Alexandra
As palavras do Sean ainda latejavam dentro de mim:
— Você é a minha prisão.
Ele não fazia ideia de quem estava prendendo, nem do que acorrentava.
Se soubesse, me esmagaria contra as correntes invisíveis que ele mesmo dizia carregar. E eu? Eu seria obrigada a confessar — e confissões sempre são veneno, ainda mais quando se tem um segredo que pode virar o jogo inteiro.
Caminhei até a janela, puxando o blazer sobre os ombros como se fosse uma armadura. O vidro refletia uma versão minha que eu mal reconhecia: pálida, cansada, perdida. Atrás do reflexo, Sean permanecia no sofá, cabeça jogada para trás, dedos cravados nos cabelos, como se arrancar os fios pudesse silenciar o furacão que ele mesmo trazia.
São José dos Campos voltou como um sussurro cruel. Minha mãe me acordando, cuspindo lembranças que sempre tentei soterrar. Uma promessa que não cumpri. Uma fuga que nunca expliquei. Um motivo que nunca revelei.
Um nó fechou minha garganta. E se ele descobrir sozinho?
— Alexandra…