“Não era só o filho que ela me tomou. Foi o direito de ser mãe, de errar e consertar. De ser lembrada. De ser chamada.” — Diário de D.🎵 Trilha sonora sugerida: “O Que Será (À Flor da Pele)” — Chico BuarqueDayse já estava de costas, prestes a sair do salão quando Victoria a deteve, sua voz ressoando com uma suavidade que mascarava intenções mais profundas.— Ah, minha querida, não seja tão apressada. Há coisas que você ainda não sabe...Fez uma pausa. O ar na sala pareceu perder o oxigênio.— Embora, sejamos francas, não há muito espaço para discussões, não é? Estou aqui com a bênção do vovô e, naturalmente, de Enzo.Dayse parou, a mão ainda tocando a maçaneta.Aquela voz era como perfume envenenado — doce o suficiente para atrair, tóxica o bastante para destruir. Dayse girou lentamente, a expressão dura como pedra.Victoria fez uma breve pausa, deixando a tensão se inflar no ar, como uma bolha prestes a estourar. Em seguida, curvou-se levemente, como quem oferece uma confidência. M

“Tudo que move é sagrado / E remove as montanhas com todo cuidado...”🎵 Trilha sonora: “Amor de Índio” — Beto GuedesA luz do hospital entrou lentamente no quarto, como se hesitasse em revelar o que o amanhecer trazia. Dayse despertou, mas não de imediato; sua consciência emergiu aos poucos, como alguém que sobe à superfície de um lago profundo. O corpo, ainda frágil e os batimentos acelerados ecoavam em seus ouvidos, sincronizados com o som monótono do monitor ao lado. Aquele bip constante era um lembrete impiedoso: ela estava viva, mas e o bebê? Ainda estava com ela?Seus dedos, trêmulos e hesitantes, deslizaram até o ventre. O toque era quase reverente.O cheiro estéril do hospital impregnava o ar, uma mistura de desinfetante e algo indefinível que parecia grudar na pele. Seus olhos arderam, mas as lágrimas não vieram. Não havia espaço para chorar. Não agora. A exaustão era um peso esmagador, mas algo mais forte a mantinha alerta: o instinto. Ela sabia que não podia relaxar. Não m

"A verdade é como o sol: pode ser eclipsada por um tempo, mas sempre volta a brilhar." — Provérbio🎵 Trilha sonora sugerida: "Metamorfose Ambulante" — Raul SeixasA sala de conferências estava cheia de uma energia intensa, quase sufocante.Câmeras fixas, microfones estrategicamente alinhados, e repórteres biscando um bom ângulo no coração do imponente prédio Bellucci. Era o cenário típico de grandes anúncios corporativos — fusões bilionárias, reestruturações de poder, decisões que mudam mercados.Mas, naquela noite, o foco era outro.O escândalo que surgira das sombras não era apenas uma manchete; era um drama humano que saiu do privado e virou espetáculo público, revelando as rachaduras de uma vida que parecia sólida.No centro dessa história, estava um dos homens mais influentes do país, sua esposa de sorriso perfeito, a mãe biológica do seu filho — uma figura até pouco tempo atrás invisível — e uma criança agora transformada em símbolo de uma batalha íntima.Uma luta que, contra t

“A mentira dá flores, mas não dá frutos.” — Machado de AssisDayse já tinha planejado cada movimento com precisão. Um dos principais apoiadores da Bellucci Foundation, atento às denúncias sutis e aos sinais de inconsistência nos relatórios apresentados por Victoria, concordou em realizar uma auditoria completa. Disfarçada de uma análise técnica, essa investigação minuciosa estava prestes a desencadear uma reação inevitável.Nos bastidores, a rede começava a se fechar silenciosamente.— Estão fazendo as perguntas certas para as pessoas certas — disse seu assessor, entregando um relatório parcial. A voz dele era baixa, mas o brilho de satisfação nos olhos era evidente.— Isso vai atingir a imagem dela exatamente onde ela mais se empenhou para se blindar. Ela não terá onde se esconder — repetiu Dayse, a voz carregada de uma satisfação amarga. — Vamos expor cada fraqueza, cada mentira. Ela vai sentir cada golpe como se fosse uma faca cortando sua pele. Não haverá escapatória.Dayse mante

“Sozinhos, podemos até ir mais rápido; juntos, podemos ir muito mais longe.” — Provérbio africanoEnquanto os adultos se envolviam em conflitos cada vez mais intensos, os irmãos Bellucci, com olhos curiosos e corações aflitos, recusavam-se a ficar de braços cruzados enquanto a família parecia desmoronar diante deles.Naquela noite, sob o brilho instável das telas, uma videochamada os reuniu, conectando não só as vozes, mas também os sentimentos de todos.A tela brilhou por um instante antes de revelar o rosto de Noah, sua expressão carregada de preocupação.“Theo… você viu o vídeo da Victoria falando da mamãe?” — A voz dele era baixa, quase hesitante, mas cheia de indignação.Theo ajustou o fone no ouvido antes de responder.“Vi.” — ele fez uma pausa, com expressão séria.“Victoria tá se superando. Arrogante, manipuladora… ainda acha que pode controlar tudo e todos, como se o mundo girasse ao redor dela.”Noah suspirou, balançando a cabeça com um misto de frustração e determinação.“A