Ah, minha cama, meu porto seguro! Me jogo nela como se fosse um prêmio depois de um dia de pura sobrevivência. Puxo a coberta até cobrir o rosto, tentando me esconder de tudo e de todos, e fecho os olhos, torcendo para que minha mente finalmente tire uma folga. Hoje foi um daqueles dias que eu queria esquecer — tipo, deletar da memória mesmo.Viro de lado e, inevitavelmente, pego meu celular. Coitadinho, ficou abandonado depois da última ligação com a Jojo, e eu nem lembrei que ele existia. A tela se acende e lá estão, todas as chamadas do John, cada uma mais ignorada que a outra. Ele insiste, né? Paciência zero pra isso hoje.Abro minhas redes sociais, só pra dar aquela conferida básica, e quem aparece logo de cara? Lucca, claro. A foto dele toda metida com a Estátua da Liberdade ao fundo e a legenda mais sem graça possível: “Cá estou.” Sério? Só isso? Eu rio baixinho, porque é tão... Lucca. Não dou o braço a torcer e passo reto, sem curtir. Ele que lute.De repente, a foto do John s

O som familiar da casa começa a encher meus ouvidos – o ranger das tábuas de madeira, os passos apressados de alguém na cozinha. Ah, chegou a hora de acordar e enfrentar mais um dia. Só espero que hoje seja melhor que ontem, porque olha... ontem foi tenso.Eu me espreguiço na cama como um gato preguiçoso, esticando os braços até sentir um leve estalo nos ombros. Respiro fundo, deixando o ar encher meus pulmões, e penso: Nossa, que noite maravilhosa! Dormi tão bem que me sinto uma nova pessoa, pronta pra qualquer desafio. Inclusive, me lembro de que hoje o John não me escapa. Ou será que sou eu que não vou escapar dele? Hmm... mistério.Ainda de olhos fechados, dou aquele último minuto de preguiça, ouvindo o som dos passos pelo chão de madeira. Esse som é tão familiar, tão aconchegante, que me dá uma sensação gostosa de estar em casa, tipo um abraço quentinho sem precisar de braços. Mas aí... espera aí. Como é que eu vim parar no meu quarto?Me sento na cama, ainda meio zonza, e encaro

Caminho pelos corredores do colégio sentindo os olhares grudados em mim, como se eu fosse a última novidade do dia. Dá até um arrepio. A garota que costumava ser basicamente invisível agora é líder de torcida e, pra melhorar a novela, namorada do melhor jogador de basquete da escola. Parece que todo mundo resolveu lembrar que eu existo. O ar fica pesado, tipo quando alguém te cutuca com o cotovelo e você nem sabe o porquê. As pessoas falam baixinho, cochichando, e eu juro que escuto meu nome aqui e ali. Espero que não seja nada grave, tipo "escândalo do ano", mas vai saber, né?Vários alunos passam por mim com sorrisos e "ois" que não faziam parte da minha rotina até... sei lá, semana passada? Retribuo com um "oi" meio tímido, porque, vamos combinar, ainda estou estranhando ser notada. Minha testa se franze, tipo "por que essa galera toda tá me cumprimentando agora?" Eu me sinto uma mistura de estrela de cinema e alvo de fofoca.Finalmente chego no meu armário, alívio puro depois de t

Infelizmente, o dia de folga acabou, e já é hora de voltar ao colégio. Se dependesse de mim, esse "um" dia teria durado uma semana inteira, porque, sinceramente, sinto que não estou nem perto de pronta para encarar tudo de novo. Mas, como não tenho muita escolha, coloco minha mochila nos ombros e caminho até onde os outros alunos estão, esperando o ônibus escolar.O ônibus encosta, e sigo até o meu lugar de sempre, perto da janela. Enquanto vejo as casas passando do lado de fora, com a cabeça encostada no vidro, meu celular vibra. Olho a tela e vejo que é uma mensagem de Lucca.Por um segundo, meu coração dá um pulo. Respiro fundo e desbloqueio o telefone para ler o que ele escreveu."Ei, como você está? Tenta não se preocupar com o que vão falar hoje. Qualquer coisa, me chama."É simples, mas ao mesmo tempo, me traz um conforto inesperado. Saber que ele está do meu lado, de algum jeito, faz o peso nas minhas costas diminuir um pouco. Respondo rápido, tentando não deixar minha ansieda

Como sempre, o dia aqui em casa foi aquele caos delicioso de cada dia. As crianças brigando pra decidir qual seria a brincadeira da vez — uma verdadeira guerra que poderia durar horas. A Luana Maria, claro, estava cheia de ciúmes porque o papai deu mais atenção pro Benjamin, que se acabava de rir no colo dele como se fosse o rei do universo. Mamãe, coitada, correndo pra lá e pra cá, meio malabarista, entre ser mãe, dona de casa e chefe das operações domésticas. E eu? Bom, eu fui empurrada por pura e espontânea pressão pra ajudar, óbvio. Porque, né, se não ajuda, já sei que vou ouvir um sermão depois.Uma grande surpresa foi que até o Lucca entrou na dança das tarefas, e você sabe que a situação é séria quando até ele tá com pano de prato na mão. Minha mãe é daquelas que recusa qualquer ajuda externa, tipo não mesmo . Nada de empregada ou faxineira, ela prefere fazer sozinha. Só que, cá entre nós, a casa é gigante, praticamente uma mansão, e não tem como dar conta de tudo. No fundo, el