Pedro abriu os olhos lentamente, a luz fraca do amanhecer filtrando pelas frestas das persianas do escritório. Sua cabeça latejava em uma sinfonia dolorosa, cada batida um lembrete do vazio que sentia no peito. O cheiro de álcool impregnava o ar e ele sentiu o sofá de couro frio e desconfortável sob seu corpo. O copo tombado no tapete, com o resto de uísque seco, completava o cenário de sua noite de autodestruição. A imagem de Ana, sua esposa, pairava em sua mente, a culpa o corroendo. Ele tinha sido um péssimo marido. A realização, dolorosa e irrefutável, havia sido o motivo de sua maratona alcoólica.
Ouviu uma batida discreta na porta e, em seguida, a voz hesitante de Antônio.
_ Senhor Pedro? Bom dia. Já são quase oito horas.
Pedro gemeu, tentando se sentar.
_ Antônio? O que...?
O assistente, sempre impecável em seu terno alinhado, entrou com cautela, seus olhos avaliando a cena com uma mistura de preocupação e familiaridade.
_ O senhor... desmaiou no sofá.
Pedro sentiu o rubor s