NARRAÇÃO DE LARA...Eu já sou medrosa por natureza, agora piorou ainda mais! Estou sozinha no apartamento, a sensação é de estar participando de um filme de terror, alguém liga anonimamente, apenas para avisar que ele irá me matar. Eu não creio que tenha dedo do Matias, a voz não é nada parecida. A primeira ideia que veio em minha cabeça, foi Andreia. A princípio não queria acreditar, mas ele costuma fazer pegadinhas, e também me assustar. Tecnicamente ele tem vários amigos, com certeza ele teve ajuda de alguém. Então preferi acreditar nisto, eu estava trêmula quando liguei para ele e o confrontei, Andrea sabe que tenho medo dessas coisas, principalmente porque sofri um recente atentado de tráfico humano, meus ombros caíram, meu rosto adormeceu ao me lembrar deles. E se forem os socios do meu ex patrão?! Talvez ele queira se vingar.Chorei amedrontada, o medo é tanto que não consigo sair do sofá, não consigo ligar para ninguém. Apenas fiquei em torpor naquele lugar. Após alguns mi

NARRAÇÃO DE LARA GASPAR...Saber da verdade, doeu, como nunca pensei. As respostas para as minhas perguntas, perguntas essas que fazia desde quando era uma criança.Me perguntava quem poderia ser os meus pais, perguntava-me se por acaso eles estavam vivos ou mortos, algumas crianças sabiam do paradeiro dos seus pais, alguns ficaram órfãos por terem perdido os pais em algum acidente, ou doença. Coisas da vida, essas crianças tinham ciência do seu passado, eu não. O passado era tão escuro, sem eira e bem beira, era totalmente incógnita. Eu perguntava para as mães sociais, sobre quem me deixou no orfanato. As respostas eram sempre as mesmas... Me deixaram em um bebê conforto, em frente ao orfanato. Nada além disso, pelo menos torcia para os meus pais não serem drogadös que vivem nas ruas.Eu queria muito saber do paradeiro deles, queria tanto à ponto de perder o sono, por diversas vezes, olhava para o teto escutando outros órfãos dormindo. Ali, imaginava um milhão de pais, varios tipos d

NARRAÇÃO DE LARA GASPAR...A minha vida só pode ser uma piada, só podem estarem escondendo uma câmera de segurança em todos os lugares. Parece mentira, sobre tudo o que descobri. Só pode ser mentira, eu sou neta do Dom da Máfia Siciliana, assim... DO NADA! E como não pode piorar (ironia) Sou filha do Dom da Máfia portuguesa. Será que se eu tentar conversar com o assassino, ele não muda de ideia? Ele precisa ligar novamente. Vou tentar convencê-lo, eu não sou uma ameaça. Na verdade vou dizer que sou uma pessoa maravilhosa, sem querer me exaltar, mas é a pura verdade. Eu sou muito gentil, gosto de animais, tenho pavor de insetos, amo cheiro de livro novo, e adoro admirar o pôr do sol em frente à Lagoa do Iriri. Vou dizer que eu nunca matei ninguém, e nunca irei procurar pela minha família. Eu só quero viver... Depois que Matias contou mais em detalhes, eu não resisti e deixei que ele dormisse em minha cama, quer dizer, a cama dele. Acho que estou ficando folgada em seu apartamento, af

NARRAÇÃO DE LARA GASPAR...Rapaz... Realmente a vida gosta de zuar com a minha cara. Onde eu parei? Ham... Ah! Lembrei, eu estava me apresentando para o doutor Marcos, o pai adotivo da Thamires. Mas de repente minha visão foi escurecendo e escurecendo, até o rosto daquele senhor sumir da minha vista. Senti meu corpo cair no chão, escutava o dentista preocupado, pedindo para Thamires ligar para uma ambulância. Mas ela foi mais eficiente, jogou água em meu rosto. Só não sei se ela realmente queria me acordar, ou borrar minha maquiagem. Aquele senhor segurou em minha mão, olhava-me com preocupação. - O que aconteceu? O que sente? - Aquele senhor perguntou totalmente assustado. Sentei tentando me encontrar, meu ouvido fazia um zumbido insuportável, minha mão tremia ao secar o meu rosto. Percebi que a única pessoa que demonstrava preocupação, era o dentista. Thamires foi até a mesa e sentou no lugar do seu pai, pouco se importando. - Hoje eu acordei um pouco estranha, como é o meu prim

NARRAÇÃO DE PETRINA CONTI... (Primeira narração da mãe)Nenhuma mãe, deseja assistir o sofrimento de um filho. E foi exatamente o que presenciei. Não menti para Lara, quando disse que não consegui me afastar. Seria o correto à se fazer, minha mãe por diversas vezes pedia para deixá-la, esquecê-la naquele lugar, pedia para deixarem outras pessoas lhe adotar. Mas não consegui. "Quando ela nasceu, o seu choro, o seu rosto tão pequeno, ainda sujo pelo líquido do parto, procurando pelo meu seiö ficou marcado em minha memória. No dia do seu nascimento, minha mãe queria levá-la para o orfanato, ela não queria que nem mesmo segurasse a minha Lara. Tão pouco lhe amamentasse, mas impedi. Mesmo fraca após o parto, mesmo sangrando eu a segurei firme. Não queria que ninguém a levassem de mim, passei por cima da regra e amamentei. O instinto era tão grande, à ponto meus seiös jorrarem leite. Sorri, lembro-me de estar suada no quarto da mansão da colina, suada após um parto tão difícil. Eu sorria