SeanO silêncio dela pesava mais que qualquer palavra. As marcas em sua pele eram minhas, e ainda assim eu a vestia como se quisesse escondê-las do mundo. Retirei o blazer e cobri os ombros dela. O tecido engoliu a nudez, mas não a apagou da minha memória — nada nunca apagaria.Foi então que Alexandra mordeu o lábio.Maldita.Ela não tinha ideia do que fazia comigo quando fazia isso. Meu sangue ferveu. O coração perdeu o compasso. Aquilo era meu gatilho secreto, meu vício. Um gesto simples, inconsciente, que me quebrava por dentro. Cada vez que ela mordia o lábio, eu me via dividido entre devorá-la ali mesmo ou ajoelhar-me diante dela.Respirei fundo, forçando-me ao controle. Meu corpo implorava, mas minha mente ordenava disciplina. O domínio era tudo o que me restava.— Vamos — disse, curto, firme.A guiei pelo corredor vazio, até o elevador. O som dos nossos passos ecoava nas paredes como lembrança de tudo o que tinha acontecido. Sua mão, pequena na minha, ainda tremia. E mesmo assi

Sebastian MorcelliCom dinheiro suficiente, a gente exige qualquer porra de coisa. E é exatamente isso que eu quero.O baile foi só o primeiro movimento do tabuleiro. Tinha propósito, tinha veneno. Espalhar merda na imagem cromada dos Black foi tão prazeroso quanto necessário. Aquela família precisava de arranhões na couraça, e eu não apenas arranhei — cravei minhas garras.Mas foi no meio da dança e dos olhares que percebi algo maior. A ruiva. Não era apenas mais um adereço exótico ao lado de Sean. Alexandra Jones carregava o cheiro de segredo. E segredo, nesse jogo, vale mais que milhões.Domingo pela manhã, o mercado internacional começou a ferver. Tarifas de exportação subindo, especulações pra todo lado. Para a mineradora? Um desastre. Para a Black? Uma sangria. Para mim? Um presente embrulhado com laço. O mundo parecia conspirar a meu favor sem que eu precisasse mover um dedo.Mandei logo cedo um e-mail atravessado ao advogadozinho metido, Dr. Vargas. “Se a Alexandra não estiver

Após a saída de Sebastian, a sala permaneceu mergulhada em um silêncio quase antinatural. Não era apenas o vazio deixado por sua presença — era como se o ar tivesse se tornado denso demais para ser respirado. O clique suave da porta ao se fechar ecoou como um estrondo. Alexandra sentiu a espinha gelar, e por um instante, acreditou que todos ali podiam ouvir o compasso acelerado do seu coração.A frase “quando ela parar de mentir” martelava em sua mente. Disfarçada de provocação, aquela sentença carregava uma ameaça velada que só ela parecia compreender em sua totalidade. Mas não era só isso. Sebastian tinha falado de Liam, insinuado algo que ela não entendia por completo. Quantas camadas dessa guerra estavam escondidas? Quantas armadilhas ela estava atravessando sem perceber? A sensação era de que cada passo que dava se afundava em um pântano que não tinha fim.Sean, por sua vez, permanecia imóvel. Tão imóvel que o silêncio dele se tornava mais assustador do que qualquer explosão de f

Camila SallesNunca entendi essa mania da Alex de achar que pode carregar o mundo nas costas e ainda sorrir como se fosse uma capa de revista. Ela sentou-se à minha frente no restaurante, os ombros caídos, mas tentando disfarçar com aquela pose impecável. Quem não a conhece acreditaria que estava apenas cansada. Eu? Eu sei ler até o silêncio dela. E aquele silêncio gritava.— Você sumiu depois do baile, mulher. Liguei umas cinco vezes e nada. — Apoiei o queixo na mão, arqueando a sobrancelha. — Onde se enfiou?Alex respirou fundo. Sempre que faz isso, já sei que vem desculpa.— Fui visitar minha mãe… e os avós. Precisava sair um pouco daqui, de tudo isso, minha mãe me ligou a semana toda, você se lembra? Ai quis ve se meus avôs estavam bemBalancei a cabeça. Bonito, se fosse verdade.— Sei. — Fiz uma pausa dramática, sorrindo de canto. — E eu sou a Madre Teresa, tinha que ser daquela maneira? No estilo ‘Julia Robert em Noiva em Fuga’?Ela riu sem vontade, mas ainda assim riu. Isso já

Alexandra JonesQue ódio.Que ódio desse homem.A reunião já terminara há meia hora, mas meu corpo ainda latejava como se a discussão tivesse acontecido há segundos. O sangue queimava nas veias, as mãos tremiam sob a mesa, e só um pensamento martelava: se pudesse, arrancaria os olhos de Sean Black e faria um par de brincos de pérolas negras para mim.Lá estava ele. Trancado no seu aquário de vidro, indiferente, envolto de relatórios e com Liam ao lado. Como se nada tivesse acontecido. Como se não tivesse cutucado minhas feridas mais expostas, nem exposto meu lugar diante de todos.Respiro fundo, tentando me convencer de que o trabalho ainda precisava ser feito. Mas, no fundo, o que eu precisava era da maldita senha dele. As provas. Só assim eu teria o que me libertar de vez desse homem que insiste em dizer que me ama — quando, na prática, se dedica a me consumir.O celular vibra. Camila.“Amiga, vamos dar uma volta? Você não está bem… vamos comer, beber… o que a gente sabe fazer de me