(( Aos olhos de Sophia ))
O som do carro era baixo. As luzes da rua tranquila que minha irmã morava, entravam pelas janelas, refletindo no painel como pequenos faróis de lembranças que não queriam se apagar. Eu estava sentada ao lado do Bruno, mas o silêncio entre nós parecia ocupar o espaço todo. O cheiro do carro, o banco desconfortável, a forma como ele mexia no volante... tudo me irritava e eu nem sabia por quê.Quer dizer, eu sabia. Só não queria admitir.A visita à casa da Rebeca tinha sido tranquila, pelo menos até eu sair para trocar a fralda do Luiz Eduardo. Ele tinha chorado, e eu fui rápida. Mas quando voltei, o ambiente não estava igual. Rebeca estava séria. Bruno, estranho. Havia algo no ar. Algo que não consegui nomear, mas que pesava em mim até agora.O pior é que esse tipo de sensação não era nova. Eu já senti outras vezes, mas sempre escolhi ignorar. Engolir. Fazer de conta que era só impressão minha.Agora, não sei se dá