Ethan Narrando Me concentrei no relatório por alguns minutos, revisando cada linha com atenção. Números, gráficos, previsões. Tudo precisava estar perfeitamente alinhado. A empresa é meu império, e não tolero falhas, nem nos detalhes.Às 8h em ponto, toquei o interfone.— Sophie, traga um café. Preto. Sem açúcar.— Sim, senhor — respondeu ela do outro lado.Dois minutos depois, ela entrou com a xícara em mãos. Colocou em cima dá mesa, na minha frente sem dizer nada. Nem um olhar a mais, nem um gesto fora do script.Ainda assim, o cheiro do perfume dela ficou no ar por mais tempo do que deveria. Fechei os olhos por um segundo, inspirando fundo. Ela saiu, silenciosa.Retomei o foco. Organizei os arquivos na tela, abri a pasta da conferência com os acionistas e conferi novamente o que já estava alinhado. Liguei o sistema de videoconferência. Testei o áudio. Comigo não existe improviso.Às 8:30h, como programado, a chamada foi iniciada. Rosto por rosto, todos apareceram na tela. Cumprime

Ethan Narrando A reunião com a Savana aconteceu em uma das salas exclusivas da torre executiva, aquelas que só usamos quando o assunto é realmente sério, ou quando ela está envolvida. Savana não é só uma das maiores investidoras da construtora, é também uma mulher perigosa. Inteligente, influente e extremamente sedutora. Uma verdadeira leoa. Nos negócios… e na cama também. Já dormimos algumas vezes no passado, foi intenso. Mas, pra mim, ficou lá atrás. Pelo menos é o que tento acreditar.Ela chegou pontualmente, vestindo um daqueles vestidos que abraçam cada curva e exalam poder. Falava com segurança, olhos nos meus, como se cada palavra tivesse duplo sentido. Durante a apresentação do projeto, eu sentia o olhar da Sophie. Não era ciúme óbvio, mas uma inquietação contida, como quem percebeu algo no ar. E percebeu mesmo. Sophie é esperta demais pra não captar quando alguém tenta marcar território. Savana fazia isso sem pudor, mesmo na frente dela. Achando que Sophie era apenas uma sim

Ethan Narrando Assim que acordei, fui bombardeado por mensagens e ligações. A única ligação que atendi foi a do John. Eu nem estava abrindo as mensagens, só ouvia meu celular vibrando no quarto enquanto me arrumava pra ir pra empresa.Quando atendi, ele foi direto ao ponto:— Onde você tá?— Descendo pra tomar café e depois ir pra empresa. O que foi?— Vê as mensagens que te mandei agora.Coloquei no alto-falante e fui conferir. Uma enxurrada de prints, manchetes e fotos minhas com a Savana no restaurante. As legendas insinuavam que éramos um casal. Merda. Tudo o que eu conseguia pensar era na Sophie. Desliguei a chamada com o Jhon e Liguei pra ela na hora, mas o telefone estava desligado.Desci feito um raio, nem olhei pro café da manhã. Dentro do carro, com o motorista acelerando, mandei mensagem pra Savana:— Vai direto pra Ferraz. Vou apresentar o projeto que você indicou. Mas antes a gente vai conversar.Cheguei na empresa e subi direto pro meu andar. Sophie já estava na mesa, d

Ethan Narrando A reunião foi melhor do que qualquer um de nós poderia esperar. Cem por cento de aceitação. Quando terminamos a apresentação, os investidores estavam visivelmente empolgados. O projeto foi bem recebido, considerado lucrativo, viável, moderno. Tudo saiu conforme o planejado, ou até melhor.Assim que terminamos a reuniões, Savana se aproximou com aquele sorriso confiante de quem sabe o poder que tem.— Gostaria de convidar todos para almoçar no meu restaurante. Acabamos de receber uma estrela Michelin. Vai ser uma honra receber vocês — Ela piscou para mim e sorriu toda Orgulhosa.Não vi razão pra recusar. Todo mundo estava de bom humor, e seria bom relaxar um pouco depois da tensão da apresentação. O restaurante era chique, mas aconchegante. A comida, impecável. Conversamos bastante com os investidores durante o almoço. Eles estavam animados, cheios de perguntas, ideias novas, já pensando em expansão antes mesmo da execução começar. Savana aproveitou cada segundo da ocas

Ethan Narrando Assim que estacionei o carro em frente ao condomínio da Sophie, fui direto pro interfone. Pressionei o botão com a mão suada, o coração batendo mais rápido do que deveria.— Boa tarde, portaria — atendeu uma voz masculina.— Boa tarde, aqui é Ethan Ferraz. A senhorita Sophie está?— Só um minuto, senhor. Vou verificar.O silêncio que se seguiu pareceu eterno, mesmo que não tenham se passado dois minutos inteiros. Então a resposta veio, firme e direta, como um soco no estômago.— Ela não está no apartamento, senhor. Quer deixar recado?Respirei fundo, tentando disfarçar a frustração.— Tudo bem. Obrigado.Voltei pro carro com o orgulho ferido e a mente a mil. Fiquei ali, no banco do motorista, esperando. Olhava pro prédio de tempos em tempos, na esperança de vê-la chegando. Três horas se passaram, e nada. Nenhum movimento. Nenhuma ligação. O celular dela continuava desligado, e eu não fazia ideia de qual clínica ou hospital ela poderia ter ido, se é que tinha ido mesmo.