Pedro abriu os olhos lentamente, a luz fraca do amanhecer filtrando pelas frestas das persianas do escritório. Sua cabeça latejava em uma sinfonia dolorosa, cada batida um lembrete do vazio que sentia no peito. O cheiro de álcool impregnava o ar e ele sentiu o sofá de couro frio e desconfortável sob seu corpo. O copo tombado no tapete, com o resto de uísque seco, completava o cenário de sua noite de autodestruição. A imagem de Ana, sua esposa, pairava em sua mente, a culpa o corroendo. Ele tinha sido um péssimo marido. A realização, dolorosa e irrefutável, havia sido o motivo de sua maratona alcoólica.Ouviu uma batida discreta na porta e, em seguida, a voz hesitante de Antônio. _ Senhor Pedro? Bom dia. Já são quase oito horas.Pedro gemeu, tentando se sentar. _ Antônio? O que...?O assistente, sempre impecável em seu terno alinhado, entrou com cautela, seus olhos avaliando a cena com uma mistura de preocupação e familiaridade. _ O senhor... desmaiou no sofá.Pedro sentiu o rubor s

A porta do elevador se abriu, revelando Sofia em todo o seu esplendor. Vestida com um tailleur vinho elegantíssimo que realçava suas curvas e um colar chamativo de pérolas, ela segurava uma marmita térmica, exalando confiança. Ao vê-la, os diretores que passavam pelos corredores se apressaram em cumprimentá-la com sorrisos e reverências. _ Dona Sofia! Que prazer vê-la novamente. O senhor Pedro está ansioso por sua visita, tenho certeza, disse um deles, enquanto outro se apressava em abrir a porta para ela. Sofia respondia aos gracejos com um ar de quem já era da casa, "a amada do chefe".Todos sabiam do cuidado de Pedro para com ela nos últimos meses.Aproveitando que a secretária de Pedro, que normalmente ficava na recepção, não estava em seu posto, Sofia caminhou decididamente até a porta da sala de Pedro. Ela a abriu sem hesitação, encontrando Pedro, a secretária e Antônio em uma reunião._ Boa noite, meu amor! Vim trazer o jantar para você, anunciou Sofia com uma voz doce e melos

O rangido suave da porta da pousada pareceu amplificado no silêncio profundo da noite. Ana a fechou com o máximo cuidado, sentindo o ar frio da madrugada abraçá-la. A luz fraca do abajur do corredor mal iluminava seu caminho enquanto ela subia os degraus, cada um deles um eco amortecido em seus ouvidos. Depois de tanto dias já era um caminho conhecido, a familiaridade a ajudou a caminhar no escuro sem esbarrar em nada. Todos estavam dormindo, a pousada imersa em uma quietude que contrastava vivamente com a noite que ela acabara de passar.Um sorriso leve brincou em seus lábios enquanto ela destrancava a porta do quarto. A imagem de Rafael, com as bochechas coradas, tentando desesperadamente ignorar o fato de estar apenas de cueca na frente dela e ela fingindo não estar de olho naquele corpo, que corpo! As bochechas ficam coradas só de lembrar. Tinha que admitir ele era bonito, muito bonito e o vislumbre do corpo a deixou sem fôlego. O tom caramelo da pele, o corpo robusto, de repente

Era o alvorecer de um novo dia, e os primeiros raios de sol mal iluminavam o escritório de Pedro, um reflexo do recomeço que ele buscava. As semanas haviam escorrido como areia entre os dedos, trazendo consigo uma estabilidade bem-vinda à empresa. Os problemas, antes um nó cego, finalmente pareciam desatar, um a um. Pedro, imerso em uma rotina frenética, encontrava no trabalho um refúgio, um escudo contra as lembranças amargas das armações de Sofia. Ele queria, mais do que tudo, seguir em frente, enterrar o passado e reconstruir sua vida.A ordem era clara e sem margem para interpretações: Sofia estava banida do escritório. Ninguém, absolutamente ninguém, tinha permissão para lhe dar acesso ou qualquer notícia sobre Pedro. Ele instruiu Antônio, a cancelar todos os cartões adicionais, mantendo apenas os valores estritamente necessários para o tratamento médico. Pedro, apesar de tudo, ainda se preocupava com a saúde de Sofia, embora a distância fosse imperativa para sua própria sanidade

_ Ana! Que alívio! Meu Deus, eu tentei ligar na escola, mas ninguém atendeu naquele momento, depois foram avisando que estava entregando as crianças, eu estava muito preocupado, com a Lily sozinha lá, até que disseram que estava com você, a voz dele soava exausta, mas aliviada._ Rafael, está tudo bem. A Lily está comigo, na sua casa. Parece que houve um acidente, é isso?", perguntou Ana, a preocupação diminuindo um pouco ao saber que ele estava seguro._ Sim, a chuva está intensa em alto mas, estamos dando apoio a guarda costeira, 3 barcos com pescadores naufragaram ,eu me aproximei da costa para ligar mas ainda estamos tentando resgatar todos, está ficando difícil. Muito escuro, não sei quando posso voltar. Desculpa o susto. Muito obrigado, Ana, de verdade, pela gentileza, disse Rafael, com gratidão evidente na voz._ Não se preocupe, estamos bem. Já vamos jantar daqui a pouco e logo mais a Lily vai dormir. Você quer falar com ela?_ Sim, por favor!Ana ficou ouvindo os dois conve