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Todos los capítulos de Redenção do Guerreiro: Capítulo 51 - Capítulo 60
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14.1
A manhã começou estranhamente silenciosa, como se o próprio ar hesitasse em se mover. A névoa ainda pairava sobre o campo quando o som de cascos se aproximando rompeu a paz que havia envolvido a cabana por tantos dias. Helena estava no jardim, colhendo algumas ervas para os unguentos, quando ouviu o trotar apressado e ergueu os olhos. Tristan, que cortava lenha mais adiante, imediatamente largou o machado ao ver o cavaleiro surgindo pela trilha.O homem desmontou rapidamente, a armadura marcada pelo tempo e pela urgência. Não era um mensageiro qualquer — trazia nas mãos um pergaminho com o selo vermelho da coroa. Tristan o reconheceu de imediato.— Sir Tristan? — o homem perguntou, ofegante.— Sou eu.Leer más
14.2
A solidão naquela manhã parecia mais cortante do que nunca. O silêncio da cabana, antes acolhedor, agora soava estranho — como se a ausência de Tristan tivesse deixado um vazio impossível de preencher.Helena varria o chão com movimentos automáticos, os olhos perdidos, o pensamento longe. Tentava se distrair, se ocupar, mas tudo parecia mais demorado, mais silencioso... mais errado. O vento balançava as folhas lá fora, e cada estalo entre os galhos fazia seu corpo enrijecer.Ao longo da tarde, ela tentou preparar um novo unguento, mexendo com raízes secas e flores secadas ao sol, mas suas mãos tremiam demais para manter a concentração. Derrubou um frasco, depois outro. Xingou baixo, irritada consigo mesma, e respirou fundo, apoiando-se na mesa. Estava nervosa sem moti
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15.1
O estalar de galhos, o tropel de botas pesadas na lama. Várias. Rápidas. O grito de uma de suas galinhas, seco, cortado no meio. Ela se ergueu num pulo, os olhos arregalados. Correu até a janela e espiou por entre as frestas da madeira.Homens. Armaduras simples, escudos com o brasão do vilarejo. Três... quatro... cinco...Seus pulmões pareciam esquecer como respirar.Ela recuou, trêmula, tropeçando no tapete. Antes que pudesse se mover novamente, a porta foi arrombada com um estrondo que fez a cabana inteira estremecer. A madeira se estilhaçou, batendo contra a parede. Helena gritou, os braços instintivamente cobrindo o rosto.— Helena da Colina Branca — anunciou uma voz autoritária,
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15.2
As rodas da carroça continuaram a ranger, avançando pelas ruas de terra da vila. O som dos cascos batendo no chão parecia ecoar dentro da cabeça de Helena, como marteladas secas e implacáveis. Rowan já não estava mais em seu campo de visão — só restava o vazio no peito, o eco de sua voz sendo calada à força.Ela se encolheu mais uma vez, agarrada às barras da pequena jaula de madeira. O frio não vinha do clima, mas do olhar das pessoas que surgiam nas janelas, nas portas, nos becos. Como sombras silenciosas, eles a seguiam com os olhos, alguns murmurando orações, outros cuspindo ao chão ao vê-la passar.— Feiticeira… — sussurrou uma mulher, agarrando uma criança pelo braço.Leer más
16.1
Duas semanas se passaramO sino da capela tocou alto naquela manhã cinzenta, cortando o ar como uma lâmina. As badaladas ressoavam por toda a vila, chamando o povo para o que já sabiam ser um espetáculo de condenação. As portas da igreja foram abertas com força e, sob o altar erguido no centro da praça, Padre Mathias surgiu envolto em sua batina escura como breu.A multidão se reunia em ondas, sussurrando entre si. Velhos, mulheres com crianças no colo, jovens ansiosos por ver algo que pudessem contar depois. O ar carregava um cheiro de fumaça e ansiedade.No alto do estrado, Mathias ergueu os braços, as mangas longas pendendo como asas de um corvo.— Irmãos e irmãs! &m
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16.2
O céu estava coberto por nuvens espessas quando os sinos começaram a soar. Um som lento, arrastado, fúnebre.Na cela, Helena já estava de pé. A noite fora longa, e o sono, inexistente. Seus olhos estavam fundos, mas havia neles uma luz difícil de explicar — algo entre resistência e fé. Fé em uma única coisa: Tristan.Ela ouviu passos pesados, então vozes se aproximando. A tranca rangeu, e dois soldados entraram. Um segurava correntes, o outro, um olhar vazio.— Está na hora, bruxa — disse um deles, sem emoção.Helena não respondeu. Esticou os pulsos com firmeza, encarando os homens. O clique das algemas ressoou como o som final de uma sentença.
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17.1
Três dias antes…O céu estava tingido de dourado quando Tristan partiu com seu cavalo de volta para casa. A vitória tinha sido dura, seu corpo estava coberto de poeira e cansaço, mas sua mente... sua mente estava em Helena. Era tudo o que queria agora — um banho quente, os braços dela, sua voz doce o recebendo no lar que haviam construído com tanto amor.A estrada de volta era silenciosa, cortando pelos campos já meio secos, quando ele encontrou um grupo de viajantes no caminho. Eram dois homens e uma mulher, rostos fechados, carregando sacos e conversas abafadas. Ao passar por eles, ouviu algo que fez seu coração parar:— …foi levada como bruxa, a fogueira tá pronta. Dizem que amanhã cedo…Leer más
17.2
O sol já começava a se esconder no horizonte quando Tristan deixou os escombros da cabana para trás, montado em seu cavalo como uma sombra viva, o rosto tenso, as mãos firmes nas rédeas. A imagem dos corpos dos animais, o cheiro de fumaça e destruição, o silêncio cortante da ausência de Helena — tudo aquilo queimava dentro dele como brasa na carne.Ele não gritou. Não chorou. Apenas cavalgou.Precisava de homens. Não qualquer homens — precisaria daqueles em quem podia confiar com a própria vida. Homens que lutaram ao seu lado quando ele não era ninguém além de uma lâmina a serviço da guerra. Homens que ainda deviam favores ou, no mínimo, carregavam respeito suficiente por sua fúria para segui-lo sem question
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18.1
Tristan não sentia cansaço. O peso nos ombros não vinha da viagem, nem das batalhas vencidas dias antes. Era outra coisa — algo escuro, denso, pulsando em cada músculo. Ódio. Um ódio que queimava de dentro pra fora, como se quisesse devorar o mundo inteiro.A vila estava diante dele. As casas de pedra, as mesmas que um dia ele protegeu com espada em punho, agora pareciam inimigas. Cada janela fechada, cada porta trancada… cúmplices. Traidores, todos eles. Nenhum tinha levantado a voz. Nenhum tinha impedido. Se ela sangrou, se ela chorou, foi com o silêncio de todos ao redor.Uma sentinela no alto da torre mal teve tempo de tocar o sino antes de uma flecha atravessar sua garganta. O som abafado de seu corpo caindo despertou a vila com o gosto metálico do terror.Leer más
18.2
A multidão rugia como um mar em fúria. Gritos e vaias se erguiam na praça, o cheiro de fumaça já presente no ar. No centro, a estrutura da fogueira se erguia como um altar grotesco — troncos empilhados, trapos embebidos em óleo, cordas apertadas com brutalidade. E ali, amarrada, com os cabelos desgrenhados e a pele suja de terra e sangue seco, estava Helena.Os olhos dela varriam a multidão com um desespero surdo. O coração batia tão alto que era como se o mundo inteiro ouvisse. Mas ninguém ouvia. Ninguém via. Para eles, ela não era Helena. Era um monstro. Uma bruxa. Um espetáculo.O padre Mathias erguia os braços e gritava passagens sagradas, cuspindo condenação entre cada palavra.— Qu
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