O Dia em que Decidi Não RecuarLíviaA tarde estava abafada, mas dentro de mim o calor vinha de outro lugar. Da indignação. Da raiva contida por dias, talvez anos. A humilhação pública, a dor silenciosa, a necessidade de manter a pose… tudo aquilo me corroía. E hoje, não. Hoje, eu não ia me calar.Cecília e eu fomos até o shopping depois do expediente. Ela queria comprar roupas novas, eu precisava de silêncio.— Vai comigo? — ela perguntou, segurando dois cabides.— Vai lá. Eu fico na praça de alimentação. Pedi nosso jantar, só vou esperar.Me sentei com o celular na mão, tentando organizar a cabeça. Mas foi inútil. Porque em menos de dois minutos, a tempestade tinha um nome, um salto agulha e o perfume barato mais caro do mundo.Bianca.— Que coincidência te encontrar, Lívia. Sozinha, como sempre — disse, sentando-se sem ser convidada.— E você, sempre forçando presença onde não é chamada — respondi, fria.Ela jogou os cabelos para trás, tirou os óculos escuros, e me encarou com um s
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