Ximena Valverde Só faltava o desgraçado do Beto ser julgado e condenado, para a justiça pelo Carlos estar completamente feita. Ele estava preso, era o que me importava. Agora restava a mim, cuidar do meu quase marido. Sentia cada vez mais crescer em mim uma necessidade de cuidar do Alejandro e de querer viver por toda a minha vida ao seu lado. Eu poderia sentar com ele e conversar sobre tudo o que houve hoje por horas. Mas, na verdade, queria apenas tirar ele desse mundo, pelo menos por algumas horas. O queria bem e feliz nos meus braços. Alguns poderiam pensar que era um desejo egoísta, coisas muitas sérias estavam se passando ao nosso redor e eu querendo sexo. Quando se amava alguém, como eu a ele e ele a mim, o sexo era mais como um encontro de almas, e o ato se transformava no melhor momento do dia. O momento de esquecer todos os problemas, mandá-los para bem longe, e relaxar um no corpo do outro.Foi com esse pensamento que eu passei na floricultura e comprei 1kg de pétalas de

Ximena Valverde O Can Roca era bem mais próximo de casa, no entanto, depois do que aconteceu com o pai de Alejandro lá, não seria uma boa ideia fazermos nosso casamento naquele local. O hotel fazenda que nos servia como salão de festas, era tão lindo quanto o resort, onde nós iríamos casar no civil e no religioso. Segundo minha mãe, havia algumas crenças e costumes que não podiam ser ignorados. A exemplo: não deixou que eu dormisse com ele em minha última noite de solteira e, segundo ela, Alejandro deveria ir primeiro e me esperar no altar. Claro que lembrei a senhora Clara que da primeira vez que tentei me casar, segui tudo o que ela falou, e mesmo assim, deu tudo errado.Talvez, não se tratasse de crenças. Talvez, quando não era para algo dar certo nessa vida, simplesmente não dava.O bom foi que nossos convidados estavam todos ali. Nesse ponto, eu me sentia mais protegida e segura. Iríamos nos casar ao amanhecer do sol, por volta das 5h30 da manhã.Nos últimos dias, Alejandro cor

Alejandro Albeniz — Perdeu completamente o juízo, se acha mesmo que vou me casar com você! — falei entredentes e cerrando as mãos em punho ao lado do corpo.— Quer o meu dinheiro, não quer? Quer ser o herói da donzela em perigo, não quer? Então, essa é a minha condição. Casa comigo.— Nem fodendo! E sabemos que esse dinheiro não é seu.— Existe um testamento assinado pelo seu pai que diz que o dinheiro é meu, sim.— Vai para o inferno!— Estou no paraíso, querido. — disse, sorrindo. Um sorriso triunfante. — Quem deve estar passando um inferno é a Ximena, precisa arrumar um jeito de salvar a pobre moça. — Mercês parecia se deliciar com a minha dor.Eu tinha vontade de pegar o pescoço dela e só soltar quando não visse mais seu sorriso cínico. Mas isso seria me igualar àquele monstro.Juro que quando saí da propriedade, ouvi sua gargalhada, satisfeita pela breve tortura mental que me fez.Eu estava perdido, mas sentar e chorar não era uma opção. Iria esperar amanhecer para começar a faz

Alejandro Albeniz Cheguei à mansão Albeniz com o coração descompassado, quase rasgando o peito. O prazo estava se esgotando — em poucos minutos, os sequestradores matariam Ximena, se o maldito pagamento não fosse feito. Estacionei sem nem desligar o motor e entrei feito um furacão. — Mercês, está tudo pronto? — perguntei com a voz trêmula, mais de raiva do que de medo. Ela me olhou como quem saboreava o pânico alheio. Cruzou os braços devagar e soprou a fumaça de um cigarro recém-aceso. — Está sim. Galindo, aquele estagiário do financeiro, deixou tudo pronto. O dinheiro está convertido em criptomoedas não rastreáveis. — Ela deu uma longa tragada. — Agora só falta transferir. — Então, faz isso agora! — exigi, já sem paciência. Mas Mercês, como se o tempo fosse uma peça de porcelana para ela parecia, levantou lentamente e disse: — Vou tomar um banho antes. Odeio fazer essas coisas suja. — eu podia sentir o cinismo em seu tom. Ela estava curtindo minha desgraça. — Banho?! Tá ma

Alejandro Albeniz Pavel foi até o consulado, acompanhado pelos dois policiais designados para a missão de resgatar Ximena. Infelizmente, não pudemos ir com eles. Restou-nos esperar no saguão do aeroporto — ao menos a área VIP nos oferecia algum conforto. A ansiedade me corroía por dentro, como ácido. Em outro momento, eu teria devorado todo o buffet da sala VIP, experimentado cada quitute, talvez até comentado sobre as opções gastronômicas com Jacques. Mas agora, nada me apetecia além de um café amargo, quase tão amargo quanto meu estado de espírito. Eu não sentia fome. Nem sede. Nem nada que me conectasse ao meu próprio corpo. Jacques, ao contrário, comia como se fosse a última refeição da vida. Provavelmente, quando lhe pedi que providenciasse o voo, não dei tempo para ele sequer se alimentar. Estava visivelmente faminto e também exausto, mas tentava manter a pose, como sempre. Enquanto observava-o mastigar com vigor, me peguei admirando sua capacidade de se manter funcional mesmo