Baby CavalieriSe tem uma coisa que aprendi nesse hospício disfarçado de império mafioso, é que o caos sempre vem com trilha sonora. E às vezes, ela soa como a risada de uma criança em um parque. Foi por isso que levei Carlo para fora. Porque nada diz “estabilidade” como um escorregador de plástico e crianças correndo sem rumo, ignorando que o mundo lá fora fede a sangue e pólvora.Carlo estava particularmente inspirado. Corria como se tivesse acabado de descobrir que tinha pernas, e gritava o nome de cada formiga que encontrava. Eu observava de longe, com um copo de suco na mão e Ava ao meu lado, ambas fingindo que aquilo era normal.Principalmente por que ninguém entendia o que ele falava ainda, e isso o deixava muito irritado.— Ele é rápido — Ava comentou, semicerrando os olhos. — Igual à mãe. Sumiu em dois segundos.— Que bom que não puxou o pai. Senão já teria explodido a caixa de areia por paranoia — murmurei.Ela riu. Eu também.O soldado tentava disfarçar o medo de que se pi

Baby Ortiz— Isso aqui não é uma loja de vestidos de noiva, é o inferno com ar-condicionado. — sussurrei, segurando um cupcake de pano que Dmitri havia tentado comer enquanto engatinhava feito um foguete desgovernado pela vitrine principal.Alguns meses haviam se passado. Nada de Sunshine, e nós tínhamos apenas um casamento muito perto da data, e um Cavalieri cada vez mais sombrio. — Ah, para, Baby! É meu grande dia! Meu casamento! Eu quero tule, drama e lágrimas! — Ava abriu os braços no meio da boutique como se fosse invocar a deusa do exagero. Ou um furacão nível cinco.— Você vai se casar com um mafioso, Ava. Isso por si só já é drama o suficiente. — Deixei que Dilan o levasse, porque não queria ver o que havia na fralda daquele menino.Meu deus, preciso repensar a ideia de ter babás. Ava se virou, olhos brilhando.— Mafioso, mas com um tanquinho que, ó — ela fez um gesto redondo com as mãos, como se descrevesse um pedaço de carne perfeitamente mal passado —, dá vontade de lambe

Dominic LexingtonSentado atrás da pesada mesa de mogno, o ar condicionado resfriava a sala, mas nada podia aliviar o peso que carregava. À minha frente, dezenas de telas piscavam com dados, imagens e registros que eu tentava decifrar. Sunshine estava desaparecida, mas eu sabia que não estava morta. A verdade era um quebra-cabeça cruel que eu me recusava a montar por completo. Pelo menos não ainda.As horas passaram enquanto eu cruzava informações, até que a porta rangeu, e a sombra do Grego entrou cambaleando. A ressaca denunciava o que ele não queria admitir, e o corpo dolorido dava sinais claros de noites mal dormidas e brigas que iam além do físico.Ele largou a jaqueta no sofá com um suspiro pesado e se deixou cair na poltrona oposta, encarando o vazio como se estivesse procurando algo para se agarrar.— Bom dia, irmão — soltei, a ironia na voz tão afiada quanto uma lâmina. — Se é bom, não sei, mas ao menos você está vivo.Ele bufou, sem resposta.Não esperava outra coisa.Por um

Baby Ortiz CavalieriTer passado metade da vida curiosa sobre esses eventos me fez perceber o quanto eu os romantizei. Não eram como as pessoas pensavam. Tudo estava mais para uma batalha de egos, do que caridade.Além disso, minha barriga grande era a prova contundente de que eu não poderia beber, o que tornava todo o cenário bem pior. O barulho das taças de champanhe ao meu redor me fez notar que Dominic havia se enfiado em uma sala para tratar de negócios, e ainda não havia voltado. Isso não pareceu natural, considerando que ele não me deixava sozinha.Comecei a festa sorrindo, conversando animada com algumas pessoas, parecia que eu tinha toda a atenção do salão. Mas aí eu a vi. Kattyucia. Aquele sorriso que você sabe que é falso, o jeito que ela se aproxima devagar, disfarçando uma intenção que eu sabia muito bem qual era.Meu olhar a seguiu tão instintivamente quanto os meus pés, ainda que Dilan tenha dito para que eu permanecesse no lugar. Algo havia soprado no meu ouvido, e não

Dominic Lexington CavalieriNão era uma viagem longa, mas era incômoda, principalmente pelo segredo que eu teria que guardar.Desde o instante em que decidi partir, carregava um peso no peito que não me dava trégua. O céu estava cinza, como se até as nuvens soubessem que aquilo não era só um deslocamento geográfico. Era um recado. Uma cobrança antiga. Um tipo de fantasma que, por mais que eu empilhasse corpos no caminho, sempre voltava para me encarar.— Vou precisar sair por uns dias — avisei à Baby na cozinha, sem dar espaço para perguntas. Não era o tipo de despedida doce. Não havia beijo. Nem toque. Só a informação seca e o olhar firme. — Dilan vai ficar aqui com você. O Grego também, se não estiver ocupado demais amassando a própria desgraça.Ela me lançou aquele olhar desconfiado. O mesmo que usava quando alguém mentia para ela, mas não tinha coragem de admitir. Eu não estava mentindo, só não estava dizendo tudo.Segurei as laterais do rosto perfeito e a beijei, devorando cada g