A Carta de JenifferRAFAELDois dias depois, acordei antes do sol. A casa estava silenciosa. Emma ainda dormia, aninhada em seu quarto. Mas havia uma tristeza estranha pairando na manhã, uma melancolia que não vinha do tempo lá fora, mas de dentro de mim. Era uma sensação que eu não conseguia explicar, como se meu corpo soubesse, antes mesmo da minha mente, que aquele dia seria diferente.Fui arrumar a estante da sala — aquela onde guardo algumas coisas antigas. Papéis, fotos desbotadas pelo tempo, cartas esquecidas em caixas que, de alguma forma, sobreviveram às mudanças da vida. E foi ali, no meio de um caderno velho e documentos que não via há anos, que a encontrei.A carta.Dobrada com um cuidado quase reverente. O papel, apesar do tempo, ainda estava intacto, a sua textura suave sob meus dedos. Reconheci a letra no mesmo instante. Jeniffer.Por um segundo, tudo parou. O som dos pássaros lá fora, o tic-tac suave do relógio na parede, o ar que respirava. Tudo ficou em suspenso. Sent
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