Ponto de vista alternado: Lilith e KaelaA brisa do entardecer soprava entre os corredores do antigo templo em ruínas. Lilith caminhava ao lado de Aldric e Nyra, a beta de Kaela. Os olhos da jovem beta observavam tudo com uma intensidade calculada, seus passos tão suaves quanto os de um predador à espreita. Aldric parou subitamente diante de uma fenda nas paredes cobertas por musgo.— Foi aqui — disse ele, sua voz baixa. — Encontrei o pergaminho enfiado entre essas pedras. Parecia... esperar por alguém.Lilith estendeu a mão e, ao tocar a fenda, uma luz azulada brilhou. Um símbolo antigo se acendeu, e uma parte do chão diante deles se abriu. Um portal se formou com o brilho da lua, revelando uma escadaria que descia em espiral.— Só Lilith pode ver as inscrições — murmurou Aldric, surpreso.Nyra observava em silêncio, mas havia algo oculto em seu olhar — algo sombrio, como se seus planos fossem outros. Ela sorria levemente, mantendo-se próxima de Lilith, esperando o momento certo para

O crepitar do fogo ecoava na mente de Kaela, mesmo enquanto o salão permanecia em silêncio. As brasas da lareira pareciam responder ao seu corpo, se acendendo cada vez que ela respirava mais fundo. Desde a batalha, seu interior estava em conflito. Ignara, sua bruxa ancestral, sussurrava conselhos e advertências, mas agora havia outra presença. Um rugido primal, uma chama viva que queimava com força e fúria: Rasghar, seu lobo interior."Você não está sozinha, Alfa. Somos um." A voz de Rasghar ecoou como um trovão abafado em sua mente, quente como lava e serena como a noite. Kaela cambaleou, olhos arregalados."Ignara... o que está acontecendo comigo?" perguntou em pensamento."O despertar. Você é descendente de Morgana, sim... mas também é uma alfa verdadeira, e Rasghar é o lobo do fogo ancestral. Você é um elo raro, entre lobo e magia."Ela caiu de joelhos, sentindo o poder subir por sua espinha. O fogo da lareira se ergueu em uma torre, e seu corpo começou a pulsar com luz rubra. Seu

O templo antigo de Veyradar era uma catedral de pedra viva, moldada pelas mãos do tempo e sussurros de deuses esquecidos. Runas pulsavam suavemente nas paredes, reagindo à presença de Elora, como se reconhecessem nela o sangue de Velora. Mas era Darian quem o templo esperava. Enquanto Elora tocava os murais, tentando decifrar as mensagens escondidas sob camadas de pó mágico, Darian sentia o chão tremer sob seus pés. Algo o chamava. Não como Zha’kar chamava — não era um grito de poder, mas um murmúrio antigo, denso, familiar. Velora apareceu diante dele, envolta em luz azulada, os cabelos flutuando como seda no vento etéreo. "Darian," ela disse, com ternura e gravidade. "Chegou a hora de conhecer sua verdadeira origem." Ele se ajoelhou, mas ela ergueu sua mão. "Você não é filho da escuridão, mas da balança. O pai do Devorador era seu ancestral — um ser de sombra e estrutura, aquele que deu forma à escuridão antes que ela se corrompesse." Darian arregalou os olhos. "Mas...

As chamas mágicas que ardiam nas velas do santuário tremulavam com o vento invisível que atravessava as paredes encantadas. Lilith permanecia ajoelhada diante do fragmento, a pele coberta por runas vivas que se desenhavam lentamente sobre sua carne como tatuagens flamejantes.Ela tremia, mas não de medo. Tremia de poder.— Eu vou te destruir... — sussurrou para a sombra que habitava o fragmento. — Eu vou ser a última coisa que você verá. E vou morrer sabendo que impedi a sua maldição de consumir o mundo.Serapha, por fim, murmurou em sua mente: “Você está indo fundo demais, Lilith... Há caminhos sem volta.”— Eu não me importo. Se o preço for a minha alma, que assim seja.Do lado de fora, Nyra se aproximava, os olhos vermelhos e o coração em ruínas. Havia escutado demais. Tinha visto demais. Havia seguido Lilith até aquele santuário escondido, e o que presenciou foi o suficiente para acender o pânico em sua alma.Lilith, envolta em trevas, sussurrando para um fragmento do Devorador.L

O silêncio da dimensão do exílio era opressor. Não havia som, vento, ou luz natural. Apenas sombras que dançavam como memórias perdidas, e um céu feito de névoas cintilantes que não revelavam o tempo. Lilith acordou de joelhos, o coração pesado. Ela sentia o fragmento pulsando dentro de si — como se o próprio Devorador sussurrasse dentro de sua alma. “Eles te traíram.” “Eles te temem.” “Você é o poder que esse mundo rejeita.” Ela gritou, colocando as mãos sobre a cabeça. A dor era profunda, mas mais do que física, era emocional. A culpa, o amor e a raiva se misturavam como veneno. — Lilith! A voz ecoou no vazio, rasgando o silêncio com algo que ela quase havia esquecido: calor. Ela se virou. Nyra estava ali, em pé diante dela, ofegante, o rosto sujo de lágrimas e poeira dimensional. Mesmo ali, onde tudo era sombra, seus olhos brilhavam com esperança. — O que você está fazendo aqui? — sussurrou Lilith, a voz rouca. — Mantendo minha promessa — disse Nyra, caminhando até ela.