Olivia permaneceu ali, com o rosto encostado no peito de Salvatore, ouvindo o som ritmado do coração dele, tentando acalmar o próprio. Sentia o calor dos braços dele ao redor de sua cintura, como um escudo. Mas por dentro, o que mais queria era entender o porquê de Ethan insistir tanto. Como se não conseguisse aceitar que o tempo já tinha passado, e que o amor que um dia existiu... já não morava mais nela. Ela fechou os olhos por um instante, e foi aí que sentiu a respiração de Salvatore ficando mais pesada — não por raiva, mas pelo cansaço. Pela constante tensão de ter que proteger algo que deveria ser simples: o amor entre eles. Ela ergueu o rosto e tocou o rosto dele com delicadeza, os dedos passando pela linha do maxilar. — Preciso ir pra casa — disse suavemente. — Não quero falar com o meu pai agora. Não depois de tudo isso. Salvatore assentiu, como se já esperasse por aquilo. Ele também sabia que uma conversa com o general, naquele momento, só colocaria mais lenha na fog

Assim que fechou a porta atrás de si, Olivia encostou-se por um instante à madeira fria, inspirando fundo. O silêncio da casa parecia mais denso do que o habitual, como se absorvesse tudo o que ela estava sentindo. Cada canto ali parecia carregado de lembranças, de conversas que não aconteceram, de verdades que ela ainda precisava encarar. Caminhou lentamente até a cozinha, retirando os sapatos no caminho. O chão sob seus pés era familiar, mas não reconfortante. Pegou um copo d’água, tentando acalmar o coração ainda acelerado, e deixou-se cair na cadeira mais próxima. O rosto do pai surgia em sua mente, assim como o de Ethan. As mentiras, os olhares duros, o silêncio forçado que ela teve que engolir por anos. E, agora, Salvatore. Ele era tudo o que ela não esperava, e, ao mesmo tempo, tudo o que ela precisava. Ela fechou os olhos por um momento, apoiando o copo sobre a mesa. Tinha um dia inteiro pela frente — e um confronto que não poderia mais adiar. O general Riccardo Fiore es

Olivia dirigiu sem pensar muito, as mãos trêmulas no volante e o coração acelerado pelo que acabara de acontecer. Tudo nela doía, o braço, a cabeça, a alma. Mas havia apenas um lugar onde queria estar agora, onde sabia que encontraria paz: com Salvatore. Quando chegou à base, já era noite. O portão de segurança foi liberado assim que ela se identificou, e um dos soldados a informou que Salvatore estava de serviço, mas terminaria dali a pouco. Olivia esperou do lado de fora, sentada no capô do carro, envolta no silêncio da noite e nas batidas descompassadas do próprio coração. Minutos depois, Salvatore apareceu, vindo do prédio administrativo. Ao vê-la ali, parou imediatamente. A expressão cansada desapareceu num instante, substituída por preocupação. — Olivia? — ele se aproximou, olhando-a de cima a baixo. — Aconteceu alguma coisa? Ela apenas balançou a cabeça, tentando conter a emoção. Mas, quando ele chegou mais perto e ela fez menção de se levantar, o movimento expôs o roxo no

Na manhã seguinte, o som distante de carros passando e o leve assobio do vento contra a janela marcaram o início do dia, mas Olivia não se moveu de imediato. Seus olhos se abriram devagar, encontrando o teto do quarto banhado pela luz suave do sol. Por um instante, ela não soube dizer onde estava — até sentir os braços de Salvatore ao redor de sua cintura. Ele ainda dormia, o rosto relaxado como raramente se via. As marcas da guerra, da dor e da solidão pareciam suavizadas naquele momento. Olivia virou-se com cuidado, para não acordá-lo, e o observou em silêncio. Havia algo hipnotizante em vê-lo assim, vulnerável, como se a guerra que ele travava por dentro tivesse dado uma trégua. Ela passou delicadamente os dedos pelos cabelos curtos dele, um gesto leve, quase reverente. E foi então que Salvatore abriu os olhos. — Está me espionando? — murmurou ele, com a voz ainda rouca de sono. — Talvez — ela respondeu com um sorriso discreto. — Você parece mais calmo dormindo. — Deve se

O capacete pesava em sua mão enquanto subia os degraus do prédio. O motor da moto ainda vibrava em sua memória, mas o que o movia agora era algo mais intenso: Olivia. O encontro com Ethan na base militar não havia sido apenas inesperado — tinha sido indigesto. O general foi claro: não queria aquele homem jamais perto de Olivia de novo. E Salvatore compartilhava do mesmo sentimento, mas o dele era mais inflamado, mais pessoal. Bateu levemente na porta do apartamento, e não demorou para ela abrir. — Você veio mais cedo — ela disse, surpresa. Usava uma blusa de moletom dele, as mangas longas cobrindo até os dedos. Os cabelos estavam soltos, e seu rosto trazia um misto de calma e curiosidade. — Precisei sair da base antes — respondeu, entrando. Ela fechou a porta atrás dele. Salvatore apoiou o capacete na bancada da cozinha e foi direto até ela. Seus olhos percorreram o braço que Ethan havia machucado — ainda havia uma leve marca, mas nada comparado ao que ele imaginava quando s