direito: frango com quiabo, arroz soltinho, farofa de torresmo e uma jarra de suco de caju suando ao lado do queijo fresco. Mas o que está suando mais é Charlotte, sentada ali entre uma ex mal resolvida, um ex apaixonado e um namorado que ainda nem tinha certeza se era oficial.Charlotte mexe no arroz com o garfo, forçando um sorriso pra não voar no pescoço de ninguém.— Bento... — ela começou, ajeitando os óculos escuros mesmo debaixo da sombra. — Quando minha amiga veio visitar a fazenda, você disse que não tinha quarto sobrando…Mas pra essa imitação rural de patricinha, arranjaram um quarto em três segundos?Clemilda sorriu, recostada na cadeira, toda espalhafatosa com um vestido rosa-choque de cetim que brilha mais que o frango assado.— É porque eu sou de casa e da família, queridinha. Aliás, eu poderia estar casada com Bentinho se não tivesse ido pra capita

Corrida e leite derramado

O sol mal tinha subido quando Clemilda surgiu cavalgando com estilo: calça justa, bota de couro e sorriso de quem já tinha ganhado o dia. Desfilava no cavalo marrom como se estivesse numa propaganda de sabão em pó rural.Passou perto da porteira e viu a cena: Bento, distraído, deixava o leite escorrer do balde — direto nos pés de Charlotte.— Eiii, seu ogro! Cuidado! — gritou Charlotte, pulando pra trás, toda suja de leite e indignação. — O que você tá olhando?Bento piscou, confuso, e respondeu:— Ah, nada… ocê que atrapalhou aqui. — Tentou disfarçar, mas o olhar tinha ido direto pra Clemilda montada.Charlotte virou-se a tempo de ver a rival balançando os cabelos como se estivesse em câmera lenta.O sangue ferveu.Zuleika apareceu na porta da cozinha, mão na cintura com raiva.— Ô fio! Cadê o leite? Isso era pro café, não pro jantar!— Já vou, mainha! — gritou Bento, ainda tentando limpar os pés de C

Era meio-dia na Fazenda Valença. O calor é tanto que até as galinhas andam de língua pra fora.No celeiro, Bento ronca estirado num monte de feno, uma perna pra lá, outra pra cá, de boca aberta, suando e… liberando gases com tranquilidade.Foi quando Clemilda entrou, tapando o nariz com a ponta da blusa.— É lindo, mas é porco… — murmurou, franzindo o rosto. — Um peido a cada respiro. Misericórdia!Com a cara mais abusada do planeta, subiu em cima dele sem cerimônia.— Oxi! Que diacho cê tá fazendo, mulher? — ele resmungou, acordando assustado, tentando entender se tava sonhando ou num pesadelo.— Quero o calor do seu corpo, Bentinho… — ela disse, fazendo biquinho.— Pois vá pro meio do mato e aproveita o calor do sol, ora essa! Sai de cima de mim e me deixa em paz!— Bento… eu quero ocê de volta — disse com voz manhosa.Ele empurrou o chapéu pra trás, irritado.Ler mais

Cólica e chocolate

Chorando rios de lágrimas, assuando o nariz pela quinquagésima vez, Charlotte fitava Savanna — que afiava um alicate de unha e Clara, que balançava a pequena Maria nos braços.— Eu sabia que se apaixonar era difícil... mas sentir ciúmes de um homem daquele... — fungou Charlotte.— Eu, hein, mulher. — disse Savanna, impaciente. — Ciúmes daquele caipira? Não acredito!— E esse alicate aí? — Charlotte estranhou.Savanna levantou os olhos, com um brilho vingativo.— Vou adorar arrancar unha postiça por unha postiça daquela tal de Clemilda. Começando pelo mindinho.— Você me dá medo. — Charlotte fungou de novo, assustada.— Não fica assim. — disse Clara com doçura. — Bento gostou da Clemilda, sim… mas por você, Charlotte… ele tá caidinho. Dá pra ver a quilômetros de distância.— Gostando de mim e beijando aquela patricinha de quinta? Sei… difícil acreditar. Aliás, eu nem queria

O momento chegou.O tapete de palha foi estendido no meio do terreiro, cercado de cadeiras de plástico enfileiradas, cada uma ocupada por moradores curiosos, comendo pipoca doce e chupando picolé de caju.De um lado, Zuleika e Anselmo assistiam com a empolgação de quem esperava o nascimento do próximo herdeiro da fazenda.Na mesa da frente, o prêmio reluzia sob a toalha florida: um cesto com cosméticos vencidos, uma faixa bordada à mão com “Dama da Lama 2025” e um leitãozinho enfeitado com laço rosa nos braços de Bento, que, parado ao lado, suava mais que tampa de marmita.Na mesa dos jurados:Savanna, toda pomposa com uma caneta rosa piscante, Carlos, de óculos escuros emprestado da mulher, e Zeca, que parecia mais preocupado em agradar Savanna do que julgar honestamente.Do outro lado, Tales e Ritinha tentavam se beijar às escondidas, mas a plateia não permitia: o povo de roça não perdoa beijo em e

Miss: Dama da lama

O tapete de palha ainda nem tinha sido recolhido quando Charlotte foi coroada oficialmente Dama da Lama.Recebeu a faixa, o porquinho costelinha com laço rosa nos braços e — o prêmio mais desejado — um beijo de Bento, bem no meio da testa, que arrancou suspiros da plateia.Todo mundo aplaudia, gritava, jogava pétalas de flor e pipoca pro alto, numa mistura de festa de igreja com rodeio.Mas do canto… surgiu ela.Clemilda.Possessa.Chorando, bufando, tremendo os cílios postiços.— Como podem permitir que essa daí ganhe? — gritou. — Ela nunca vai saber o que é acordar cedo, ir pra escola na chuva, na lama, com fome! Ela não nasceu na humildade!Zuleika se levantou com elegância e respondeu.— A humildade, minha filha, não nasce. Se conquista com o tempo, vivendo… e aprendendo.Clemilda bateu o pé, jogou o cabelo, o vestido de pena girando no ar.— Eu NÃO aceito! Isso é um ABSURDO!— Quer um lencinho, queridinha? Ou prefere um pano de chão? — Disse Savanna, sem paciência, revirando os o

Havaiana no lombo

— PELO AMOR DE DEUS, MAINHA, EU NÃO QUERO CASAR! — choramingou Tales, ajoelhado, com a calça pela metade e o orgulho em frangalhos.— CALA A BOCA! — berrou Zuleika, com a havaiana em riste. — EU. TE. DISSE. QUE. ROMANCE. COM. PRIMA. NUM. DÁ. CERTO!Cada palavra, uma chinelada nas costas dele.Tales já estava rastreando no chão, chorando com força.Bento, parado no canto da sala, ria da desgraça do irmão, quase engasgando com um pedaço de goiabada.Savanna, prática, já estava filmando tudo com o celular, narrando como se fosse documentário:> — "Fazenda Valença. Caso de incesto, choro, e havaiana voadora..."Charlotte, com o coração mole, ficou com pena de Ritinha, que chorava se rastejando no chão, agarrando a perna de Tales.Afonso, vermelho de raiva:— E você, Ritinha? Essa vergonha toda... ele te obrigou?— Não, painho... eu quis...PÁ! —

Vestidos novos!

Clemilda, escondida no mato como uma onça de batom, observou de longe o fuzuê na fazenda. — Ora, ora... até Ritinha se deu bem, e eu aqui largada no matagal! — disse, com raiva nos olhos e barro na canela. — Talvez... seja a minha chance de pegar o buquê e casar com Bentinho!E sumiu como uma sombra noite a fora.***No dia seguinte, Charlotte arrumava os cabelos, se preparando toda empolgada.— Hoje é dia de ir pra Beagá comprar o vestido!Ela e Savanna seriam madrinhas do casório de Ritinha e Tales, e estavam animadíssimas.Na frente da casa, Bento preparava a carroça, e Tales, todo machucado e mancando, ajudava como podia. Nesse momento Charlotte saiu da casa e viu o transporte delas, então bufou.— Eu não vou de carroça pra capital! — Charlotte cruzou os braços, indignada.— Então vai a pé! — respondeu Bento, mais grosso que palma de cerca.— Tão educado

Na sala grande da fazenda, um lençol branco foi pendurado como “altar”, e cadeiras tortas formavam o corredor improvisado.Tales estava pálido como polenta crua, com o terno cinza torto, e uma expressão de quem ia ser executado, não casado.Zuleika, armada com um pente de plástico, uma flor artificial e um rolo de fita adesiva, estava perdendo a paciência.— Levanta essa cabeça, moleque! Tu vai casar, não ser enterrado!Ela puxou a gravata com tanta força que Tales quase caiu pra frente.— Ai mainha, num precisa enforcar também… já tô me sentindo morto vivo.— Ainda bem, porque vivo tu não sai se tentar fugir! — Disse Anfonso, no canto da sala, o pai da Ritinha, está sentado numa cadeira de vime, com a espingarda de estimação nos braços, alisando o cano devagar, olhar fixo no genro. — Ô dona Zuleika, — disse com uma 🕐 calma assustadora. — Se ele tentar correr no dia... posso dar só um tiro no pé?— No pé

Capítulo Anterior Próximo Capítulo

Digitalize o código para ler no App