— Ok. Não vou perder meu tempo discutindo com vocês. Tenham um bom dia! — disse Lily, acompanhando os dois até a porta.— Você viu, Rafa? Viu como ela me trata? Eu sempre tento ajudar e sempre sou tratada assim. Estou tão cansada disso...— Eu vi. Mas calma, não precisa chorar, tá bom?— Ok... Vou ser boazinha.— Isso. Vamos voltar lá pra cima.— Rafa, podemos sair pra jantar hoje?— É claro! — respondeu ele, sorrindo.— Ah, que bom! Vou voltar pro escritório. Você passa pra me buscar mais tarde?— Sim, passo sim!— Ai, que ótimo! Já estou ansiosa!Catarina não ia deixar barato. Estava com raiva de Lily por diversos motivos, mas o que mais a incomodava era o fato de ela estar recebendo tanta atenção de Rafael. Ficou perplexa ao ver que ele havia comprado comida para Lily e estava interessado em visitar sua loja. Isso mostrava que ele estava saindo do seu controle. Precisava fazer algo a respeito. Eles precisavam continuar se odiando. Caso contrário, poderiam se aproximar — e Catarina

— Bom... basicamente, seu pai herdou tudo do irmão, mas não soube administrar nem um pouco. Os gastos da sua família eram absurdos. A empresa ficou mal das pernas por anos, até que meu pai descobriu o que estava acontecendo. Ele ficou furioso, porque o irmão tinha arruinado o império do melhor amigo.— Seu pai acabou ficando sem saída, com o rabo entre as pernas, porque sabia que não tinha mais o que fazer. Estava só perdendo dinheiro… mais do que qualquer outra coisa. E ainda teve um roubo: alguns sócios desviaram bilhões por debaixo dos panos durante anos, e ele nem percebeu.— Foi aí que meu pai propôs o casamento com a Lily. Em troca, o seu pai passou a empresa para a nossa família. No fim, tudo o que a sua família manteve foi uma participação de apenas 3% das ações.— Ele implorou para que eu casasse com ela, porque queria honrar o acordo que tinha feito com o pai dela. E eu... naquela época, não tinha como desobedecer, por mais que quisesse muito.— Hoje vejo que fui um tolo. Ag

Lily decidiu que deveria ir para casa descansar e terminar o trabalho por lá. Sentia-se estranha, meio desamparada, por não ter mais aquela obrigação de correr para casa e preparar o jantar. Era uma mistura estranha de alívio e tristeza.Ela pegou suas coisas, organizou os materiais e desceu até o estacionamento para buscar o carro. Enquanto dirigia, começou a sentir um sono incomum, pesado. Olhou rapidamente para o painel e percebeu que já era bem tarde — talvez fosse só cansaço, pensou.De repente, um mal-estar estranho tomou conta do seu corpo. Suas mãos começaram a suar frio, uma tontura forte fez tudo girar e, sem aviso, uma dor aguda atravessou seu abdômen, fazendo-a perder completamente o foco na direção.Ela tentou se concentrar, respirar fundo, mas seus olhos começaram a pesar... muito. Foi quando percebeu, tarde demais, que estava desmaiando. Seu corpo não resistiu e tudo ficou completamente escuro.O carro de Lily havia capotado na estrada. Várias pessoas, assustadas, saíra

Assim que abriram a cavidade abdominal, confirmaram o pior: uma artéria rompida estava despejando sangue rapidamente. O campo cirúrgico se encheu de vermelho em questão de segundos.— Sucção! — ordenou em voz alta, tentando manter o controle. — Pinça!O batimento cardíaco de Lily disparava, depois caía, depois subia de novo, como se ela estivesse oscilando entre a vida e a morte a cada segundo.De repente, um alarme soou.— Pressão em queda! — avisou uma das enfermeiras, com os olhos arregalados. — Ela tá entrando em choque hipovolêmico!— Não! Segura ela! Aumenta a noradrenalina, mais volume, mais sangue! — Gabriel respondeu, com o coração disparado.Seu olhar estava focado, as mãos tremiam levemente, mas ele não podia fraquejar. Lutava contra o tempo, tentando localizar o ponto exato do sangramento.— Achei… achei! — exclamou, segurando a artéria com a pinça. — Me dá fio! Fio!Enquanto começava a sutura, o monitor apitou de novo.— Parada! Ela entrou em parada! — gritou a enfermeira

TOC TOC TOC— Licença, Dr. Gabriel. — disse Larissa, abrindo levemente a porta.— Olá. — respondeu Gabriel, parando de digitar no computador e olhando para ela.— A parente da paciente Lily, senhora Paola, está aqui.— Certo. — disse ele, levantando-se.A senhora Paola entrou no consultório com o coração apertado, tomada pela apreensão.— Olá, sou a Paola. — disse, tentando soar firme, mas sua voz denunciava a ansiedade.— Olá, senhora. Sou o Dr. Gabriel. — respondeu ele, com um tom cordial.Por um breve momento, Paola analisou o médico à sua frente. Ele tinha uma aparência agradável — alto, pele bronzeada, um pouco magro demais, olhos castanhos escuros e profundos. Apesar da expressão séria, parecia ser uma pessoa simpática e, acima de tudo, competente.— Por favor, sente-se. — convidou ele, apontando para a cadeira em frente à mesa.— Claro. — respondeu, acomodando-se, ajeitando nervosamente a bolsa no colo.— Certo… — começou ela, respirando fundo. — O que aconteceu com a Lily? — p