Os dias que seguiram foram um turbilhão controlado. Controlado porque Edward não deixou que nada escapasse de suas mãos. E um turbilhão, porque dentro de mim ainda havia um eco de tudo o que aconteceu naquele estacionamento. A imagem da Isadora com os olhos vermelhos, o pendrive na minha mão tremendo, o abraço firme do Edward quando eu saí do carro, tudo ainda estava fresco. Mas agora, era como se o peso tivesse mudado de lugar. Não era mais sobre medo. Era sobre força. Entregamos o pendrive na manhã seguinte aos nossos advogados. Edward fez questão de acompanhar cada passo, revisar cada documento, escutar todos os áudios. Rodrigo também esteve conosco. Em silêncio, mas presente. Como uma rocha que sustenta e observa. Do outro lado da sala de reunião do escritório jurídico, eu me vi refletida nos vidros. Cabelos presos em um coque apressado, olheiras fundas de noites mal dormidas, mas havia algo novo em mim. Eu não era mais uma vítima correndo de escândalos criados por Amanda. Eu e

A casa finalmente estava em silêncio. Pela primeira vez em meses, esse silêncio não vinha carregado de medo ou incertezas. Era um silêncio acolhedor, sereno... como se o universo nos permitisse respirar em paz depois de tanta tormenta. E o melhor de tudo, estávamos em casa. A casa nova que Edward comprou para ser o nosso lar, com cada detalhe pensado para nossa segurança e felicidade.Eu me acomodei na nossa cama, com os travesseiros posicionados estrategicamente para apoiar minha barriga que crescia cada dia mais. Já estava com oito meses. Luiz Eduardo chutava forte e tinha horários definidos para suas acrobacias dentro de mim.Edward entrou no quarto com uma bandeja nas mãos, um sorriso torto e olhar apaixonado.– Frutas cortadas, suco natural e a sobremesa mais doce do planeta que eu mesmo fiz. Tudo aprovado pelo médico, pela nutricionista, e pela minha vontade de te mimar.– Você é louco, e eu te amo – respondi, rindo.– Vem, senta aq

Eu não sabia que era possível amar tanto alguém que eu mal conhecia. Amar com tanta intensidade, com tanto medo, com tanta coragem. Amar com os poros, com o instinto, com o peito que se abre, arde e floresce tudo ao mesmo tempo. Era uma sensação surreal que palavras não explicam. Tudo é apenas sentido. Luiz Eduardo dormia coladinho em mim, no quarto do hospital, com a boquinha entreaberta e a mãozinha fechada num punho minúsculo. Edward estava de pé, ao lado da poltrona onde eu repousava, completamente rendido à cena. Seus olhos não desgrudavam do nosso filho. E o mais bonito era que, mesmo apaixonado por ele, ainda me olhava como se eu fosse a coisa mais preciosa do mundo. — Ele tem seu nariz — disse ele, sorrindo como um bobo apaixonado. — E sua boquinha — respondi baixinho, acariciando o rostinho delicado de Luiz. — E nossa sorte — completou Edward, se abaixando para beijar meu ombro com carinho. — Eu ainda não acredito que isso tudo é real Rebaca. Que vencemos. Que ela não p

(( Sob a Vóz de Bruno))Não imaginei que a vida pudesse me jogar de volta no mesmo lugar onde um dia destruí tudo o que era bom. Rebeca. A mulher que um dia foi minha e que eu perdi da pior maneira.Entrei na sala ao lado de Sophia, minha namorada há alguns anos. Mas tudo o que meu olhar buscava era aquela barriga redonda, aquele rosto que nunca me saiu da mente, mesmo com o passar do tempo. Rebeca estava linda. Grávida, sim, mas tão cheia de vida e força que me fez engolir seco.Fazia muito tempo que eu não a via. Desde que ela foi embora de casa, por minha culpa. Estudávamos na mesma faculdade. E, como um completo idiota, me deixei levar pela vaidade de uma aposta. Ela era a garota nova, a mais quieta. E eu era o cara popular da turma. Apostaram que eu não conseguiria ficar com ela. E eu consegui. Me aproximei, conquistei. Mas o que começou como brincadeira virou sentimento, e só percebi isso tarde demais.Fui seu primeiro, em tudo, no amor e em

(( Sophia ))A estrada que levava até a casa da Rebeca já começava a ser familiar pra mim. Cidade vizinha, pouco mais de uma hora até ali, mas a sensação de atravessar uma fronteira ia além do trajeto. Era quase como mudar de realidade, sair da rotina abafada da casa do meu pai e chegar num lugar onde a vida fluía com mais leveza.Rebeca morava em um bairro arborizado, calmo, quase sempre com o som de algum passarinho ao fundo. Era impressionante como tudo ali parecia respirar.Eu tinha combinado com ela de visitá-los uma vez por semana. Ver o Luiz Eduardo, tomar um café, fortalecer o que estávamos reconstruindo. E mesmo com as inseguranças que ainda me assombravam, eu gostava daquela ideia. Gostava do jeito como ela me olhava agora, com mais paciência e carinho. E como Luiz sorria quando ouvia minha voz, mesmo sendo tão pequeno.Dessa vez, Carol e Joyce também estariam lá. Um café só nosso. Entre mulheres. Aquele tipo de encontro que antes eu tal